terça-feira, 19 de setembro de 2017

Limpeza


Xoinville tem que ser hixienizada e tirrar as pobres do rua

POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo.

Endón, sentirrón o meu falta? Andei meio dessaparrecido porque estou de férrias no Eurropa. Xente, é tuto tão bonito aqui por estes lados. Só povo bonito, xente educada e tudo organissado. Mas o que eu gosto mesmo é do limpeza dos cidades. É coissa que a xente nón vê no Brassil. É como diz o minha prima Eugenia: “Andere Länder, andere Sitten”. Outras paísses, outras costumes.

Mas perra aí... eu disse no Brassil, mas tem um exceção. Porque Xoinville é citade de primeirro mundo. Foceis já perceberram como é tudo limpinho também? A citade é tón hixiênica que as pessoas limpam os pés quando saem de casa e nón quando entram. E tem outra coisa. Em Xoinville não tem aquela pobraiada nos ruas, como nos outros citades do Brassil. Pfui!

Foceis virram o que aconteceu ondem? Nón leram o A Notícia? Entón eu digo qual foi o manchete: “Morradores de rua són obrigadas a deixar marquise de agência bancárria em Xoinville”. A xornal usou a palavra certinha: obrigadas. Foi precisso chamar até o Guarda Municipal. E foceis que nón sabiam parra que servia o Guarda Municipal, seus tolinhos. Besser spät als nie. Antes tarde que nunca, como dizemos aqui no Alemanha.

Depois de expulsar a pobraiada, pusserón uns grades lá, parra nón deixar ninguém voltar. Esdá certo. O nossa citade precissa ser hixienizada e nón pode ter xente feia assim bem na centro. Vón trabalhar, fagabundas. Arbeit adelt. A trabalho enobrece. É por isso que Xoinville é um citade de primeirro mundo. Nón tem pobre. E se tiver a xente dá um xeito de esconder eles. Aus den Augen, aus dem Sinn. Longe do vista, longe da corraçón.

Ach was, depois de tudo o que a nossa querrida prefeito faz pela hixiene do citade, ainda tem xente que reclama. Mas són os mesmos de sempre. O Defensorria Pública repudiou o açón do Prefeitura, mas só lefou bordoada nas comentárrios dos redes sociais. Os xoinvilenses de bem apoión o limpessa. Eu gostei muito da xoinvilense (de xema) que comentou: “por que o pessoal do Defensoria Pública não leva todos eles para casa?”. Xênia.

Isso sim é xeston. É passo a passo que se constrói um citade de primeirro mundo. Auch Rom wurde nicht an einem Tag gebaut! Nem Roma não foi contruída num dia. Xoinville está na caminho certo.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Os legisladores do atraso... em causa própria

POR JORDI CASTAN
Nem faz tanto tempo assim. Os fabricantes de tubos de ferro galvanizado da cidade estavam em pé de guerra com os fabricantes de tubos de PVC. O plástico, mais econômico e fácil de trabalhar, rapidamente ganhou o mercado. O resultado é de todos conhecido: o PVC é hoje o líder de mercado no segmento e os tubos de ferro ficaram restritos a um mercado reduzido e específico.

Há uma história bem conhecida no Brasil. Se Thomas Edison tivesse inventado a lâmpada elétrica aqui, o lobby dos fabricantes de velas não teria permitido a sua comercialização. A vanguarda do atraso viceja e ganha novos adeptos a cada dia. E nunca faltam legisladores dispostos a defender a bandeira da inépcia, da obsolescência ou do atraso.

Os taxistas frente ao Uber. Os hoteleiros frente ao AirBnB. As empresas de TV frente a Netflix. E por aí vai. Em nenhum momento defendem os interesses da população, que, desorganizada e sem políticos que defendam seus interesses, se vê desprotegida e abandonada. E tudo fica nas mãos de legisladores que, quando não legislam abertamente em causa própria, o fazem em defesa dos interesses mais vergonhosos e mais retrógrados.  

O país retrocede. E no caso de Joinville encontramos aqui os máximos expoentes do atraso institucionalizado, os defensores da ineficiência e os mestres do sem-vergonhismos. É só estar atento.

sábado, 16 de setembro de 2017

Futebol ainda é coisa de macho

POR LAERTE FERRAZ
Não é à toa que chamamos o futebol de jogo da paixão e o Brasil país do futebol. O amor por esse esporte, que nem invenção nossa é, começa a ser incutido cedo no nosso meio. Ainda criança era levado ao estádio por meu pai, junto com meus irmãos. Eram ainda os tempos em que futebol era coisa de homem, para homens.

Eis o "pq" (aproveito o espaço para mostrar a minha indignação com nossos quatros porquês, a maior aberração inútil de nossa língua pátria) de nos dias atuais o futebol continuar sendo majoritariamente masculino, na proporção de sete para um. Para cada sete homens que gostam de futebol, existe uma mulher que gosta. O principal motivo para barrar as mulheres é que nesse capo se falava muito palavrão, como se fala até hoje. Não sei "pq" se pensava que mulheres não gostavam de falar palavrão.

Estava eu, com meus sete anos, vendo o Ceará perder por dois gols para o Remo no campeonato que chamávamos de Nordestão, já na metade do segundo tempo, quando precisávamos de apenas um empate. Comecei a gritar: "vamos, Ceará!" Um senhor ao meu lado, com cara de desiludido, falou com a voz triste: "vamos para onde, meu filho, não dá mais tempo não, tem que fazer dois gols".

Sem lembrar o ensinamento de meu pai, de que devemos respeitar os mais velhos, tasquei: "se você não quer torcer que vá tomar no cu!!!" Meu pai, se esforçando para segurar o riso, tentava me chamar a atenção quando o senhor, já com o riso aberto, falava que era coisa de criança, que não tinha problema. E o Ceará fez o primeiro gol. Depois da explosão de alegria, o senhor, que não foi tomar no cu, aderiu ao grito de "vamos, Ceará!". E logo aquele pedaço da arquibancada onde estávamos passou a gritar também. E nosso artilheiro Gildo, com uma cabeçada fulminante, nos levou ao delírio com o segundo gol.

O senhor me jogava para cima numa alegria sem limites. Ao final do jogo me deu um picolé e um forte abraço. O futebol mudou de lá para cá em muitos aspectos. Alguns bons, como a presença de mulher dentro e fora de campo. Outros ruins, como a troca da arte e do talento pela aplicação disciplinada, onde a tática e a obediência do jogador ao técnico é o que mais importa. Outras mudanças virão, como o recurso eletrônico, que sou contra, aliás. Mas o palavrão esse permanece, para tristeza das mães dos juízes, que serão as únicas beneficiadas, de fato, quando adotarem o recurso eletrônico.





Laerte Ferraz é produtor de vídeo
e torce por três times
(mas isto é tema para outra crônica)

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Brasil, uma nau sem rumo

POR DOMINGOS MIRANDA
Dirigir um país sem ter um projeto de nação é como navegar em alto mar sem uma bússola ou GPS. O governo federal só tem duas preocupações imediatas: 1) tentar se defender das acusações de corrupção já que a Polícia Federal, em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, disse que Michel Temer é o chefe da organização criminosa; 2) fazer leilão das empresas estatais o mais rápido possível, sem um estudo mais aprofundado.

Em países com economia diversificada como a nossa não existe notícia sobre um desmonte de tal magnitude, a não ser o que ocorreu no governo de Vichy, na França, durante a segunda guerra mundial. O governo de Vichy correspondia a dois terços da superfície da França e foi capitaneado pelo marechal Pétain e por Pierre Laval, O Estado títere dos alemães surgiu com o armistício feito em julho de 1940, depois da derrota diante das tropas nazistas.

É um período que os franceses gostariam de esquecer porque foi um retrocesso em todas as conquistas do povo desde a revolução de 1789. Para começar, trocaram o famoso lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, usado desde a Revolução Francesa, por “trabalho, família e pátria”. A dor era maior porque a população ainda guardava na mente as conquistas do governo de esquerda, de 1936 a 1938, como aumentos salariais, semana laboral de 40 horas e férias pagas para todos os trabalhadores.

Um pequeno grupo, capitaneado pelo general Charles de Gaulle, criou no exílio a Frente Nacional, que abrangia de comunistas a monarquistas, para liberar o solo francês dos ocupantes e dos traidores. Rapidamente cresceu o movimento da resistência até a destruição do governo de Vichy e a expulsão dos nazistas. Laval e Pétain foram condenados à morte, mas este último teve a pena comutada para prisão perpétua por causa de sua idade avançada.

O fim para os traidores nem sempre é bom. No Brasil vemos uma situação semelhante à França da Vichy. Nossos governantes chegaram ao poder através de um golpe arquitetado pelo serviço de informações americano e agora eles pagam a fatura. Estão entregando a preço de banana as nossas maiores empresas (parte da Petrobras, Eletrobrás), as reservas minerais e implodiram as grandes empresas de engenharia através da Lava Jato.

O economista Delfim Neto disse, em artigo na Carta Capital, que o nosso destino está em nossas mãos. “Para realizá-lo precisamos de um consenso social mínimo em torno de um Projeto Nacional”. Para que consigamos evitar o desmonte de nosso país é necessário criar uma ampla frente em torno de um projeto que preveja nossos destinos para daqui 30 anos. Corremos um sério risco de desmembramento da pátria pois o poder central está em frangalhos e as forças regionais tentam buscar o butim para o seu lado.

Mesmo com todos os males existentes, o Brasil conseguiu chegar unificado ao século 21 e é uma das maiores economias do mundo. Seria burrice perder todos estes avanços. A mudança de rumo depende de nós. Vamos nos unir.