terça-feira, 23 de abril de 2013

Fucking shit

POR ET BARTHES
O cara disse um tremendo "fucking shit" com o microfone aberto. Todo mundo ouviu. Inclusive o patrão, que demitiu o pobre rapaz. Justo ou injusto?


Araquari para quem? - Parte II

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A cada dia que passa os interesses ficam mais difíceis de serem escondidos. Aos poucos eles são revelados pelos principais interessados. Como já alertado aqui, a cidade de Araquari irá sofrer nas próximas décadas com o interesse do grande capital, principalmente aquele articulado com negócios na área de desenvolvimento urbano. Recentemente foi divulgado na internet um vídeo de uma imobiliária com seus planos para a zona sul de Joinville e grande parte de Araquari. É sobre este vídeo que faremos a nossa análise de hoje.


Há, neste comercial, várias questões camufladas e que são pertinentes trazermos à tona:

Qual o motivo de uma imobiliária aparecer com um planejamento urbano "pronto", através de um grande projeto (que chega a ser assustador), sendo que a zona sul de Joinville não permite (ainda, para a felicidade de alguns) tais investimentos? E mais: a cidade de Araquari também tem suas normativas, que com certeza não contemplam as intervenções propostas. Para quê, então, anunciar intenções que vão contra a legislação vigente?

É justo que, esta imobiliária, assim como todas as outras interessadas em grandes projetos urbanos nesta região, mostrem seus grandes planos sem consultas prévias à população, como preconiza o Estatuto da Cidade? 

Para quê servem os planos diretores e outros tipos de planejamento urbano? Para referendar interesses "de ordem maior"? 

Os usos propostos contemplam as necessidades das pessoas que já moram em Araquari? Marinas, campos de golfe, grandes complexos industriais, anéis viários (engraçado o projeto não fazer menções a um sistema de transporte coletivo) e todas as outras regalias de um típico new urbanism, são, de fato, demandas sociais da atualidade daquela cidade? 

É notória a diferença entre planejamento urbano advindo do poder público e do privado, através de grandes consultorias. Enquanto o primeiro é fruto de um processo moroso, participativo (pelo menos em tese) e expressão fiel dos conflitos sociais e econômicos, o segundo é uma avalanche de ideias prontas e que sistematicamente parecem encaixar como a peça final de um quebra-cabeça. Qual modelo a região que contempla estas duas cidades irá adotar?

Há muitas perguntas e hipóteses surgindo rapidamente. Felizmente, os interesses não conseguem ficar à margem por muito tempo. Uma hora eles aparecem, do jeito que já está acontecendo. Para a zona sul de Joinville e Araquari eles estão cada vez mais claros: enriquecimento com a terra urbana (se não for urbana, a legislação muda para atender tal fator), ampliação do modelo de transporte que privilegia o automóvel, construção de grandes empreendimentos de luxo com a desculpa desenvolvimentista, segregar a população já existente em Araquari ao criar uma espécie de "velha Araquari", bem distante territorialmente da "nova Araquari", e a consolidação de situações que garantam a permanência destes investimentos transnacionais, bem como a atração de novos (já se fala em Land Rover, etc). 

Caso você, leitor, queira se informar mais sobre o assunto, basta abrir os jornais locais nas páginas de economia. É o assunto do momento. Entretanto, preciso dizer que é uma visão totalmente parcial da realidade, ou não?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Na Suécia não tem babá de branco, nem de preto, nem de rosa...


Crianças de escola em Malmö saem para passear na cidade
em companhia das professoras
POR  SONIA MARIA DE CARVALHO
Suecos e suecas não são perfeitos. Nem o são sua sociedade, apesar da gente fantasiar que sim. É só dar uma olhada no número enorme de imigrantes, vindos de todas as partes do mundo, sobretudo da Ásia (e não pensemos apenas na Ásia Oriental, japoneses, chineses, coreanos etc, mas também a Meridional e no Oriente Médio) e de todo o leste euroupeu o qual executam grande parte dos trabalhos braçais ofertados no país. Suecos dificilmente aceitam trabalhos muito pesados ou de salário muito baixo e não é raro que se coloquem sob a guarda dos seguros desempregos até conseguirem o emprego desejado.

É bom lembrar o seguinte: a maior parte dos trabalhos braçais existentes no Brasil não existem ou normalmente ninguém paga para que outra pessoa os execute na Suécia. Alguns fatores são o alto desenvolvimento tecnológico do país, a super organização em quase todos as esferas sociais, o custo elevado para manter o salário, as taxas de contratação desses trabalhadores e a escassez deste tipo de serviço, já que podendo quase todo mundo optar* por estudar gratuitamente até a universidade há uma maior distribuição e arranjo para os mais variados tipos de empregos.

Isso quer dizer que não há uma massa enorme de pessoas trabalhando em serviços ditos braçais na Suécia porque não tiveram escolha. Há sim, mas a distribuição é equivalente a outros tipos de trabalhos. Dito tudo isso de forma bem geral espero ser um melhor compreendida com o tema, cujo título deste post incita.

Mesmo tendo nascido e vivido no Brasil quase a vida toda, dos quais cinco haviam sido na cidade de São Paulo, antes de me mudar para Malmö no sul da Suécia, ainda há um (sem exagero) espanto quando olho pela janela da sacada do meu prédio e vejo tantas babás cuidando das crianças todos os dias. Incluindo os fins de semana.

No Brasil, sobretudo em São Paulo e outras cidades grandes onde a vida é muito corrida, nos acostumamos a viver com o ritmo enlouquecido e exigente de trabalho. Além disso, o trânsito caótico não deixa que as famílias estejam em casa antes das oito, nove, dez da noite, então a saída tem sido sempre e cada vez mais (apesar das reclamações dos preços e escassez das empregadas domésticas e babás) contar com a ajuda de terceiros para o cuidado da casa e das crianças.

Isso você já sabia não é? Todo mundo sabe, todo mundo vê. É nossa realidade e não dá para mudar, diria alguém conformado com a situação. Sem contar que as empregadas agora tem situação que nem gente com faculdade tem! Diriam outros!

De fato parece-me mesmo que nós brasileiros não conseguimos enxergar outro modo de viver a vida senão assim. Somos tão fechados nessa única maneira de ter filhos, casa e trabalho que acreditamos viver o restante do mundo do mesmo jeito.

Na Suécia não tem babá? Não tem empregada doméstica? Então impossível! Como você conseguiu? Já me perguntaram muitas vezes.

Isso porque temos uma cultura do trabalhar é ser mais, trabalhar é ter mais. Temos também um desejo muito forte de "aproveitar a vida" por mais duro que isso possa parecer. Então sacrificamos os poucos anos da infância e da relação com os filhos em troca de uma vida social mais agitada.

Não à toa tenho encontrado babás (de branco) brincando com crianças em meu condomínio dia e noite. As babás da semana dão lugar para as babás do fim de semana. São folguistas as quais assumem os filhos dos meus vizinhos durante o tempo em que os pais querem descansar da árdua jornada da semana. Então eles entregam de novo os filhos para outras pessoas cuidarem.

Andando por cidades na Suécia, assim como em Malmö, você notará milhares de crianças pelas ruas. Não! Eles não são mais um país de velhos. Há uns vinte anos, diversas campanhas tem incentivado os casais a procriarem, o que incluiu nos últimos tempos licença parental (1 ano e 4 meses de licença para o casal, da qual cada um deve tirar no mínimo 3 meses), remunerada quase integralmte. Então, o "boom" de bebês que ainda está em alta tem colocado nas ruas bebês, crianças e... pais e mães com eles.

Em quatro anos vivendo na Suécia eu só encontrei, numa loja, uma mãe acompanhada da babá de suas crianças e elas (mãe e babá) eram brasileiras. Como eu a conhecia ela começou a falar comigo, enquanto deu ordem para a babá ir cuidar das meninas que tentava fugir. Assim, como se estivesse no Brasil.

A verdade é que se você pensar em contratar uma babá na Suécia precisará procurar muito por talvez uma estudante querendo algum dinheiro em horas vagas. Se conseguir essa maneira informal, no fundo proibida pelo governo, ainda assim você deverá pagar a ela por hora o que equivaleria a um salário de uns 5.000 reais por mês, ou seja, uns 40 reais por hora.Seguindo à risca o que manda o figurino do Estado Sueco é preciso contratar uma empresa de babás e elas lhe custarão pelo menos o dobro da primeira alternativa.

Sendo assim, babás são raridade. As crianças, depois de completado um ano de idade (antes disso praticamente não há outra saída a não ser estar em casa com pai ou mãe) vão diretamente para as escolinhas (as Förskola). Estas são quase 100% públicas e não deixam nada a desejar para a escolinha particular boa que tenho pago aqui em São Paulo para o Ângelo. A criança deve estar na escola se e somente se o pai e mãe estiverem trabalhando ou estudando. Caso contrário, deve estar com eles em casa.

A escola, na compreensão sueca, é o lugar, depois da família, mais adequado à educação infantil. Educação é um dos pilares de sua sociedade, sem ela eles simplesmente não se entendem como gente. E educação vem, primeiro, de uma família bem estruturada emocional, psicologica e financeiramente. Depois vem de uma educação formal na qual se aprende a conhecer-se a si mesmo através do mundo.

Então é muito compreensível que no Brasil tenhamos as babás para ajudar se a escola não é a melhor saída encontrada pela família. Talvez o que soe muito mal, coisa não entendida por tantos, é entregar a educação dos filhos quase total a outra pessoa que não quem a gerou.

Se alguém tiver babá na Suécia eu estou certíssima, como 1+1 são 2 de que você nunca deveria carregá-la a tira colo vestida de branco, como ontem eu cruzei com uma mãe na rua de casa. Como num déjà-vú de algo ao qual nunca vivenciei, mas li, ela ia ao lado da babá (de branco) a qual empurrava o carrinho do filho da madame.

Domingo de praia na Barra da Tijuca
no Rio de Janeiro e os bebês são
amamentados pelas... babás de branco


Talvez branco na babá, na Suécia, até passasse despercebido no começo, porque, branco é a cor da luz que invade os meses mais quentes. Entretanto, uniformes, marcas claras de que alguém que pertence a este grupo e não aquele são muito mal vistos pela sociedade sueca.

Ah! você ouviu dizer que os suecos são um povo preconceituoso também? Sim, há muitos. A enorme diferença é que se alguém se julgar superior a outro ele nunca, jamais em tempo algum poderá externar isso ao outro. Nem com gestos, nem com fala, nem com piadas (em casa, na rua ou em programinhas de TV). Nunca! Preconceito é crime e tentar ter uma sociedade igualitária é obrigação de todos.
Essas eram algumas das razões pelas quais os amigos e amigas suecos (e também outros europeus) não entendiam, não acreditavam quando eu narrava nossa realidade. E não compreendiam como nós brasileiros, nós paulistas podíamos viver uma vida a qual na verdade não vivíamos.

- Como? Mas eles não cuidam dos próprios filhos?
- O quê? As mães voltam ao trabalho depois de quatro meses?
- Como assim eles pagam babás nos fins de semana?

Essas eram perguntas não conformadas feitas por amigas minhas durante nossas conversas. Lá ninguém imagina que algo assim seja possível porque as mulheres com quem fiz amizade são filhas da nova geração sueca: elas aprenderam a conviver não só com o "babyboon" do país iniciado em meados dos anos 80 com as políticas às quais me referi de incentivo à paternidade e maternidade, mas também a viver numa sociedade cuja herança é senão a igualdade em todas as esferas ao menos o desejo dela e esforço cotidiano para que o seja.

Eu não diria que ter ou não babás seja um mal por excelência no Brasil. As realidades ainda são heterogêneas e não posso simplesmente querer a Suécia aqui, embora em tantos aspectos eu desejasse isso. Vejo, no entanto, um exagero tal como José Martins Filho, pediatra e professor da Unicamp, chama de terceirização das crianças brasileiras e uma inversão de valores que gera uma contradição entre pensamento e prática familiares muito grande: somos super partidários de compor famílias no esquema tradicional mãe, pai e filhos, mas tem-se a impressão de que muitas vezes desejamos tudo isso para ter o que expor no porta retrato, para não ficar para trás naquilo que esperam de nós.

Falta a uma massa gigante de mulheres e homens brasileiros compreender interiormente que ser pais e mães é mais do que conseguir um emprego para pagar-lhes a babá, a escola e brinquedos no final do mês. Ter filhos é comprometer-se não só com o futuro deles, mas também com o seu presente. E não se faz filhos saudáveis (em todos os sentidos do termo) sem dedicação.

Ao colocar filhos no mundo temos um compromisso com o próprio mundo, com a forma como nossos filhos lidarão com ele e com as pessoas. Ter filhos é uma questão ética e ter um país de primeiro mundo inclui muito mais do que ter garantidos direitos. Falta a nós brasileiros invejar da Suécia não os cabelos, os olhos loiros do povo sueco e entender como para estar no topo da lista dos países desenvolvidos é preciso deixar certas regalias e confortos de lado, é preciso acima de tudo saber cuidar das próximas gerações com zelo, educação e TEMPO.

* Cursar escola e universidade na Suécia é gratuito, não há concursos e a concorrência é tranquila. A dificuldade é na prova de proficiência da língua sueca, exigida para qualquer curso almejado. Essa é uma entrave à chegada de alguns imigrantes até a universidade. Para isso o governo sueco oferece cursos da língua gratuitamente em todas as cidades do país para quem estiver legalmente registrado.


Sônia Maria de Carvalho Pinto é doutora em Filosofia/Estética (2007) pela USP, com tese sobre Anita Malfatti. Estudou Filosofia na UNICAMP, onde também concluiu um mestrado em Sociologia da Cultura com tese sobre a crítica de Theodor W. Adorno à cultura moderna. É professora de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio e lecionou Técnicas de Redação por 15 anos em Cursinhos. 

sábado, 20 de abril de 2013

Em defesa do bom jornalismo

POR AMANDA MIRANDA
Defender o bom jornalismo em um cenário em que qualquer indivíduo tem o direito de se intitular jornalista é, também, um dever de ofício. Porque é deste cenário que brotam profissionais controversos, que sob a proteção do direito de liberdade de expressão mascaram preconceitos, maldades e interesses pessoais.

Muito mais do que uma carta endereçada a um comunicador específico, este relato é uma defesa da profissão e dos profissionais que prezam pela ética, pela pluralidade e pela informação de interesse público. É, também, o reflexo de uma esperança muito pessoal de que anunciantes, leitores e jornalistas comecem a se voltar para os adeptos dessa "imprensa" com o olhar crítico que eles merecem. 

Deixo claro que essa não é uma defesa do diploma. É, sim, uma defesa da ética e dos princípios que norteiam a profissão.

Por cautela, deveria me manter calada.
Por ofício e por prezar minha profissão, decidi por meu discurso à prova.


Desde o início da semana venho mastigando e tentando digerir críticas que, mesmo não sendo feitas a mim, me atingem como jornalista e como ser humano. Me fazem questionar a razão de o mercado ainda reservar espaço para pseudo-profissionais e franco atiradores que só pensam no seu próprio interesse, embora o vendam como interesse público.


Eu pensei durante muito tempo que esse jornalismo ia morrer: ou porque iam matá-lo os bons profissionais ou porque ele próprio ia cometer suicídio, motivado por seus erros, seus desvios éticos, sua fragilidade técnica e seu indescritível zelo à politicagem e ao jogo de interesses.


Mas descobri que o mau "jornalismo" continua vivo e espera atingir alguma prosperidade. Em parte porque os anunciantes permitem, em parte porque os leitores permitem. Mas MUITO porque os jornalistas de verdade permitem (e aqui, não me entendam mal, não estou falando do diploma). Nós não deveríamos permitir que tantos equívocos se intitulassem como "a imprensa".


Meu recado agora vai direcionado ao "comunicador" e "editor-chefe" do Jornal da Cidade João Francisco da Silva.


João, eu gostaria de ter lhe escrito antes. Lá no ano passado, quando você ofendeu um amigo querido com as piores palavras possíveis. Quando você foi notícia em portais nacionais por seu discurso homofóbico e cruel. Mas silenciei e hoje me arrependo.
Que bom que nunca nos cruzamos em uma redação por aqui. Porque somos de escolas radicalmente opostas. O jornalismo em que eu acredito, o jornalismo que eu estudo e do qual me orgulho não ofende e não denigre, muito menos motivado por interesses pessoais.


O jornalismo que eu gosto e sei fazer é plural. E não só porque plural é uma palavra bonita, mas principalmente porque parto da certeza (sim, essa é uma das poucas certezas que tenho na profissão) de que, quando critico um cidadão, é indispensável ouvi-lo, citá-lo, assegurar a ele o direito de resposta.


O jornalismo que eu gosto e sei fazer é movido pelo interesse público e não pelo MEU interesse. Ora, não venha me dizer que suas críticas não são pessoais. Nem os ingênuos acreditariam que uma verdadeira e hostil perseguição a dois excelentes profissionais são motivadas por questões técnicas. Se fossem, você e alguns dos seus amigos não seriam os únicos a reclamar.


Por fim, gostaria de lhe dizer, lamentando muito, que o senhor desconhece totalmente o papel de um assessor de imprensa de órgão público. Lembro que a palavra PÚBLICO fala por si só. E que não é para o senhor e para nenhum dos seus amigos que um assessor de órgão público trabalha. É para a sociedade. E nesta sociedade, incluem-se os jornalistas que fazem o bom uso da informação, que buscam o contraponto, que constróem uma visão de um fato amparado em fontes, dados, observação. Desta sociedade, excluem-se profissionais que perseguem, que humilham, que oprimem, que chacotam e que vociferam arrogância, calúnia e má fé.


E se por algum motivo você quiser me incluir entre os seus perseguidos, fique bem à vontade. A justiça está aí para isso. Certamente não será nem o primeiro, nem o último processo que o senhor irá responder.


Amanda Miranda é jornalista e professora.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Padre distribui água benta com arma de brinquedo

ET BARTHES
A briga para conquistar fieis anda acirrada. E este padre mexicano não deixa por menos. Tem a batina com super-heróis, como o Batman ou Superman, e distribui a água benta com uma pistola de brinquedo. A reportagem é em inglês, mas as imagens explicam tudo...


Um sinalzinho, por favor


POR FELIPE SILVEIRA

Udo, o aprovado, governa Joinville como prometeu. Com certa, digamos, firmeza. Corta aqui, cancela ali, fecha aquela outra coisa, demora pra nomear aqui, aperta lá... Ao mesmo tempo, porém, sinto falta de ver pelo menos alguns sinais de outras promessas de campanha, principalmente nas áreas da cultura, da mobilidade, do esporte e do lazer.

Uma dessas promessas, por exemplo, foi feita pelo vice-prefeito Rodrigo Coelho, ainda durante a campanha, sobre a gestão no campo da cultura, no qual ele acumula a função de presidente da Fundação Municipal de Cultura (FCJ). Comprometeu-se, à época, que o Conselho Municipal de Políticas Culturais seria protagonista da gestão, com base no Plano Municipal de Cultura. Não é isso que se vê, baseado em relatos (diversos) de conselheiros sobre reuniões convocadas às pressas pela fundação e coordenadas de forma leviana. O resultado de atitudes como essas aparecem na forma de diminuição de verba do Simdec sem o devido diálogo com o setor. O que não surpreende, já que, me parece, pelo menos, que a gestão está mais preocupada “obras” vistosas, mais chamativas, como a reabertura do Museu da Bicicleta. Tenho minhas dúvidas sobre como essa visão de cultura contribui de fato para o desenvolvimento da cultura em Joinville.

Para citar um exemplo do tipo de sinalização que eu gostaria de ver, sugiro a leitura deste post do site "Vá de bike”. É uma entrevista com o novo secretário de transportes da cidade de São Paulo, Jilmar Tatto, do governo petista de Fernando Haddad. Entre os planos do governo para a área estão a construção de 150 km de ciclovias, o estímulo ao compartilhamento das ruas, a redução de velocidade dos automóveis, a integração com terminais de transporte público e um sistema de aluguel de bikes que pretende colocar 50 mil magrelas nas ruas de Sampa.

O que São Paulo está fazendo? Está simplesmente copiando os bons exemplos de cidades como Copenhague, Amsterdam, Portland, Londres e Barcelona, entre muitas outras. Está, simplesmente, adotando práticas que atacam a causa do problema do trânsito caótico (para quem ainda não sabe, a priorização do automóvel individual como meio de transporte). Em Joinville ainda estamos pensando (poder público, entidades de classe, empresários e classe média sofredora) que a solução é a abertura e o alargamento de vias, como a duplicação de avenidas e construção de elevados.

Para finalizar, tenho uma reclamação pessoal. Costumo jogar basquete no Parque da Cidade e muitas vezes faço isso depois das dez, após as aulas. Pra minha surpresa, pela primeira vez cheguei no parque e encontrei as luzes dos postes apagadas (foto), o que prejudicou muito o treino. Talvez tenha sido um fato isolado e as luzes voltem a estar acesas amanhã, mas isso me leva a outra reclamação que é constante neste meu espaço do Chuva Ácida: onde estão os outros espaços de lazer e prática esportiva desta cidade? Onde mais eu poderia jogar basquete ou vôlei ou outra coisa? Não sou funcionário de nenhuma empresa com recreativa e, portanto, não posso usar o espaço dos trabalhadores destas empresas. Quais são as opções dos outros cidadãos?

Perguntar não custa nada, né? Enquanto isso, fico por aqui, no aguardo de novas sinalizações.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O assustador momento da explosão em Boston

POR ET BARTHES
Um corredor que participava da Maratona de Boston captou a imagem da explosão da bomba. Se visto no vídeo e sabendo o que vai acontecer é assustador... imagine na hora.


A decadência do futebol brasileiro.

POR GABRIELA SCHIEWE

O que está acontecendo com o futebol brasileiro?

Estamos vendo, e já não é de agora, que o futebol brasileiro, no todo está em decadência.

A Seleção Brasileira não joga bem e também não obtém os resultados, despencou no ranking da FIFA, não consegue ganhar de nenhuma Seleção do primeiro escalão, os resultados positivos ocorrem apenas sobre seleções mais fracas.

Hoje fica evidente que a Seleção está sentada na sua história, mas isso não é suficiente, o que vem se provando no dia a dia.

No entanto, o problema não está apenas na Seleção, pois vemos que os clubes também se encontram em plena decadência.

Hoje, tirando o Corinthians que se destaca sobre os demais (não sei se por que os demais estão ruins demais ou se é realmente bom, acredito na segunda hipótese) e o Atlético-MG (da gosto de ver seus jogos, no entanto até hoje não se mostrou um time de chegada, espero que dessa vez seja diferente), os "grandes" times do Brasil mostram um futebol pífio, veja São Paulo, Santos, Flamengo, Inter...e por aí vai.

Regionalizando o assunto, o que falar do Campeonato Catarinense, é ridículo, qualidade péssima, nivelado muito por baixo, JEC correndo riscos muito reais de sequer participar do quadrangular final.

E por que as coisas estão assim? Gente jogador é o que não falta, temos muitos jogadores e dos bons espalhados pelo Brasil e fora do país também. No entanto esse problema não surgiu agora. E, no meu ver, está diretamente de encontro a má gestão na administração de clubes e CBF.

Dirigentes que só pensavam em abarrotar seus próprios bolsos, fazendo negociações e parcerias inexplicáveis e muito, mas muito estranhas. Inevitavelmente que uma hora a bomba iria explodir e é exatamente o que estamos vivendo agora.

Enquanto o amadorismo imperar e a ladroagem fizer parte da gestão do futebol no Brasil não veremos luz no fim do túnel. Os "caciques" do futebol estão o tornando decadente, assim como ocorre na nossa política. São sempre os mesmos no poder e cada vez as coisas pioram mais e mais.

O povo precisa entender isso e por mais que sejam apaixonados pelos seus times, chegou o momento do luto, de virar as costas, pois eles precisam do torcedor, seja no estádio, seja assistindo pela TV e, se esse público deixar de existir, vai começar a doer no bolso e só assim entenderão que precisam gerir de maneira séria e profissional, do contrário o barco continuará afundando.

E aí molhados, vocês concordam que o futebol está em decadência no Brasil? Estou louca, exagerando? E aí!?

Tchau, Thatcher!


Thatcher é referência para os que confundem
"liberdade" com "liberdade de mercado"
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Quarta-feira. É o enterro de Margareth Thatcher. Dia de manifestar o meu desapontamento: tinha a esperança de que o neoliberalismo pudesse ser enterrado com ela. Não foi. Porque apesar do evidente desastre das últimas décadas, muitos governos – mesmo nos países que estão afundados em crises – ainda insistem na fórmula neoliberal.

É óbvio que os admiradores de Thatcher vão discordar. Porque, afinal, ela é um ícone da direita. Ninguém antes tinha tido coragem de ir tão fundo no combate aos direitos dos trabalhadores. Nunca alguém agiu com tamanho fanatismo contra o welfare state. E poucos líderes de nações foram tão anti-humanistas.

A herança de Thatcher é malfazeja. Hoje a sociedade vive indefesa ante a imoralidade de uma economia de cassino, fundada na ganância infindável de péssimos capitalistas. 
Ou você tem dúvidas de que o modelo neoliberal de desregulação financeira foi a gênese dessa madoffização da sociedade? Você pode até dizer que Thatcher não é a mãe dos “banksters” (mistura de banqueiros com gângsters). Mas de certeza é a avozinha.

O mais preocupante é que a hegemonia neoliberal não se deu apenas no plano econômico, mas principalmente no plano cultural (das subjetividades). Há uma ação ostensiva no sentido de formatar mentalidades e fazer acreditar que o neoliberalismo é uma inevitabilidade. O leitor e leitora já ouviram falar em pensamento único? Pois é. O problema é que quando todos pensam o mesmo, então ninguém está a pensar.


Hoje estamos todos infectados por ideias que nos foram inoculadas em décadas de propaganda. 
Os meios de comunicação encarregam-se de difundir o preconceito, através dos seus jornalistas e analistas: o mercado é sinônimo de liberdade, abertura, flexibilidade, mobilidade, dinamismo, inovação, vanguardismo e democracia; o Estado é sinônimo de coerção, fechamento, rigidez, imobilismo e paralisia. Quem ousa discordar? Mas será?


O fato é que as consequências práticas são nefastas. A Europa tem hoje 26 milhões de desempregados, com as economias de muitos países a cair a pique e o risco de ser o fim da União Europeia. Os Estados Unidos têm 12 milhões de pessoas no desemprego e a economia insiste em apresentar índices de crescimento anêmicos. A expressão "abaixo do limiar da pobreza" passou a fazer parte do léxico quotidiano dessas nações.


Houve uma des-humanização da sociedade. Os custos sociais são imensos. Os neoliberais não se importam com as pessoas e olham com frieza para as folhas de Excel, onde o desemprego, a falta de acesso à saúde ou o desinvestimento em educação não passam de infelizes estatísticas. É só lembrar a expressão de Hayek, sobre o "cálculo de vidas". Para o neoliberalismo, os excluídos são apenas perdas colaterais.


O neoliberalismo faz lembrar o famoso Barão de Munchausen. Não conhece? É um personagem para o qual não há impossíveis. Diz o barão: quando alguém está a se afundar na areia movediça, a solução é sair puxando os próprios cabelos.  É exatamente essa a fórmula: sair de uma crise usando as mesmas ideias que a causaram.

Para finalizar, deixo um statement. Eu - e certamente como o leitor e a leitora - espero deixar um mundo melhor atrás quando decidir ir para Marte. Thatcher não pode dizer o mesmo, porque abriu um caminho que leva à barbárie social. Tchau, Thatcher! E desculpe se não vou sentir saudades.