Foto que circula na internet |
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Qual é a margem de
erro de uma pesquisa de opinião pública feita quando o velório ainda nem
acabou? Não vou fazer contas – é coisa para os especialistas -, mas todos
sabemos que os fatores emocionais interferem nas respostas dos eleitores. E a
comoção nacional pela morte de Eduardo Campos produziu um efeito instantâneo:
alçou Marina Silva para o segundo lugar nas preferências do eleitorado, com 21%
das intenções de voto.
Então, qual é a
validade da pesquisa? Ora, é um bom método para tomar a temperatura política
num momento específico, em que a memória do acidente ainda está fresca.
Mas nos próximos dias, assim que esse clima de consternação passar (e,
acreditem, passa rápido) a tarefa de Marina Silva começará a ficar difícil,
caso o seu nome venha a ser confirmado pelo PSB, como tudo indica que será.
Vamos começar
pelo óbvio. Marina Silva é problema de Aécio Neves. A correr o risco de não ir
para o segundo turno, o candidato do PSDB vai gastar o seu tempo (inclusive os seus preciosos minutos de
televisão) a atacar a ex-senadora. Aliás, os inomináveis chiens de garde aecistas já começaram a
disparar sobre a adversária, como pudemos acompanhar em textos publicados ontem
nos lugares do costume. É esperar para ver até que ponto a imagem de Marina
Silva resiste.
Outro aspecto importante
é a imagem da candidata. Marina Silva pode ser alternativa para um voto de
protesto, mas não tem estatura para ser presidente de um país tão complexo como
o Brasil. De fato, ela é desprovida de conteúdo e cheia de contradições, fato
que não escapará aos eleitores. Aliás, tenho a intuição de que quando começar a
falar, Marina Silva só tem a perder porque vai revelar as suas fragilidades.
E vai dar munição para os adversários.
Exemplo? Mesmo que
fruto de um acaso, aparecer a sorrir ao lado do caixão de Eduardo Campos é um
azar colossal. A imagem pode atrapalhar as suas pretensões. E vou explicar,
para que fique claro: não acredito que ela estivesse em regozijo, mas a imagem
é um prato feito para os assessores de qualquer dos outros candidatos. Nada os
impede de usar a foto ad nauseum como forma de atacar a sua imagem e
estancar o crescimento da candidatura.
A foto tem uma
história plausível – até já houve uma explicação – e é óbvio que a ex-senadora
não estava feliz. No entanto, há um fato em política: boa parte dos eleitores
não entende a complexidade do cargo de presidente, mas entende a simplicidade
de um sorriso (que parece matreiro) numa foto. Pessoalmente,
lamentaria que ele fosse alijada do processo por causa de uma foto (que ilustra
este texto), mas quem está na chuva é para se queimar...
Marina Silva tem
fragilidades que ganharão evidência quando ela puser a candidatura na rua. Não vamos esquecer que ela é acusada de ser contumaz em roer a corda dos seus parceiros políticos, o que cria uma imagem pouco aceitável. Ou seja, ela pode até dar uma
embolada na disputa, mas com o tempo as suas deficiências irão ficar tão
indisfarçáveis que muita gente ainda vai achar Aécio Neves um candidato
aceitável.
Enfim, essa conversa de reinício do processo eleitoral, como se tudo fosse recomeçar do zero, é apenas o
desejo de alguns. Porque com o andar da carroça as melancias se ajeitam.
É
como diz o velho deitado: “previsões só no final”.
P.S. Este texto foi escrito antes da entrevista de Dilma Rousseff ao JN. Tendo corrido bem ou mal (as opiniões divergem), é provável que a entrevista nada vá alterar nas intenções de voto.
P.S. Este texto foi escrito antes da entrevista de Dilma Rousseff ao JN. Tendo corrido bem ou mal (as opiniões divergem), é provável que a entrevista nada vá alterar nas intenções de voto.