sexta-feira, 12 de junho de 2015

Precisamos falar sobre Cristofobia

POR EMANUELLE CARVALHO

Precisamos falar sobre esse mal que assola nossa sociedade. Essa doença que tem consumido nossos jovens, que tem matado nossas crianças, perseguido nossos idosos.
Desde a partida de Jesus, Nero vem perseguindo cristãos por toda Roma. Não, espere, Nero não é mais o imperador.
Agora falando sério, a não ser que você ainda esteja vivendo o Império Romano numa espécie de RPG em tempo integral, ou em algum país teocrata sinto lhe informar mas você não sobre cristofobia. Aliás, se você vive no ocidente, especialmente no Brasil, você tem muitos privilégios em ser cristão.

Vamos ser didáticos e citar alguns exemplos:

- Sua prece é aceita por todos como """"""""""""universal""""""""""""""
- Mesmo que exclua uma série de outras religiões, especialmente as politeístas.
- Nas festas da escola do seu filho, a maioria das pessoas, incluindo a professora, a diretora e os orientadores irão falar sobre deus, referindo-se ao seu deus e não a Maomé, Oshun, Buda ou Zeus.
- Ninguém acha que você comete atrocidades porque é cristão.
- Seus valores, que não são necessariamente os valores de uma maioria,  estão acalacrados na sociedade.
- Você detém televisões que falam do SEU DEUS.
- Na câmara dos vereadores de sua cidade e na câmara dos deputados você pode encontrar facilmente parlamentares alinhados com as suas convicções, e que inclusive militam contra as convicções de outras religiões.
- Nas novelas, filmes, e telejornais as expressões das sua religião são facilmente identificadas. Todo santo dia.
- Suas marchas, paradas e eventos são transmitidos pela televisão e ninguém acha ruim.
- Você tem feriados para comemorar sua fé.
- Você tem mais de um feriado para comemorar sua fé.

Eu poderia passar o dia todo aqui, citando casos da vida cotidiana e tentando convencer vocês dos privilégios mas eu sei que privilegiados tem muita dificuldade em admitir suas benesses. Então vamos tentar abordar os motivos pelos quais você NÃO SOFRE CRISTOFOBIA neste país:

- Você não tem direitos negados porque é cristão.
- No seu trabalho, você não precisa se esconder e fingir que não é cristão por medo de ser demitido. Inclusive as pessoas amam seus valores!
- As pessoas não associam você ao HIV/Aids.
- Ninguém monta barraquinha nas suas festas porque você é público alvo.
- Você não precisa entrar na justiça pra que seu parceiro ou parceira seja reconhecido como pai/mãe da criança que vocês adotaram.
- Você não sente medo de apanhar na rua porque é cristão.
- Ninguém te mata neste país porque você está na rua e de repente deu pinta de que é cristão.
- Se você é adolescente, não corre o risco de ser expulso de casa porque é cristão.
- As pessoas não tem nojo de quem você em virtude da sua religião.

A lista é longa e o tempo é curto. Então, amigo, pense bem antes de falar bobagens. Você não é oprimido porque pontualmente alguém ofendeu a sua fé mas você é um ignorante quando acredita em unicórnios e cristofobia.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Lendas...

POR MÁRIO MANCINI


Do alto dos seus 164 anos, Joinville é recheada de lendas e dogmas. A mais recente é de que é bem administrada. É só esperarmos 2030 para entendermos, pois estamos no governo do “estamos verificando”,  “estaremos providenciando”, “assim que liberarem a verba”, “já estamos elaborando o projeto”, tudo no futuro, nada no presente.

Sendo assim, passam anos e nada é realizado para mudar este quadro, há mais de 20 anos esperamos um destino útil para a antiga prefeitura, a navegabilidade do Rio Cachoeira, as mais recentes são a reforma da praça do “espelho d’água”, a licitação do transporte coletivo, o estacionamento rotativo, o aluguel de bicicleta, são apenas algumas (as mais famosas) que estão no “limbo”, entrando para a lista das lendas urbanas.

Já os dogmas (um ponto fundamental e indiscutível) estão ligados à mobilidade urbana, como a ojeriza a elevados, a insistência em binários, a repulsa aos VLT e VLP, aliás, gostam de copiar Curitiba em alguns pontos, menos nos que interessam.

Isto se torna possível devido à passividade administrativa, há anos não temos um prefeito que, bem ou mal, esmurre a mesa exigindo que medida “A” seja realizada, certa vez escutei em uma reunião com um prefeito que “democracia demais atrapalha”, que isto estava resolvido, que seria assim e pronto, ledo engano, nada foi feito, ficando “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Fica-nos claro que Joinville passa por uma crise administrativa, onde uns fingem que mandam e outros fingem que obedecem, como já escrevi a administração do faz para ver como fica, se der certo deu, se não deixa assim mesmo, ou seja, não há planejamento, pois se há não chega a etapa do feedback.


Portanto lendas, parlendas, dogmas e afins, só existem por má administração, por falta de comprometimento politico, incompetência, etc., e claro a conivência da população, que aceita tudo e continua a eleger com o coração e não com a razão. Simples assim.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cachoeira respira, mas ainda há muito a fazer

POR FELIPE SILVEIRA

Apenas alguns anos de tratamento de esgoto na bacia do Cachoeira foram suficientes para ver a vida voltar ao rio. De acordo com análise recente do Laboratório de Controle de Qualidade (LCQ) da Companhia Águas de Joinville, o Índice de Qualidade da Água (IQA) subiu de 25 para 44 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. Os 25 pontos foram registrados em 2012.

Além da diversificada fauna (jacaré Fritz e família, peixes, capivaras, preás e inúmeras aves), o cheiro também não é tão forte como há alguns anos. Pelo menos é a impressão que tenho ao pedalar às margens do rio de vez em quando.

Mas o rio ainda não está limpo e há muito a fazer, pois o rio ainda fede, é sujo e sofre com o despejo contínuo de lixo, esgoto e efluentes industriais. A implantação da rede de tratamento teve início apenas neste ano na zona sul.

Além disso, o rio Cachoeira é apenas um dos diversos rios dentro da cidade. Ainda há o Morro Alto, o Águas Vermelhas, o Bucarein, o Mathias, o Jaguarão, o Bom Retiro, o Itaum-açu, o Itaum-mirim e outros. Todos poluídos e recebendo diariamente lixo, esgoto e lixo industrial. Aliás, a região do Espinheiros sofre com um deserto em formação logo atrás de uma grande indústria da cidade.

O meio ambiente está longe de ser uma prioridade na cidade. O trabalho está sendo desenvolvido, mas esbarra nos interesses das elites econômicas e sociais da cidade, que até têm interesse em ver o rio central limpo, já que daria um ar europeu à coisa.

Mas a questão ambiental vai além. Demoramos 160 anos para começarmos a parar de jogar cocô no rio, mas não temos tanto tempo pela frente se continuarmos no mesmo ritmo. A poluição industrial, o lixo que produzimos e a quantidade de fumaça de carros que jogamos diariamente no ar vai acelerar o processo de destruição do ambiente a uma velocidade bem maior do que a nossa capacidade de preservação.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Devolver o Cachoeira aos joinvilenses...































































































Eis alguns rios bem aproveitados pelo mundo afora...

 Portugal
 Bélgica (neste caso, ria)
 Hungria
 Noruega
Suécia

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Crematório em Joinville: onde há fumaça...




Virou hábito em Joinville a prática de atacar sistematicamente quem ouse questionar qualquer ato que, mesmo feito ao arrepio da lei, venha travestido de modernidade e progresso. Tudo pode em nome do crescimento. Atacar e desacreditar quem questiona o que está errado tem se convertido no esporte diário de agentes públicos e empresários pouco honestos.


Agora a bola da vez é o crematório. Ninguém, com um mínimo de bom senso, pode se opor a que Joinville venha a ter um crematório. Mas tampouco ninguém, no seu juízo, pode concordar que uma empresa privada, com a anuência e a cumplicidade de agentes públicos, deixe de cumprir a lei para implantar o negócio. Ou seja, que pelas suas características de serviço público, deve ser licitado, ser instalado em área específica e deveria cumprir todos os passos que a lei exige, como o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e as correspondentes audiências públicas.

Pretende-se estabelecer uma visão estulta e simplista do problema, vendendo a imagem que um crematório é uma atividade econômica equivalente a qualquer outra. Como se se tratasse de um forno de fundição ou metalurgia. Ou, pior, uma venda de frango assado. O problema vai muito além da emissão de gases na atmosfera. Um crematório é um serviço público que causa impacto. É um polo gerador de tráfego e não pode e não deve ser instalado em qualquer bairro ou região do município.

Não acredito que haja empresário maluco que goste de rasgar dinheiro. Portanto, vou considerar como no mínimo estranho, ou muito estranho, que alguém invista tanto dinheiro para construir um crematório sem se preocupar em cumprir todos os trâmites da lei. A ideia que a empresa possa ter sido induzida a fazer o investimento sem ter as garantias de que o negócio seria autorizado é temerária. Para um investimento tão elevado, alguém deve ter dado garantias ao empreendedor.

Por outro lado, se acredita que a construção de um empreendimento irregular - e em desacordo com a lei -, será regularizado utilizando a política e o discurso do fato consumado. Então, teremos mais um exemplo da frouxidão e da falta de planejamento do poder público. Pior ainda se houver agentes públicos coniventes com a burla e o descumprimento da legislação.

Há alguns pontos a destacar no caso do crematório, que são no mínimo estranhos e que mereceriam una analise mais detalhada:

a.- Não havia autorização na legislação urbanística para este tipo de atividade no Bairro Aventureiro em 2010. A mudança de zoneamento ocorreu menos de um ano depois do empreendedor adquirir o terreno (em 2011), o que é no deixa de ser curioso que tenha se modificado a legislação urbanística posteriormente a aquisição do imóvel para a instalação do crematório;

b.- Apesar de Joinville ter Conselho da Cidade constituído na ocasião, a mudança no zoneamento permitindo a atividade do crematório foi aprovada no mês de janeiro pela Câmara, quando os Conselheiros estavam de férias e não houve convocação extraordinária pelo Presidente do Ippuj , que acumulava a função de Presidente do Conselho;

c.- Há provas que atestam que o Município protelou convenientemente a assinatura do Decreto municipal que regulamentou o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) e beneficiou assim este empreendimento que na época estava pendente e aguardava com ansiedade as licenças municipais;

d.- A autorização para a implantação de um crematório no local expõe a costumeira falta de planejamento do Ippuj no quesito mobilidade urbana, ao autorizar o empreendimento sem avaliar os impactos de mobilidade numa região que já sofre pelo trânsito caótico e ainda a natural desvalorização imobiliária dos imóveis residenciais e comerciais existentes na vizinhança do crematório;

e.- A legislação municipal diz que somente entidades religiosas e de fins filantrópicas poderão operar o processo de cremação,  mediante contrato de concessão,  precedido de licitação pública.

f.- Chama a atenção ainda que casualmente neste momento pipoquem matérias na imprensa e cartas de leitores sobre o tema do crematório. As matérias jornalísticas expõem a situação de saturação dos cemitérios. A maioria das cartas favoráveis a liberação do crematório ilegal, numa campanha que tem tudo para não ser casual.


Seria interessante que o processo fosse amplamente debatido e trazido à luz. Que se separasse o debate em duas linhas diferentes: 1. a que defenda a necessidade de uma cidade como Joinville tenha um serviço de cremação e cobre do poder público o iníco imediato do processo licitatório que cumpra a legislação; 2.  que, por outra parte, se debatam abertamente os casos de empreendimentos irregulares ou até ilegais, que se conheçam as ações que o município tem feito - e está fazendo - e como é feita a fiscalização de forma eficiente.

Por fim, que se conheçam os casos em que a legislação tenha sido mudada para beneficiar empreendimentos pontuais e se alguém obteve vantagens nestas mudanças específicas. Não deveria haver temor por parte de nenhum agente público de que haja mais transparência nesses casos e em outros, que, como o do crematório, há fumaça. Afinal, é sabido que aonde há fumaça...