terça-feira, 2 de outubro de 2018

Acordaremos dia 8 com um Brasil rachado


POR JORDI CASTAN
Já escrevi aqui sobre o risco da polarização, dos extremismos, e da ruptura social que representa. Era previsível que a teoria do pêndulo fizesse oscilar o eleitor pós-ditadura, na direção de opções de esquerda, do mesmo jeito que agora é completamente previsível que depois de décadas de governos de esquerda o eleitor opte por votar em candidatos de direita. O problema reside na falta de opções. Não há opções reais de direita. Assim o eleitor fica dividido entre um ex-militar reformado com um discurso confuso e retrógrado e um bando de extremistas de esquerda cujo líder está preso por corrupção, condenado em segunda instância.

O quadro é desesperador. Para agravar ainda mais, Fernando Haddad diz que não quer repassar os erros de todos os envolvidos (em seu partido e nos governos de que formo parte) porque são muitos. Eu gostaria que os repassasse, que os expusesse e que não precisasse buscar conselho e apoio com um presidiário.

Não escondo que minha opção política será o partido NOVO, o único que apresenta até agora uma alternativa real a termos mais do mesmo. E entenda-se “mais do mesmo” como a institucionalização da corrupção, a roubalheira e a união mancomunada de todos os partidos, ou da sua imensa maioria, em torno de um projeto de poder, de aparelhamento do estado e da preservação de privilégios e sinecuras infinitas e insustentáveis.

No dia 7 de outubro não votarei no 17, até porque no atual quadro político não acredito que nenhum candidato possa ganhar no primeiro turno e não entrarei no jogo fácil de deixar de votar no candidato que defende as propostas e programas em que acredito, para votar em outro que representa um salto no escuro.

O que facilita a escolha no segundo turno é que tudo se encaminha a colocar o eleitor frente o dilema de votar no conhecido ou no desconhecido. E, neste caso, pesa muito o que já sabemos. Assusta o rancor, a falta de autocrítica, a incapacidade manifesta de reconhecer os erros e querer corrigi-los. Sem reconhecimento da culpa o PT e os partidos que orbitam no seu entorno, querem converter esta eleição num plebiscito que legitime suas roubalheiras, seus desmandos, seus abusos.

O retorno do PT e do que ele representa ao poder, seria a volta ao atraso, mais troglodítico. Seria realinhar o Brasil a Maduros, Evos, Kims, Castros, Obiangs e outros líderes totalitários, dos que qualquer país ou pessoa decente deveria manter prudente distância.
O resultado das urnas permitirá que o eleitor tenha tempo para refletir. Um tempo para pensar no Brasil que queremos. Hoje dois pontos chamam a atenção. O país está rachado entre os que estão a favor e os que estão contra um mito. A eleição converteu-se num plebiscito para escolher qual dos dois mitos vencerá. Não há como entender a furibunda dedicação de essa parcela do eleitorado, que destina mais tempo a ser contra um candidato, que a defender e divulgar as propostas do seu próprio candidato.

O resultado das urnas determinará se são mais os milhões que votaram em Ali Babá e a sua corja de ladrões ou os que acreditaram num mito. O eleitor foi jogado num beco sem saída. Se ganhar um será a legitimação da corrupção e a veneração da máxima que diz que “o fim justifica os meios” e que mesmo condenados e reconhecendo seus crimes merecem ser votados e voltar ao poder. Se ganhar o outro estaremos apoiando a volta da direita mais radical, a que flerta com o extremismo e o totalitarismo, e que se apresenta como não sendo corrupto. O drama é que as duas únicas alternativas possíveis sejam estas.

E tudo isso sem falar nas opções para os legislativos. Porque seja quem seja quem seja eleito terá que negociar com Assembleias, Congresso e Senado. Haja estômago. s

8 comentários:

  1. No dia 7, votarei no 17 porque acredito que o candidato de direita possa vencer no primeiro turno, a depender do número de nulos e brancos.

    É um erro associar o candidato da direita ao extremo. Não acho que represente o totalitarismo, mas o conservadorismo. Já disse e repito: a extrema direita só existe em democracias bem consolidadas, não é o caso da brasileira. Por outro lado, a democracia brasileira e o tecido social já não aguenta mais a incapacidade da justiça aplicar as leis, dada as incongruências do nosso pobre legislativo, e peso excessivo do Estado nos governos de esquerda. O país precisa de um executivo forte, que bote pressão no legislativo, e isso só ocorrerá com uma vitória considerável nas urnas, por isso prefiro o voto útil ao candidato da direita.

    ResponderExcluir
  2. Vou de Bolsonaro 17, acho que vai levar no primeiro turno!!!

    ResponderExcluir
  3. Um candidato tem 32%, a soma dos outros (21% + 11% + 9% + 8%) dá 49% e alguém ainda fala em ganhar no primeiro turno. Realmente, merecem seu candidato, nem fazer contas sabem. Precisa de 50% dos votos válidos mais 1, portanto o candidato mais votado precisa ter 1 voto a mais que a soma de todos os outros candidatos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. 50% dos votos válidos, ou seja, exceto brancos e nulos. Nesse sentido, se o candidato conseguir algo como 38-40% dos votos (e isto veremos na eleição - se não for fraldada pelas tais urnas eletrônicas que não podem ser auditadas), ele pode chegar ao índice necessário para a vitória já no primeiro turno.
      Quem está desinformado é você.

      Excluir
    2. 40 a 42% dos votos válidos, mais indecisos mais votos úteis, é um pouco difícil, mas possível.

      Excluir
    3. Gostei da ideia das urnas "fraldadas" é uma figura de linguagem bonita. Deve ser para evitar que as urnas façam "M34D4"

      Excluir
    4. Fraldadas combina mais com o Coiso. Afinal o que há nelas?

      Excluir
  4. Discutir com eleitor do Coiso é inútil. Uma hora eu aprendo.

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem