sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Eu, ele e o radinho

POR YAN PEDRO
É comum, entre uma vitória em casa e uma derrota fora (como virou costume nesta Série C), me pegar pensando nas chances que o Joinville teve para evitar este inferno pelo qual estamos passando. Parece coisa de louco ficar remoendo o passado, mas, para mim, é inevitável.

Da surreal noite na qual Jael perdeu dois pênaltis, passando pela derrota improvável do Náutico para o Oeste, o dia que mais me marcou no rebaixamento do JEC em 2016 foi 8 de outubro de 2016, quando percebi que a queda estava praticamente decretada.


O personagem desta foto é desconhecido. Eu não o conheço, sequer vi seu rosto pra registrar o momento. Mas, mesmo assim, sei bem o que ele passou na tarde daquele sábado, e por que ficou ali - parado, incrédulo, colado ao radinho - por mais de cinco minutos depois do apito final.

O rádio, companheiro de quando não havia TV e os holofotes de série A e B, contava o que ele custava acreditar: o Joinville - embora ainda não matematicamente - estava rebaixado para o inferno da terceira divisão.

O que ele poderia pensar naquele momento? Na dificuldade em subir para a Série B, lá em 2011? Na alegria de 2014, quando subimos como campeões para a primeira divisão? Ou na euforia de 2015, que deu lugar a frustração logo no primeiro semestre, com a perda traumática do título catarinense? 

Quando o vi se levantar e ir embora cabisbaixo, um nó envergonhado se formou na minha garganta. Por sorte, ou talvez por já estar mais conformado, consegui segurar as lágrimas. Mas sabia que, a partir daquele 0 a 0 em casa com o Paysandu, o JEC era um paciente em estado terminal, à espera de os aparelhos serem desligados.

Sim, até houve uma breve melhora, mas somente aquela breve e enganadora antes de, finalmente, dar adeus e voltar para o inferno da Série C, da qual não temos certeza de que conseguiremos escapar este ano.






Yan Pedro é jornalista,
cronista esportivo
e torcedor do JEC

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