terça-feira, 19 de dezembro de 2017

#eu defendo o sistema municipal de cultura

POR IRACI SEEFELDT
#eudefendoSMC #eudefendooSimdec

Nas últimas semanas, o setor cultural de Joinville foi pego de surpresa com modificações estruturais feitas pela Prefeitura de Joinville no Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, o SIMDEC. Primeiro foi lançada, em 22 de novembro, a Portaria 96/2017 ,com o regulamento para inscrição de projetos no mecanismo de Mecenato do SINDEC deste ano. A portaria trouxe novas regras, em desacordo com o Decreto 12.839/2006.

As mudanças dificultavam em muito a inscrição dos projetos e não foram previamente discutidas com o Conselho Municipal de Políticas Culturais - CMPC. E ainda apresentava um prazo de apenas 15 dias para inscrição dos projetos. Na terça-feira passada, 13 de dezembro, um novo Decreto foi assinado pelo Prefeito e publicado (sem nenhuma divulgação ou discussão prévia com o CMPC e os artistas da cidade) no Diário Oficial do Município, revogando o Decreto de 2006, que regulamentava o SIMDEC deste então, e impondo novas regras, totalmente desconectadas dos atuais conceitos de gestão cultural.

Essa nova e arbitrária ação da Prefeitura de Joinville, somada a uma séria de ações que, desde 2013, têm contribuído para o desmonte das políticas públicas e das instâncias que compõem o SMC, não favorecem em nada o desenvolvimento cultural de Joinville. Diminuem o fluxo da realização dos projetos culturais, além de reduzir o setor cultural a uma instância menor, enjaulada em processos administrativos, sem vida e sem o devido valor que a arte e a cultura ocupam no desenvolvimento de uma cidade.

Em anos anteriores, outros movimentos foram articulados frente ao descaso da gestão municipal:
- O “Movimento Ocupa Cidadela” e o “Manifesto Cena 11”, em 2014.
- O “Movimento Retrocesso Não”, em 2015.
- Os vários protestos públicos, em 2016, quando a Secretaria Municipal de Comunicação – SECOM tirou do ar o site da Fundação Cultural, os blogs das unidades, como das escolas que integram a Casa da Cultura e dos museus e espaços de memória geridos pelo município.
- E ainda a forte participação de integrantes do CMPC e diversos artistas e representantes de instituições culturais durante o processo de votação da Reforma Administrativa, que resultou na manutenção da existência da Fundação Cultural, mesmo que subordinada à nova Secretaria, e também pela permanência da Rádio Joinville Cultural e o Arquivo Histórico de Joinville sob a guarda da Secretaria e Fundação Cultural.

Ao olhar para esses últimos cinco anos da gestão cultural da nossa cidade - somada à já antiga falta de competência dos governos estaduais em fazer uma gestão cultural que fortaleça a arte e os bens culturais do nosso estado e ao trágico cenário em que se encontra a política federal - nos encontramos frente a um cenário de desesperança, que em nada nos motiva a seguir pesquisando, criando, formando e trabalhando com arte e cultura.

Mas ao deitar o olhar para um tempo anterior a esse, sabemos que é possível, sim, viver num estado democrático, onde a gestão participativa e as instâncias representativas da sociedade civil são respeitadas. É nesse lugar que encontro forças para dizer que a causa da cultura vale a pena. Tenho certeza que juntos somos mais fortes e temos a energia necessária para resistir e reencontrar o caminho para uma sociedade capaz de entender o real valor da arte e da cultura nos processos de desenvolvimento humano e social.

Iraci Seefeldt é gestora cultural, produtora, atriz e jornalista.

Defesa do SIMDEC é o tema quente na cultura em Joinville

POR ET BARTHES
Pessoas ligadas à cultura em Joinville estão a protestar contra alterações introduzidas no SIMDEC - Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura. Instituído em 2005, o programa tem a função de financiar e incentivar projetos culturais. O filme, que foi divulgado na última semana, mostra depoimentos na defesa do SIMDEC. 


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Com pressa, sem pressa ou na hora certa?


POR JORDI CASTAN
LULA - Fiquei na dúvida se é oportuno ou intempestivo que o ex-presidente Lula seja julgado agora, no inicio do ano, ou se seria melhor que o julgamento se alastrasse por anos a fio e acabasse prescrevendo? Lembrei que processo de idoso tem prioridade e me pareceu justo que assim seja. Se eu tivesse sido condenado em primeira instância a 9 anos de cadeia, e fosse inocente, gostaria que a situação se resolvesse quanto antes e o tribunal desse logo uma sentença que me inocentasse. Assim ficaria mais tranquilo e calaria a boca de todos esses que gostariam de me ver cumprindo pena, atrás das grades.

É verdade  o ex-presidente não terá muito tempo para se alegrar com o resultado, porque há outros processos correndo e continuará ocupado com advogados preparando a defesa de cada um dos processos que correm contra ele. Aliás, todos por pura inveja. Essa elite de olhos azuis não tolera e não engoliu nunca que um semianalfabeto tenha chegado a presidente deste país. Mas não perde por esperar, como dizia o ex-presidente Collor: "o tempo é o senhor da razão".

UDO - Voltando aqui à vila. Finalmente, o que já tinha comentado há alguns dias está se confirmando. O prefeito Udo Dohler acredita que a gestão que está fazendo em Joinville o qualifica para aspirar ao governo do Estado e se coloca à disposição do partido para concorrer a governador. Essa coisa de se colocar à disposição do partido é conversa para boi dormir. Ele quer e quer muito. Aliás, não é de hoje que quer. Numa conversa com amigos, desses ligados nessas coisas da política, ficou no ar a dúvida do que seria melhor para Joinville? Seria melhor que se candidatasse e o vice-prefeito Major Coelho assumisse ou seria melhor que ficasse e cumprisse todo o mandato? O debate terminou repentinamente e a frase lapidar que encerrou a conversa foi: ¨melhor louco conhecido...¨

É bom lembrar que para o prefeito chegar a ser candidato, muita Água terá que passar pelo moinho e antes terá que combinar com os russos. Mas os russos que eu conheço não parecem dispostos a pôr as coisas fáceis para o godo. Assim que quem viver verá. Minha aposta é que o "alemão" não sai. Precisaria coragem. Coragem é uma virtude que poucos têm.  

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A sombra do fascismo amedronta o Brasil


POR DOMINGOS MIRANDA
O que é o fascismo? É a política praticada através do terror e do medo. O Brasil já conviveu com esta praga entre 1964 e 1985 e, agora, a sua sombra aparece e incomoda os democratas. As recentes invasões das universidades federais de Minas Gerais e de Santa Catarina são uma prova do abuso de autoridade e desrespeito ao princípio constitucional da inviolabilidade universitária. A consequência deste ataque à honra do cidadão foi a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier.

Quando a justiça se acovarda e permite a ação abusiva da polícia, quem perde é o cidadão. O desembargador Lédio Rosa de Andrade, magistrado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, fez um discurso emocionado na homenagem ao reitor Cancellier. Ele alertou: “Esta noite fiquei a pensar quando a humanidade errou e não parou Hitler no momento certo, quando a humanidade errou e não parou Mussolini no momento certo... Eles estão de volta. Será que vamos errar de novo e vamos deixa-los tomar o poder? A democracia não permite descanso. Eles [os fascistas] estão de volta. Temos que pará-los”.

Não faz tanto tempo assim, convivíamos com torturas, execuções e ataques a bombas praticados por agentes da lei, aqueles que, legalmente, deveriam nos proteger. Um destes exemplos. No dia 16 de dezembro de 1976, agentes do DOI, órgão de investigação do 2º Exército, cercam uma residência do bairro da Lapa, em São Paulo, onde está reunida a cúpula do PCdoB. Matam a sangue frio os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroio e João Batista Drumond. Poucos meses antes, a repressão já havia assassinado o operário Manoel Fiel Filho e o jornalista Vladimir Herzog.

Não queremos que estes tempos sombrios voltem novamente. O alerta do desembargador catarinense tem razão de ser pois há uma campanha de ódio sendo disseminada na sociedade. Alguns desavisados pedem a volta da ditadura e o candidato a presidente que elogia os torturadores está em segundo lugar nas pesquisas (em Santa Catarina tomou a dianteira). Não podemos colocar uma cobra no bolso porque, com certeza, ela irá nos picar.

Santo Agostinho nos ensinava que “a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, e a coragem a mudá-las”. Vamos lutar para mudar esta podridão que aí está, mas sempre tomando o cuidado para evitar que aventureiros fascistas assumam o comando. A democracia é a flor mais linda da política, mas ela é frágil e precisa ser protegida.


Charge publicada no jornal O Tempo – 29-10-2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

É preciso tirar Lula do páreo. E vapt-vupt...


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
24 de janeiro.

O Brasil tem um encontro consigo mesmo. O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai servir como um divisor de águas. O antes e o depois. O “antes” mostra procuradores que fazem uma acusação baseada em convicções. E um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, muito pressuroso em condenar, mas sem apresentar provas cabais e deixando espaço para muitas dúvidas razoáveis.

“Por coincidência”, num momento em que o nome de Lula aparece imbatível nas pesquisas, surge o que parece ser uma tentativa de estocada final. Tomado por uma vertigem “justiceira”, o TRF4 apressa o julgamento do recurso da defesa do ex-presidente. Um tempo recorde. Mas essa pressa toda é porque a Justiça está preocupada em fazer justiça? É legítimo imaginar uma tentativa de impedir a candidatura do ex-presidente Lula. O poder vai perdendo o pudor.

Há opiniões para todos os gostos. Mas parece evidente que o TRF4 vai ratificar a condenação. O objetivo é impedir que Lula volte ao Palácio do Planalto. Afinal, uma vitória do petista condenaria o golpe ao fracasso, pois deitaria por terra todas as ações desde o impeachment de Dilma Rousseff. Os poderes político, econômico, midiático e judicial precisam se juntar numa cabala para manter o ex-presidente fora das eleições. E tem que ser vapt-vupt.

Pensemos no “depois”. A decisão do TRF nunca será um fim. Pelo contrário, pode ser o início de um processo fraturante. Se a condenação for confirmada, terá início um ambiente de guerrilha judicial nas instâncias superiores. E o povo? O problema é que, para a opinião pública, a credibilidade das instituições judiciais estará ferida de morte, pois o alinhamento ao golpe fica cada vez mais evidente. O golpe já nem se preocupa com as aparências.

A situação deixa muitas perguntas no ar. Será possível, para os golpistas, construir um candidato viável (até agora têm falhado fragorosamente)? E se Lula surgir, para o eleitor, como vítima de um golpe? O poder da velha mídia golpista ainda é determinante em tempos de digital? Como os golpistas irão se livrar da imagem de sanguessugas interessados apenas em projetos de poder e partilhas? Muitas questões.

Mas, principalmente, a pergunta de um milhão de reais: será possível continuar a governar contra o povo? Talvez fiquemos a saber em janeiro.

É a dança da chuva.