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quinta-feira, 23 de maio de 2013

134 reais no dos outros é refresco

Um grande preconceito, um péssimo design
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
“Nunca dar o peixe, mas ensinar a pescar”. Tenho uma birra com essa frase, porque é o slogan de uma direita ignara, que a repete ad nauseam e sem qualquer pudor. Mas fazia muito tempo que não lia ou ouvia essa expressão com tanta frequência como nos últimos dias, desde que rolou o boato sobre o fim do Bolsa Família.

É uma frase com poderes mágicos para os caras da direita. Para começar, porque ficam com a sensação de estarem a dizer algo inteligente. Também é um álibi para os que rejeitam a solidariedade com os mais fracos. E, por fim, porque é um discurso pret-a-porter para atacar as ações sociais do governo, como no caso do Bolsa Família.

A frase feita é a muleta de uma direita que se recusa a pensar. Os processos ideológicos (segundo Marx, ideologia é falsificação) assentam na poupança de neurônios e numa fraseologia específica. A frase feita ajuda a explicar o mundo de maneira simplória, com base em “verdades irrefutáveis” que dispensam qualquer comprovação. Está dito, está dito... não se questiona.

Mas o que os caras realmente querem dizer com “não dar o peixe”? Ora, é evidente: os beneficiários do Bolsa Família são todos uns vagabundos que não querem trabalhar e preferem viver às custas dos impostos da gente de bem. Ah... essa fortuna de 134 reais é mesmo capaz de fazer uma pessoa não querer progredir na vida. No dos outros é refresco...

Estigmatizar a pobreza, lançando sobre ela o anátema da vagabundagem, mostra o quanto a direita brasileira é atrasada. Tão atrasada que defende ideias do século 18, como podemos ver no “Traité de la Police”, de Nicolas Delamare, onde se propunha a “vigilância dos indivíduos perigosos, caça aos vagabundos e eventualmente aos mendigos, perseguição dos criminosos”. Muito moderno.

“Ensinar a pescar”? Até dava para levar a sério se o conselho não viesse de pessoas que recusam qualquer ensinamento. Um reaça é o cara tem a oportunidade de aprender e não aprende. Porque se aprendesse deixava de ser reaça. É o tipo de gente que tem as portas das oportunidades abertas, mas prefere viver na anorexia intelectual. E depois quer criminalizar pessoas que, nem de longe, têm as mesmas oportunidades.


A direita é iletrada. A direita é preconceituosa. A direita é atrasada. A direita espalha intolerância e ignorância pelas redes sociais (viram a foto no começo do texto?). E a direita tem representantes nos maiores meios de comunicação do país. É o caso da mocinha do vídeo, uma representante típica dos reaças nacionais: gente que é fraca com os fortes, mas gosta de ser forte com os fracos.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

134 reais

Fonte. Clainete dos Santos, gaúcha, recebe o bolsa família.

POR  FERNANDA M. POMPERMAIER

Me envolvi ontem numa discussão desnecessária sobre a possibilidade de o Bolsa Família ter se tornado um "câncer" na sociedade brasileira por incentivar o conformismo e a preguiça. Existem realmente pessoas que acreditam que R$134,00 mensais por família, podem fazer com que as pessoas prefiram não trabalhar ou estudar e fiquem em casa sendo sustentadas pelos nossos impostos.

Eu disse que a discussão foi desnecessária porque nós não chegamos a lugar algum. O outro lado estava convencido demais. Existe um movimento da mídia nacional que deseja colocar a classe média (ou os não beneficiários) contra os beneficiários do programa. Chego a acreditar que essa possa ser a intenção da direita que considera que o voto dos beneficiários eles já não ganhariam, então vamos arrematar os de todos que não recebem colocando-os contra o governo e os pobres, ao mesmo tempo.
Pode ser apenas uma ilusão minha.

Vi um vídeo compartilhado em redes sociais, acompanhado do aplauso de muitos reacionários, no qual Raquel Sherazade no SBT fala sobre o velho "não dar o peixe, mas ensinar a pescar". Ela se referia ao recente boato de que o bolsa família estaria para acabar, o que fez com que milhares de pessoas corressem aos bancos e sacassem seus benefícios. A presidenta se referiu ao boato como maldoso e disse que o dinheiro do programa é sagrado. Eu nem sempre concordo com a Dilma, mas nesse caso a admirei.
Sinceramente, considerar que uma família consiga viver, no Brasil, com 134 reais mensais é desumano. Como viveria uma família nessas condições?

Li recentemente que o salário mínimo no Brasil deveria ser de 2 mil reais considerando o custo de vida. Eu não acredito que uma família consiga viver com o mínimo de dignidade recebendo apenas 2 mil reais por mês. E sinceramente, se existem pessoas que se contentam com esse valor e não buscam algo mais significa que temos problemas ainda mais sérios. Problemas com os empregos formais, com os salários, com a educação, com a profissionalização e muito outros. E são esses problemas que a população (e a mídia) deveria atacar. Seja a classe média, baixa, alta, ou sei lá que casta, se é que essa divisão faz sentido.
Desejar a profissionalização dos beneficiários é uma coisa, atacar o programa como se ele fosse o culpado das mazelas é outra completamente diferente.
O programa é necessário e não cabe à nós julgar os motivos pelos quais uma pessoa chega ao ponto de usá-lo. Se ela não teve oportunidades, se é mãe solteira, se teve muitos filhos, se é órfão, está desmpregado, acabou de se separar... todos podemos passar por situações de dificuldades e um governo decente precisa oferecer esse auxílio emergencial aos seus cidadãos.
Álias, de acordo com o MDS 93% dos beneficiários são mulheres. 70%  trabalham mas não conseguem viver com a sua renda.

Achar que o governo oferece apenas o programa para por comida na mesa ou para ganhar votos e nada mais é uma idiotice e uma inverdade. Existem inúmeros programas educacionais associados e só o fato de ter baixado os índices de evasão escolar já são um mérito.

É lógico que o governo precisa fazer muito mais do que faz hoje com relação à educação. Certeza.
Mas se revoltar com essa merreca que é dada para milhões de pessoas que passavam fome, num país ainda com 14% de miseráveis (segundo a ONU) é maldade pura. Seria melhor que esse dinheiro tivesse ido parar nas contas do Maluf? Ou talvez na construção de algum estádio?  Melhor, podíamos usar para pagar os altos salários dos políticos que muito o merecem pelas expressivas contruibuições à nossa sociedade, (not).

Faça o teste. Olhe nos olhos das pessoas que recebem  o benefício e pense se realmente você considera que o programa deveria ser extinto: Fotos dos beneficiários.

PS.: Em tempos, o auxílio social na Suécia é de 8 mil coroas, aproximadamente 3500 reais e eles ainda pagam o aluguel do beneficiário. A maioria dos países que se prezam tem programas sociais. Isso é uma questão respeito ao ser humano.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Lula, o presidente papa-títulos


POR GUILHERME GASSENFERTH

Lendo alguns comentários do texto de ontem do Baço (Os licenciadozinhos contra o doutor Lula) resolvi parar tudo o que estava fazendo e escrever esta resposta. É difícil aos conservadores e obtusos compreender a diferença entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento da vida. E principalmente aceitar que o segundo é tão importante quanto o primeiro.

Ninguém é obrigado a gostar do Lula. Pode criticá-lo, pode fazer campanha para o adversário contrário (como eu fiz para o José Serra agora nas eleições de 2010), pode questionar vários atos de seu governo. Eu mesmo cansei das bobagens que o homem dizia, do apoio aos desvairados do Chavez e Moralez e à frouxidão com o Irã, dos casos de denúncias de corrupção no seio do governo, da falta de julgamento do mensalão, enfim, de tantos aspectos negativos da biografia política deste tão ilustre metalúrgico. Mas, brasileiro ou estrangeiro, petista ou tucano, doutor ou analfabeto, NINGUÉM pode tirar da biografia deste homem a ENORME contribuição que ele deu para o desenvolvimento do Brasil.

Bolsa Família não é ideia dele, mas foi o seu governo que levou dignidade e comida a milhões de brasileiros que até então viviam na extrema miséria. O Lula é considerado uma unanimidade em combate à pobreza no exterior. Ninguém no mundo inteiro fala em combate à pobreza sem mencionar Lula, Bolsa Família, Fome Zero. Gostem ou não, é assim. Já li um livro estrangeiro escrito por um Nobel da Paz que traz este tema como referência no assunto.

A economia do Brasil floresceu com a gestão Lula-Mantega. A política econômica desenvolvimentista aliada ao vertiginoso crescimento da classe média brasileira (graças a, inclusive, Bolsa Família) fez o Brasil passar a player da economia global e suportar a crise de 2008-2009, que realmente foi apenas uma marolinha.

Quero lembrar a todos que o título de doutor honoris causa é dado a pessoas eminentes que, independente de qualquer diploma, apresentaram grande contribuição a causas humanitárias ou à promoção da paz, por ações que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Lula é, sem dúvida, um honoris causa na paz e no combate à pobreza.

Ele teve a decência de não aceitar ser condecorado como doutor honoris causa enquanto esteve no seu mandato, mas já tem este título por nove universidades brasileiras, pela renomada Universidade de Coimbra e é o primeiro latino-americano a receber o título pela prestigiada Fundação Sciences-Po, na França, que desde 1871 só o concedeu a 17 personalidades. Nunca antes na história da América Latina...

Lula também é Estadista Global do Fórum Econômico Mundial; Campeão Mundial na Luta Contra a Fome da ONU; Prêmio pela Paz Felix Houphouët-Boigny da UNESCO; medalhas, condecorações, títulos honoríficos e reconhecimentos em diversos países pelos cinco continentes.

Não me parece que a ONU, UNESCO ou Fórum Econômico Mundial tenham o hábito de bajular pessoas, muito menos brasileiras.

Aceitem ou não, podem chamá-lo de doutor honoris causa multiplex Lula. Título concedido a poucos brasileiros. Considerando que ele nasceu numa família paupérrima, veio de pau de arara, e mesmo sem estudar conseguiu alcançar tantas realizações, o mérito é ainda maior. E recomendo a quem não gostou que se cuide, pois a inveja pode lhe causar problemas no sistema digestivo.

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”, disse Aristóteles.

Vida longa ao Doutor Lula! Ele merece! Ele merece!