terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Eu, consumidor

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Na semana passada rolou uma coisa esquisita. Recebi algumas mensagens de pessoas que me acusavam de estar a ser inconveniente. Tudo porque achei que devia ser bem tratado no comércio local. Que ousadia a minha. Tem gente achando que devo ficar caladinho quando sou destratado? Essa estúpida inversão de valores causou alguma azia e por isso volto ao tema.
Ora, leitor e leitora, é o oposto. Não é o estabelecimento comercial que faz o favor de me servir. É uma relação comercial. Uma empresa oferece um serviço e o consumidor paga por ele. Isso implica tratar bem o consumidor e respeitar os seus direitos (porque eles existem). É assim em civilização. Quem não se antenou está com um atraso histórico de pelo menos meio século. Na sociedade de consumo, a palavra é do consumidor.
Para repor os fatos históricos, resgato aqui o discurso do presidente norte-americano John Kennedy, feito no dia 15 de março de 1962, quando finalmente foi reconhecida formalmente a figura do consumidor e a sua importância para a economia. Foi esse discurso que abriu caminho para legislações específicas que vigoram em todas as economias de mercado.
Eis parte do discurso do presidente dos Estados Unidos: “Por definição, o termo consumidor inclui a todos nós. Eles são o maior grupo econômico, que afeta e é afetado por quase todas as decisões econômicas públicas e privadas. No entanto, é o único grupo importante cujos pontos de vista muitas vezes não são ouvidas”. A partir daí, o consumidor passou a ter voz e garantias. Quem não ouviu ficou no passado.
Qualquer empresário - seja do comércio, da indústria ou de serviços - sabe que o seu maior valor é a marca. E a construção dessa marca exige que o consumidor seja tratado com respeito. Não é favor nenhum. É uma obrigação. Por mais que um empresário ache que o seu negócio vai bem e tem margem para descurar o serviço prestado ao consumidor, uma hora ele vai pagar esse preço. É a economia.

Uma informação importante. Na Europa, em muitos países os bares e restaurantes têm uma coisa chamada “Livro de Reclamações” (foto), onde os clientes podem registrar as suas queixas. Há três vias. Uma fica com o cliente, a segunda no próprio livro e a outra deve ser obrigatoriamente enviada à entidade pública responsável pelo setor. Os comerciantes temem tanto as reclamações que fazem de tudo para evitar o recurso ao livro. Ou seja, atendem bem.
Mas tem gente defendendo a ideia de que é normal o consumidor ser mal-tratado. Ou afirmar que quem não está bem que se mude. Ou dizer que é o consumidor que deve se adaptar à lógica do comerciante. Ora, o texto da semana passada falava de uma certa “patologia da normalidade”. Infelizmente, essa normalidade impõe uma mentalidade terceiro-mundista, como podemos ver em alguns comentários ao texto da semana passada.

O tais leitores podem achar normal, mas eu não gosto de sair de um bar pela porta dos fundos e sem qualquer explicação. Mas isso sou eu...

21 comentários:

  1. Sei. Se sentiu destratado porque a birosca onde você consumia tinha de fechar as portas altas horas da noite para abrir cedo na manhã do dia seguinte, por isso sinalizou gentilmente que os consumidores fechassem suas contas e fossem embora. Para se sentir respeitado pretendia que o dono da birosca ficasse aguardando a madrugada inteira vocês jogarem fora papo furando, enquanto ele tinha que acordar as 7:00 h e vocês as 11:00 h.

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    1. Eu também acordo às 7h00. É que começo a beber cedo...

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  2. Óin, que dó do Baço. Tadinho, está sendo maltratado. Um jornalista que ama a Venezuela e quer ser bem tratado? Como pode isso? A melhor reclamação é não frequentar mais o estabelecimento. Viva a concorrência! Aliás, já está pronto o artigo sobre a Venezuela? Ou vai continuar a se calar.

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    1. Escuta lá, ó palhaço. Onde já me viste a defender a Venezuela?

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    2. O cara de pudim, se não gosta da Venezuela, do Chávez, do Maduro, então, faça um artigo repudiando o regime venezuelano. Vamos lá, eu estou esperando desde o ano passado já. Eu tenho a impressão que você ama, saboreia tudo o que vem do projeto bolivariano, mostre a mim e aos demais leitores que estamos errados a seu respeito. Vai fazer ou vai pipocar?

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  3. Desculpe, não pretendo ser desrespeitoso com você, mas pelo que pude perceber, diante da falta de uma outra alternativa, ou pelo menos uma que satisfizesse suas vontades pessoais, você passou a falar mal de forma generalizada de Joinville e do povo que lá vive e seus costumes.
    Quanto a isto não posso concordar com você.
    Você pode até começar a beber cedo, mas não precisa exigir que o estabelecimento feche tarde, já que pelo visto termina de beber tarde também.
    Sugiro que antes de entrar em um bar ou outro local, considerando que você é notívago, pergunte a que horas fecham as portas, seguindo para outro se necessário for.
    Achei muita tempestade para pouca água, visto que assim como você tem seu próprio horário de trabalho, entendo que o proprietário do estabelecimento tem o direito de fazer o horário dele e de seus funcionários também.
    Se te trataram mal, se foi mal atendido, ai é outra coisa, mas se o problema foi somente o horário, é uma questão administrativa, e que muito provavelmente leva em consideração custo/benefício.

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    1. Não, Anônimo. Eu não generalizei. Por acaso tenho sido muito bem atendido em outros lugares onde vou. Mas isso é normal e apenas cumpre a lógica do comércio. Quanto ao local em questão (nunca disse o nome), eu ainda estava a comer quando eles começaram a levantar as cadeiras. Se o responsável do lugar viesse falar comigo para explicar que o bar ia fechar (eu sabia que fechava cedo e estava preparado para sair logo), nem teria problema. Mas não foi o que aconteceu. Foi deselegante e típico de quem vive no século passado. Ah... e ao contrário do que dizes, não sou notívago. Acordo todos os dias às 6 da matina, mesmo nas férias.

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  4. Baço, é difícil escrever para um público onde uma grande parcela nunca saiu dos limites da "villa" e nem viaja na leitura...Infelizmente é a realidade.

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    1. Fato, o mundo prá muita gente da vila acaba em Araquarí e inicia em Garuva....

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  5. Cara, não te entendo... você diz que o "estabelecimento te oferece um serviço" e este serviço é prestado em determinado horário... e você se sente ofendido por isso?
    Está querendo dizer que todos os estabelecimentos precisam seguir o mesmo padrão?
    Logo você que é contra a padronização?
    Teu negócio é moda, e estar na moda é ser igual a todo mundo.
    Tem que ter o diferente, se não não existe concorrência.
    Decida-se
    É realmente fica difícil te entender
    vou me recolher a minha insignificância.

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    1. Eu não questiono horários, questiono métodos. Não seria mais fácil alguém vir falar comigo e explicar? Os caras podiam até levantar as cadeiras enquanto eu comia e eu era até capaz de "aceitar". Mas quando fazem isso sem demonstrar o menor respeito pelo consumidor fica difícil. Será que me fiz entender?

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  6. Morei 3 anos em Dublin e lá os pubs fecham as 23:00 h, quiçá 00:00. Idem para os pubs ingleses.

    Marcos

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    1. Dublin é legal. Pubs são legais. Mas não estou a falar de horários de fechamento. Estou a falar de respeito pelo consumidor...

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  7. Baço, faça um favor a todos e não venha a Joinville. Se vier, vá a outro lugar e não ocupe este espaço com baboseiras. Queria tapete vermelho e fanfarra para atender o "intelectual". Se enxerga cara.

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    1. Tapete vermelho e fanfarra era legal. Gostei da ideia. Consegues providenciar nas próximas férias?

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  8. Muito bom, agora ficou mais evidente sua indignação (o anônimo).
    Obrigado pela paciência!

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  9. Baço,podes ver que o método que vem se arrastando desde 1851 perdura e tem seus discípulos e adoradores medrosos, do respeito aos "chefes" e dominantes, negociantes que são sempre contra o governo, mas enriquecem as custas deste,com seus contratos super aditivados. Viva a SUBMISSÃO, "Submissoville".
    Carlos Roberto - karlosr_silva@yahoo.com.br

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  10. Eu sou de Joinville e moro aqui. Mas eu não consigo entender estes joinvilenses, as pessoas são mal-tratadas e pagam caríssimo em restaurantes e clubes noturnos e mesmo assim as pessoas tem medo de reclamar e exigir um atendimento melhor.
    É a política do joinvilense... aceitar tudo meia-boca.... ônibus meia-boca, Arena meia-boca, Centro-Eventos meia-boca, asfalto meia-boca, hospital meia-boca, escola meia-boca, salário meia-boca, emprego meia-boca... joinvilense sofre porque quer...

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    1. Falou tudo...

      Quem passa um tempo fora de Joinville e depois volta, nota a diferença no atendimento (mau) aqui da cidade.

      Mas já foi pior. Nos últimos 10 anos a coisa melhorou...ainda não está às mil maravilhas, mas deu uma profissionalizada.

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    2. Sou Joinvillense, não acho que melhorou !!! teve uma melhora por um certo tempo no inicio dos anos 2000 !! agora voltamos a mesma M de sempre !!!
      A classe média Joinvillense já sabe , se quer algo a mais pega a BR , vai a BC, FLOP e CWB !!!
      Restaurantes são fracos, cultura pífia , comércio decadente , lojas fecham em shopping , e assim por diante...

      Joinville cidade operária do interior !!!

      du grego

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  11. O prato mais pedido nestes estabelecimentos e pelo jeito o preferido dos "anônimos" é a famosíssima COXINHA PROVENÇAL. Ô POVINHO DE M%&#@, vão viajar! Acham que tudo aqui é maior! Dos problemas às maravilhas...Não sabem o que é balada boa, não sabem o que é trânsito caótico, não sabem o que é diversidade de opções gastronômicas, não sabem o que é empresariado engajado, não sabem o que é moda...POVINHO!

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