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segunda-feira, 3 de março de 2014

Da Venezuela saudita à cubanização do Estado

POR JORDI CASTAN

A situação dos vizinhos do norte e do sul deveria nos preocupar mais. A América Latina tem esse mau costume de agir em bando, o que se chama seguir a trilha dos elefantes, basta um ir, que sempre há uma maioria que o segue, sem saber muito bem aonde estão indo. Ainda bem que há uns mais espertos que reagem a tempo. Ollanta Humala, no Peru, e Rafael Correa, no Equador, têm preferido manter uma distância prudencial de projetos amalucados e se centrado mais em promover o desenvolvimento dos seus países, sem renunciar a seus princípios. Isso significa o entendimento de que o progresso e o desenvolvimento são mais importantes e que o melhor programa político é um país aberto ao mundo e uma economia dinâmica que permita o crescimento.

Conheci a Venezuela na época dos petrodólares. O país que era chamado de Venezuela Saudita, uma economia controlada pelo estado que tinha sob o governo nacionalista de Carlos Andres Perez nacionalizado tudo o que se mexesse. Foi na década de 70 em que surgiram Maraven, Corpoven, Lagoven, Pequiven, Sidor, Aluven e todas as "ven" do mundo. O estado controlava a maioria da economia e o petróleo era a vaca sagrada da economia, mas há que acrescentar ainda o aço, o alumínio e a energia elétrica, entre outros. A riqueza do país, a sua proximidade com o maior mercado do mundo e a sua posição estratégica faziam da Venezuela um lugar com um futuro promissor. A democracia que sucedeu o ditadura de Perez Jimenez não conseguiu distribuir a riqueza que o país produzia e só conseguiu democratizar a corrupção. A sucessão de governos incompetentes e corruptos dos dois partidos majoritários, o Copei e a Ação Democrática, foram o caldo de cultivo perfeito para o surgimento do amalucado Hugo Chávez e seu discurso bolivariano. Simón Bolivar deve estar se revirando no seu túmulo no Panteon Nacional.

O resultado esta aí. O país esta partido ao meio, a violência diária fazendo da Caracas uma das cidades mais perigosas do mundo, a economia em frangalhos, faltam produtos básicos, o caso do papel higiênico é emblemático, mas tampouco há frango, leite, azeite, farinha de milho, ingrediente básico da dieta venezuelana e as filas para adquirir produtos nos mercados populares controlados pelo governo são também uma constante na vida dos venezuelanos. A cubanização do país é o ultimo ato de uma situação insustentável, serviços básicos como emissão de carteiras de identidade e passaporte são controlados e dirigidos por cubanos, pois o governo não confia nos seus próprios cidadãos.

Sou dos que ainda não acredito que no Brasil uma situação como esta seria impensável, pois não posso imaginar a Policia Federal entregando o serviço de emissão de passaportes para nacionais de outro país, ou as policias civis transferindo os serviços de identificação e emissão de documentos a cubanos. Mas também é verdade que essa possibilidade já me pareceu mais remota. A forma obscura e mentirosa como o governo do PT agiu com relação ao “Mais Médicos” me faz ter cada dia mais dúvidas sobre a transparência e honestidade deste governo.


Voltando à Venezuela. O povo venezuelano tem um passado diferente do brasileiro e as suas conquistas tem sido feitas com sangue e violência. Sua independência se conquistou depois de uma guerra fratricida, que foi além de uma guerra de venezuelanos contra as tropas de metrópole, Simón Bolivar, o herói da sua independência e libertador de mais de metade da América Latina era filho de espanhóis e um rico terra tenente e não tinha nada na sua história que o aproximasse nem remotamente da imagem que o bolivarianismo tem criado dele.



Nicolas Maduro, um ex-motorista de ônibus (nenhuma critica a seu passado, quem teve como presidente a Lula, não deveria poder exercer juízo de valor sobre o passado de nenhum político), não tem o carisma messiânico de Chávez entre as classes populares, que começam a perceber que as melhoras propaladas pelos intermináveis discursos de Chávez não chegam nunca e estão começando a ficar com duvidas sobre o futuro do seu país.


No Brasil não são poucos os que, sem conhecer nem Venezuela, nem Cuba, nem a Coreia do Norte, acham que estes são modelos a seguir. Que o povo é feliz e que esse modelo de socialismo deveria ser implantado no país, como há gente em cargos importantes que acredita piamente nestas bobagens, acho bom começar a estocar papel higiênico, porque não duvido que logo, logo comece a faltar também por estes lados.