POR JORDI CASTAN
Faltam ainda algumas semanas para o recomeço das aulas. Fiquei
pensando, agora que os filhos já estão formados, sobre o que ensinam nas escolas.
Nem quero entrar no tema da Escola sem Partido, sobre o qual a minha abordagem é muito mais
prosaica. O que aprendi na escola? O que aprenderam os meus filhos? E o que poderemos
esperar desta geração que está hoje em idade escolar.
Percebi que na escola não se aprende nem a ter consciência que
se devem pagar impostos, nem como se calculam. Menos ainda o que são e quais são
os impostos, taxas e contribuições que pagamos e como retornam a sociedade. Fiquei
na duvida se teríamos professores para isso e que tipo de formação seria necessária
para poder abordar o tema com conhecimento e isenção.
Tampouco lembrei de ter tido aula de como votar. O que são e como funcionam os partidos
políticos. Achei que os alunos poderiam aproveitar muito uma boa aula sobre a matéria.
Neste ano seria especialmente útil entender como os partidos escolhem os seus
candidatos, porque os bons candidatos têm tão poucas chances de se eleger ou
porque há tão pouca renovação entre os candidatos.
Me faltaram também aulas sobre como escrever ou preparar um
resumo, uma carta ou qualquer coisa relacionada com pedir emprego. E estas coisas teriam sido mais úteis que conhecer a fórmula química do permanganato de potássio
ou do nitrato de amônia.
Em matemática, não vi qualquer aula sobre como fazer e acompanhar
um orçamento doméstico, sobre como calcular o preço real de uma geladeira paga
em 12 meses "sem juros". Fui me dando conta de como teria sido importante que
estes temas formassem parte do currículo escolar.
Acrescentaria ainda aulas sobre todos os temas relacionadas com
o sistema bancário: pagamento de contas, cálculo de empréstimos e serviços oferecidos
pelos bancos. E ainda uma introdução ao cálculo simples dos juros e dos custos
embutidos nas operações básicas que, como cidadãos, estamos obrigados a realizar, nesta
relação quase obrigatória que todos os cidadãos
temos ou teremos um dia com o sistema bancário.
Em lugar de ter aprendido o teorema de Pitágoras, que até agora nunca utilizei no meu quotidiano, teria preferido receber aulas sobre
como sair de um carro em caso de acidente ou como fazer frente às emergências do
dia a dia das pessoas normais. Até aprender como comprar um carro ou uma casa
me parecem temas que deveriam formar parte do currículo escolar de todas as
escolas do Brasil.
Olhando para a diferencia entre o que se ensina hoje nas
escolas e o que deveria se ensinar, temo que vão seguir por mais algumas décadas
penando por desenvolver o país, governados por uma trupe de ignaros que não terão
o menor interesse em que o modelo atual mude.