segunda-feira, 19 de junho de 2023

BRICS: o lado bom e o lado perigoso

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Há uma nova configuração geopolítica a ser formada. A lógica de uma potência hegemônica, no caso os Estados Unidos, está a ser posta em xeque com o crescimento da China. No caso do Brasil, a integração nos BRICS aponta o caminho para um novo rumo de integração econômica. Até aí tudo bem.

Se a aliança dos BRICS é boa na economia, não é possível dizer o mesmo no plano da política. O Brasil é um país que procura a consolidação de democracia, depois de se safar das atrocidades bolsonaristas, e os integrantes do BRICS não são países muito focados no respeito pelas liberdades individuais.

- A Rússia tem muitas restrições no que toca às liberdades civis, incluindo limitações à liberdade de expressão, imprensa e manifestação. Há restrições à atividade política e uma tendência de supressão da dissidência. Tudo isso sem falar que Putin decidiu invadir a Ucrânia.

- A Índia, que vinha mantendo uma democracia vibrante e uma imprensa livre, nos últimos anos tem enfrentado restrições à liberdade de expressão, especialmente em relação a críticas ao governo. Tudo isso sem falar em  questões de intolerância religiosa e censura online.

- A China tem um sistema político autoritário, com restrições significativas no plano das liberdades civis. Há censura estrita na mídia e na internet, controle sobre organizações da sociedade civil e violações dos direitos humanos em áreas como o Tibet e Xinjiang. Tudo isso sem falar nos pesadelos de Hong Kong e Macau.

- A África do Sul tem uma constituição progressista, que protege as liberdades civis. No entanto, o país enfrenta desafios, como altos níveis de criminalidade e desigualdades sociais. Na economia, os problemas no plano energético atrasam o desenvolvimento. O governo de Matamela Ramaphosa não tem conseguido oferecer respostas, apesar do respeito pelo presidente.

Isso quer dizer que o Brasil tem dividendos a tirar no plano econômico, mas é preciso ter muito cuidado no que se relaciona às questões da política. O fato é que o país está em péssimas companhias, sobretudo China, Índia e Rússia, quando o tema é a democracia. Não quer dizer que o contágio político seja uma coisa linear, mas pode causar dissensões no futuro.








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