O desmonte do Brasil se dá em todos os setores: na economia, na política, no judiciário, na educação, na saúde e na cultura. O cinema é um dos mais poderosos meios de conscientização dos povos, por isso os ditadores sempre tentaram manietá-lo. O Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade de suas películas e o Cinema Novo se tornou referência mundial. Filmes como "O Pagador de Promessas", "Central do Brasil" e "Cidade de Deus" são críticas ácidas, mas também emotivas, à nossa desigualdade social.
Pois bem, a última afronta ao povo brasileiro praticada pelo nosso usurpador mor do poder aconteceu em agosto, quando Temer vetou a prorrogação da Lei do Audiovisual, que se encerra dia 31 de dezembro de 2017. Este é um mecanismo que os produtores de cinema usam para captar recursos para a realização de seus filmes e existe desde 1993. Não há nenhum gasto do Tesouro Nacional ou desoneração fiscal. A pessoa ou empresa interessada em participar desta lei destina parte de seu imposto de renda (até 4%) para a produção cinematográfica.
É claro que todo o setor, que emprega 250 mil pessoas, ficou revoltado com este absurdo. Isto é coisa de gente vingativa, pois, durante o Festival de Cannes, no ano passado, toda a equipe de "Aquarius" fez um protesto, antes da apresentação do filme, com cartazes contra Temer, imagem que circulou o mundo todo.
Tal desatino presidencial, se não for derrubado pelos congressistas, poderá afetar também Joinville que está estruturando um polo de cinema em Santa Catarina. Os curtas metragens de diretores da região tem angariado sucesso em festivais. Recentemente foi realizado o 1º Joinville International Short Film Festival, que exibiu 80 curtas de 30 países. Mesmo com todas as dificuldades e falta de incentivos, a sétima arte desabrocha às margens do rio Cachoeira.
Joinville também poderia explorar um outro lado do cinema pouco comentado, o de cidade polo para a produção cinematográfica. Paulínia, no interior de São Paulo, descobriu este filão e deu certo. Lá foram realizados filmes de grande bilheteria. A antiga administração municipal se descuidou do polo, mas que agora está sendo reativado. A nossa cidade oferece as condições adequadas para esta empreitada: tem um bom visual, hotelaria de primeira qualidade, diversidade de paisagens (desde praias até montanhas com araucárias) e a maior diversidade étnica do país.
Ideias não custam caro, mas o importante é colocá-las em prática. Assim como a dança deu um visibilidade nacional e internacional para Joinville, o cinema também poderá fazer o mesmo. Basta ver o exemplo de Gramado, uma pequena cidade gaúcha que soube explorar este filão. Que tal entrar por este caminho? As autoridades municipais poderão dar uma resposta.