sábado, 12 de agosto de 2017

Burrice fenomenal ou traição nacional?

POR DOMINGOS MIRANDA
Se um ET descesse no Brasil e pedisse para entrar em contato com o nosso maior cientista não conseguiria. Simplesmente porque ele está preso e ficará atrás das grades até seus dias finais. Espantoso, mas é assim que as coisas funcionam na terra onde alguns imaginam ser mais espertos que os outros.

O almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, responsável pelo desenvolvimento de uma tecnologia 100% nacional de enriquecimento de urânio pelo método de ultracentrifugação, foi condenado a 43 anos de prisão pelo crime de corrupção durante as obras da usina nuclear Angra 3. O processo, cheio de falhas, como demonstrou o jornalista Luiz Nassif, foi conduzido pelo juiz da Lava Jato que tem notórias ligações com os serviços de informações dos EUA.

Em 1978, o almirante Othon recebeu a incumbência de iniciar os estudos para construir o primeiro submarino nuclear brasileiro e de 1979 a 1994 liderou o Programa Nuclear Paralelo, executado sigilosamente pela Marinha. Como acontece em casos semelhantes em outros países, muitas das aquisições não passam pela contabilidade oficial. Por isso soa estranho o nosso cientista ser condenado por corrupção sendo que, caso se interessasse em trabalhar no exterior, seus ganhos econômicos seriam fantásticos.

Ao fazermos a comparação com o tratamento dado pelas grandes potências a outros cientistas, veremos uma enorme disparidade com o que acontece no Brasil. O famoso cientista alemão Werner von Braun, inventor da bomba voadora V2, na Segunda Guerra Mundial, foi levado para os EUA e encarregado do nascente programa espacial americano. Von Braun era oficial da sanguinária corporação militar SS e nos seus trabalhos de pesquisa usou mão-de-obra escrava. No final da vida virou herói nacional por levar o primeiro homem à lua.

Um outro cientista alemão, Manfred von Ardenne, condecorado duas vezes pelo regime nazista,  foi capturado pelas tropas da União Soviética após a derrota do 3º Reich e conseguiu desenvolver a primeira bomba atômica naquele país comunista. Ele continuou na URSS e na Alemanha Oriental aperfeiçoando seus inventos, inclusive na área de saúde, e em 1953 recebeu o Prêmio Stalin. Portanto, em menos de uma década foi premiado por regimes políticos de características totalmente antípodas. Falou mais alto o seu conhecimento.

Um pesquisador europeu comentou que o brasileiro é um povo infantil. Uma das características da criança é ser bastante susceptível à fantasia. E, no momento, estamos acreditando que não há interesses de forças externas em inviabilizar o nosso programa nuclear para defesa. No caso dos responsáveis por trancafiar o nosso maior cientista, há duas hipóteses. Uma é o desconhecimento das forças que regem a geopolítica internacional e aí poderíamos dizer que cometem uma burrice fenomenal. No outro caso seria estarem agindo em sintonia com os interesses estrangeiros, o que caracterizaria, indubitavelmente,  um crime de lesa-pátria.

Aos brasileiros patriotas interessa a verdade. Só não podemos ficar de braços cruzados esperando o desenrolar dos fatos. Queremos o almirante Othon Pinheiro solto, como aconteceu com outros envolvidos na Lava Jato. O lugar dele é no laboratório desenvolvendo tecnologias que podem representar a independência brasileira na energia nuclear.

15 comentários:

  1. Sim! Vivemos num país que prende um cientista corrupto e deixa livre um ex-presidente corrupto, igualmente condenado.

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    1. No caso do Lula o juiz não apresentou prova para condená-lo.

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    2. "Um pesquisador europeu comentou que o brasileiro é um povo infantil." (Domingos Miranda)

      "No caso do Lula o juiz não apresentou prova para condená-lo." (Domingos Miranda)

      Você demonstrando na prática, o comentário do tal pesquisador heim, Miranda! Muito Bem! KKKK

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  2. "Um pesquisador europeu comentou que o brasileiro é um povo infantil."

    Domingos Miranda,... esse pesquisador te conhece bem!

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    1. O pesquisador chegou a esta conclusão baseado no que você escreve.

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    2. O pesquisador chegou a esta conclusão baseado no que você escreve.

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  3. Para que fique claro, ele foi condenado por Bretas e não por Moro.
    A condenação foi propina em obra e não tem nada a ver com a tecnologia desenvolvida, uma pena.

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    1. Anderson, por que razão os condenados que desviaram muito mais dinheiro que o Othon Pinheiro já estão cumprindo a pena em casa?

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    2. Teria que avaliar Domingos, não conheço o caso é nem sei a quem se refere que já está condenado e solto, mas pelo que li este militar se recusa a aceitar a condenação portanto não fez qualquer tipo de acordo que pudesse reduzir a pena.
      Anderson Titz

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  4. A contabilidade extra oficial foi para o bolso do almirante. Quanta imaginação do cronista. Será que não leu a peça acusatória, nem viu as provas anexadas. Acredito que sim, apenas é mais um idiota que imagina que os leitores assim o são.

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    1. Leia o artigo do Luiz Nassif (Blog do Nassif), que eu cito no artigo, e verá que a peça acusatória tem muitas falhas.

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  5. Realmente considero preocupante essa questão do Vice Almirante Othon. Infelizmente não tive tempo de pesquisar exatamente por que foi condenado. Mas ultimamente não confio tanto assim na justiça brasileira. Vou aguardar a segunda instância pra ver o que acontece.

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    1. O Programa Nuclear da Marinha era secreto, por isso nem todo o dinheiro passava pela contabilidade oficial. Veja o exemplo do Caso Irã-Contras. Os EUA estavam proibidos de ajudar os terroristas chamados "Contras" que atuavam na Nicarágua sandinista. Para conseguir o dinheiro de forma camuflada venderam armas para o seu principal inimigo, o Irã, do aiatolá Khomeini. Portanto, quando as coisas são secretas, não se pode confiar na contabilidade oficial.

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    2. Não é questão de confiar na contabilidade oficial ou não, estamos falando de propina, ou seja, me dá isso que te dou aquilo.
      Programas secretos são contabilizamos porém sem especificar detalhes.
      Anderson Titz

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    3. Anderson, você está vendo a árvore e não está enxergando a floresta. Existe muito mais coisas entre o céu e a terra do que pensa a nossa vã filosofia, disse alguém com muita razão.

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