segunda-feira, 16 de março de 2015

Cenas estranhas (1)


Eu fui!!!

POR JORDI CASTAN



Sim, eu fui. Estive na Praça da Bandeira e fiz o que achei que devia fazer, protestei pacificamente contra este desgoverno que aí está. Externei o meu descontentamento contra a presidente, seu governo, a corrupção institucionalizada e me encontrei com uma Praça da Bandeira cheia de joinvilenses que, como eu, exerceram o seu direito de protestar.

O que eu encontrei lá? Encontrei outros joinvilenses que, como eu, de uma forma espontânea, decidiram sair de casa para se manifestar. Encontrei uma Joinville plural, de todas as idades e de todos os setores. Gente que trabalha para fazer esta cidade prosperar. Havia gente de todas as classes sociais, os que chegaram a pé, em bicicleta, em coletivo. Gente de todas as cores, de todos os tamanhos e de todos os bairros da cidade. Encontrei gente que estava lá com cartazes feitos a mão.

As cores que predominaram eram as da bandeira, Amarelo, azul e verde, também havia branco. Ninguém de vermelho. Ninguém com bandeira de nenhum partido. Foi um ato político, mas foi apartidário. Tinha lado a lado, monarquistas, defensores de minorias e representantes de associações de moradores, dos diversos coletivos e entidades que formam o tecido social desta cidade.

O que não encontrei lá? Não tinha sanduíche de mortadela, nem ônibus fretado, tampouco achei ninguém distribuindo R$ 35,00 para participar do evento. Não distribuíam camisetas. Não tinha cartazes feitos em gráfica, nada que parecesse muito organizado. Cada um estava na praça expressando sua opinião. Não vi nenhuma violência. Nem foi possível identificar nenhum guineano ou algum militante de aluguel. Não escutei nenhum slogan ofensivo, nada que fosse incompatível com o estado de direito que ainda temos no Brasil.

Chamar o ex-presidente de cachaceiro não poderia ser considerado ofensa, ele próprio nunca tem ocultado sua predileção pela bebida nacional. E pedir que o dinheiro público roubado seja devolvido aos cofres públicos, tampouco é algo que possa ser considerado ofensivo, mas eu sou, claramente, mais liberal e permissivo que a maioria dos que dedicaram os últimos dias a um patrulhamento ostensivo para tentar desestimular as pessoas a se manifestar e esta gente tem uma sensibilidade muito mais aguçada quando se trata dos seus lideres, a sensação é como se só eles tivessem o monopólio das ruas e a exclusividade da ofensa.

Esquecem eles que as ruas são o espaço público por excelência, o espaço de todos. E o direito de ir à rua e manifestar-se livremente é um princípio democrático inquestionável. Ainda estou tentando entender por que estranho motivo essa gente fez tanto esforço para evitar que o brasileiro fosse à praça?

É bom lembrar que o brasileiro aprendeu que podia “impichar” um presidente e tirá-lo do poder na prática. Muitos dos que hoje estão no governo já foram “caras pintadas” e foram às ruas e pedir o “impeachment” do presidente Collor e disso não faz tanto tempo assim.  

sexta-feira, 13 de março de 2015

Uma covardia inacreditável

POR ET BARTHES

Há coisas incompreensíveis. Vejam só o chute que o técnico dá na criança, que não deve ter mais que cinco ou seis anos de idade. Foi na Rússia.











Movimento social criminalizado: quem ganha com isso?

POR EMANUELLE CARVALHO

“Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, sempre foi assim que o mundo mudou”, a frase da antRopóloga norte-americana Margarete Mead é capaz de traduzir grande parte de nossas lutas sociais, especialmente no Brasil, onde há uma jornada de trabalho exaustiva, pouco debate sobre participação e controle social, e uma comunicação de massa comprometida com a manutenção do status quo, com as grandes empresas e e os ricos.

Aqui na Colônia Dona Francisca nada corre diferente. Com um transporte público capenga: ônibus lotados, horários escassos, linhas pouco acessíveis e nenhum plano de ligação entre transporte coletivo e outros meios de locomoção; a Prefeitura de Joinville recebe cobranças de poucos movimentos sociais, um deles, o Movimento Passe Livre, que vem exigindo políticas públicas de acesso gratuito a um transporte de qualidade.

Mas como os poderosos podem garantir que as pautas dos movimentos sociais fiquem engavetadas e ao mesmo tempo jogar a população contra esse tipo de manifestação e exigência? Pela imprensa formal e informal e entupindo o poder judiciário. A primeira e mais conhecida se dá no alinhamento de pautas empresariais com interesses dos grupos de notícias. Se a empresa X sempre anunciar no jornal Y ele fica refém de suas intenções comerciais e falará pouco sobre o que realmente acontece na cidade. É claro que isso não ocorre com todos os meios de comunicação, mas ultimamente o jornalismo joinvilense tem trabalhado mais como publicidade do que como produtor de informação.

Além disso, acionando juridicamente, ou seja, processando esses militantes - que não possuem poderes econômicos, nem influência - cria-se uma atmosfera de medo, de retaliação e constrangimento público nesses movimentos sociais. É uma maneira bem fácil e eficaz de desarticular as pessoas, pois o medo é paralisador. Da mesma forma, por estarem sendo processadas ou já terem sido condenadas, essas pessoas não podem prestar concurso público, e muitas são impedidas de trabalhar, já que não possuem mais certidões negativas criminais.

Hoje, 23 processos incorrem sobre 6 militantes, uma forma muito clara de pedir pra que essas pessoas calem suas vozes. Mas o que essas pessoas fizeram? Protestaram. Alguns desses militantes estão sendo acusados de ameaça sem ao menos terem participados nos dias de manifestação.

O último caso que tenho conhecimento é da professora Viviane de Souza Miranda, dirigente sindical e assistente de educação. Ela trabalha há nove anos na rede estadual e há quatro anos no Escola Estadual Martins Veras, onde estudou o ensino fundamental, médio e hoje é professora. A escola em questão sofre com problemas estruturais como a interdição da quadra de esportes (há um ano), falta de pisos, lâmpadas soltas, falta de material pedagógico e o mais grave, problemas com a energia elétrica.

No início deste ano, o caso agravou-se. A escola estava completamente sem energia e os professores, funcionários, pais e o grêmio reuniram-se em uma assembleia e concluíram que o início do ano letivo deveria ser adiado até que se restabelecesse a energia. Uma medida que visava proteger os alunos, os professores e funcionários do local. Como recompensa Viviane está respondendo a processo administrativo. Nos detalhes do processo consta a seguinte explicação: fatos que ocorreram no Martins Veras.

Viviane é uma das seis pessoas que estão sofrendo retaliação, mas é um dos centenas de professores que vivem todos os dias com má remuneração, assédio, materiais defasados, pouco investimento em treinamento, e nenhum suporte tecnológico (sim, há computadores e tablets, mas não há internet nas escolas).  Ao invés de educar a escola reprime colocando guardas armados em seus portões. E pra que tudo isso mude é preciso lutar e muito, é preciso juntar-se a luta, e é preciso não ser criminalizado.

quinta-feira, 12 de março de 2015

10 razões para o fracasso do 15 de Março

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Mesmo que consiga mobilizar multidões (há um esforço muito grande da imprensa e da oposição nesse sentido), o 15 de Março vai ser sempre um fracasso. Pelo simples fato de que nada tem a oferecer ao país. É um movimento sem proposta, revanchista e que tem o ódio de classe como motor. A seguir, os 10 “porquês” dessa antevisão.

1. Porque não há uma argamassa ideológica capaz de dar massa crítica ao movimento. Não há consistência e as ideias estão coladas com cuspe.

2. Porque é um movimento que rejeita a democracia e assenta na simples negação da realidade. Uma neurose coletiva não pode orientar planos de governo.

3. Porque não é um movimento clarificador. Não há um projeto para o dia seguinte. Os manifestantes não sabem para onde vão, apenas estão a caminho...

4. Porque não há militantes, apenas manifestantes. É o tipo de gente que rejeita a política e que, por falta de habituação às lutas (palavra que rejeitam), acaba por desmobilizar rapidamente.

5. Porque é um movimento feito por pessoas sem estofo intelectual ou coragem física. Ou seja, sofrem quando têm que pensar e se acovardam diante da “ponta da baioneta” (no sentido figurado, claro). Quem segue revoltados online, por exemplo, só merece pena.

6. Porque os ódios não produzem utopias. Ou seja, não têm um projeto para levar a sociedade de um lugar para outro. A não ser, talvez, para ao caos.

7. Porque os verdadeiros “organizadores” se mantiveram na penumbra. A massa prefere líderes visíveis. Ninguém segue sombras.

8. Porque há um contra-senso incontornável. Os manifestantes vão sair às ruas para criticar a corrupção, mas a marchar ao lado de notórios corruptos.

9. Porque não há intelectuais. O movimento tem à cabeça o pior do país em termos civilizacionais. Fascistas, fundamentalistas e toda espécie de reacionários devem estar na linha da frente.


10. Porque se houver multidões a participar do protesto, isso tem um significado perverso: os meios de comunicação tradicionais mantêm o poder de manipular as massas. E ninguém ganha com isso, porque é o tipo de coisa que só acontece em países atrasados.

É como diz o velho deitado: "vocês ainda não viram nada".

Jornalismo (i)responsável

POR VALDETE DAUFEMBACK NIEHUES


Tempos atrás, mais precisamente em 2004, um delegado regional da Polícia Civil de Joinville decretou “toque de recolher”, no bairro Jardim Paraíso, o que ocasionou efeitos negativos à comunidade, pois o preconceito disseminou-se de tal forma que os moradores passaram a ser discriminados quando se apresentavam às empresas para concorrer a vagas de trabalho.

Esta ação deixou marcas que ainda são visíveis porque de maneira geral em Joinville os dedos apontam para aquele bairro como sendo “o mais violento” da cidade, isso porque se reproduz um refrão que a mídia se ocupou em divulgar na época. E as pessoas mesmo não conhecendo a realidade local, têm os meios de comunicação como fontes confiáveis e, portanto, tudo o que for divulgado passa a ser uma verdade. 


Não estou negando a evidência de casos de violência no Jardim Paraíso, o que de fato tem aumentado nos últimos meses, assim como nos demais bairros. Em uma abordagem sociológica, poder-se-ia apontar vários motivos que provocam esta triste realidade, mas não é a proposta neste momento. Pretendo, mais uma vez, chamar a atenção da estupidez jornalística em cometer o mesmo erro do passado ao divulgar, com base em suposições ou comentários duvidosos, que no Jardim Paraíso há uma lista de pessoas marcadas para morrer. 

Este é um mau exemplo de jornalismo porque informação dessa natureza não contribui absolutamente para nada, a não ser disseminar a cultura do medo e banalizar a vida. Um verdadeiro desserviço prestado à comunidade e que não cumpre os princípios da responsabilidade jornalística. Como urubu, anuncia uma suposição de desgraça e espera que aconteça algo que lhe possa render uma publicação sensacionalista ou um “furo de reportagem”.

Como os meios de comunicação desfrutam de total credibilidade da população, muito mais do que em qualquer instituição ou organização, conseguem o monopólio dos conteúdos a serem comunicados como verdade, o que facilita que do outro lado haja um público ouvinte e reprodutor das banalidades anunciadas, como se o sentido da vida se esgotasse nesta ação falaciosa.

Desse modo, munidos de recursos tecnológicos, estes ouvintes reprodutores, em uma rede de relações, ansiosamente esperam por novidades que colocam em jogo a integridade da vida e, assim, como uma orientação pedagógica, garantem a interativamente do ser-estar no mundo. Paradoxalmente, trata-se de uma necessidade da sensação do medo para se sentir em segurança em um ambiente imaginado inseguro. 

Assim tem acontecido no Jardim Paraíso. A comunidade conta com vários grupos virtuais que agem interativamente a cada publicação, com procedência confiável ou não, por vezes espalhando medo gratuitamente.  

Ao que parece, a informação instantânea, em tempo real, trouxe a possibilidade de uma confusão coletiva de saberes sem muito critério de escolhas, cujo resultado está evidente na disseminação de um acultura de medo, de ódio, do deboche, da insensibilidade, da insensatez humana. 

O jornalismo precisa se diferenciar desta maneira de comunicar as informações, utilizar os recursos tecnológicos e as técnicas de apuração e investigação antes de publicá-las. É o mínimo que se espera de um jornalismo responsável, sem a pressa de dar uma notícia em “primeira mão”, muitas vezes, de forma equivocada. Pelo contrário, quem baliza a metodologia de compartilhamento de informações, se aqueles que têm conhecimento as transformam em instrumento de terror? 

quarta-feira, 11 de março de 2015

15 de março está chegando...


POR VANDERSON SOARES

Trabalho com consultoria e faz parte de meu cotidiano visitar com frequência as empresas clientes. Algumas destas foram afetadas com as medidas econômicas de nossa presidenta. É engraçado que quase todos falam a mesma coisa: “A coisa está feia, vamos ver se 15 de março alguma coisa muda”. Ou ainda “Se Deus quiser, 15 de março ela é tirada de lá e as coisas melhoram”. Sem mencionar os expressivos incentivos que as entidades de classes empresariais fazem para promover este 15 de março.

Por não ter muita ligação com minha atuação eu não estimulo a conversa, mas eu fico pensando se esta solução instantânea que está na cabeça destas pessoas existe ou é apenas a última golfada de esperança que fala em seus aflitos corações.

Eu, sincera e particularmente, não tenho simpatia por Dilma. Ela e seu antecessor fizeram algumas poucas coisas boas no âmbito social, mas me causa ojeriza a forma como ela mentiu em campanha. E sim, mentiu descaradamente. É impossível que ela acreditasse no que falou e em menos de dois meses após eleita fazer tudo ao contrário. Não acredito em otimismo desta proporção.

Chegando ao cerne do que quero expressar com estas linhas. Não adianta esperar por um impeachment no dia 15 de março. Não adianta achar que um impeachment resolverá algo. Se ela cai (hipoteticamente aceitando que exista motivo para impeachment), assume o Temer, que é do PMDB, que além de mandar no Senado e na Câmara, mandaria também no Executivo.

Se impeachment fosse a solução de nossos problemas, o Collor não estaria como senador hoje. E não estaria no Lava Jato, inclusive, junto com quem liderou os caras pintadas, que esbravejou por um Brasil melhor. É irônico como o mundo gira e as posições se invertem, não acham?

Percebo que muitos destes que esbravejam estão apenas seguindo o fluxo, querendo polemizar, mostrar que são cultos e que acompanham a política. Então, parceiro, se você está preparando pompons e bandeiras para o dia 15 de março, admiro seu entusiasmo e empenho e defendo seu direito de fazê-lo. Mas não pense que apenas ir lá fazer um agito e voltar para casa resolverá algo.

Não adiantou nada na época de Collor. Adiantará agora? O problema da nossa política hoje é tão fundo e tão inerente que apenas passeatas não conseguem resolvê-lo. São apenas eventos isolados com apoio de gente incentivada pelo “efeito manada”. Tão apenas isso.

Muitos devem pensar: mas então o que ele espera que façamos? Que fiquemos calados? Não, eu acho que você poderia se filiar a um partido, estudar políticas públicas, debater, escolher bem o seu candidato, defender uma reforma política de qualidade (esse é o principal), não reeleger ninguém e não votar em mais ninguém que já esteja lá no poder. Acredite, isso pode mudar muita coisa.

terça-feira, 10 de março de 2015

Dá um tapa nela...

POR ET BARTHES

Memorável. O que acontece quando você coloca um menino à frente de uma menina? Se pedir um carinho, ele faz. Se pedir um beijinho ele dá. Mas se pedir para dar um tapa nela… ele não dá. É uma campanha para mostrar como as crianças reagem ao tema da violência contra as mulheres.