sexta-feira, 19 de maio de 2017

Marcelo Madureira: de humorista a motivo de piada

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Os eventos dos últimos anos fizeram (re)surgir uma série de personagens lamentáveis. Gente com limitações intelectuais, valores éticos maleáveis e, em alguns casos, que se orienta por comportamentos agressivos. E há um ponto comum a muitos: são pessoas que tiveram alguma projeção mediática e hoje estão no limbo.

Lobão, Roger ou Alexandre Frota, por exemplo, são ícones dessa lista de inutilidades artísticas e políticas, entre outros menos cotados. Há uma tentativa de voltar aos holofotes pela via da política. Mas a gestão de carreira parece não ser o forte dessa gente. Porque acabam sempre acantonados em discursos reacionários e intolerantes (passe a redundância). 

Mas poucos são tão patéticos quando Marcelo Madureira, que teve os seus dias no Casseta & Planeta e hoje se arrasta por aí a fazer figuras tristes. Eis o estilo do discurso: “Seu vagabundo, Lula da Silva, nós não temos medo! Sua ladrona, sua vagabunda, mentirosa, Dilma Rousseff, nós não temos medo! Seu Gilmar Mendes, nós não temos medo (…) Vagabundo!”. Zeus!!!

O problema com Marcelo Madureira é que virou motivo de piada. Isso é a morte do artista, ainda mais do humorista. E agora, depois da revelação, com provas, da corrupção de Aécio Neves, ele vem posar de “velhinha de Taubaté”: era, talvez, a única pessoa no país que não sabia dos problemas do “Mineirinho” com a corrupção.

Os filmes abaixo mostram dois momentos na vida do ex-humorista. No primeiro, defende a candidatura de Aécio Neves, sob o argumento de que o tucano “reúne todos os requisitos para ajudar a colocar este país de novo nos trilhos”. Num segundo momento, fala da decepção e da surpresa por ver Aécio Neves envolvido em problemas de corrupção.

Diz o ex-casseta: “para mim é chocante ver o candidato que eu apoiei, a pessoa que eu acreditei, estar envolvido nessas negociatas”. Pobre Marcelo. Ficou decepcionado. E surpreendido. E eis que enfim temos uma piada. Mas é o próprio Madureira o motivo. Pois então tenho um surpresa ainda maior para ele: existe uma coisa chamada Google. É só ir até lá e pesquisar “Aécio Neves corrupção”. São apenas 860 mil entradas como resultado...






quarta-feira, 17 de maio de 2017

Nenhum gestor se importa com a água. Pior ainda, nem a população.

POR RAQUEL MIGLIORINI
O Jornal A Notícia desse 17 de Maio de 2017 mostra os novos financiamentos pleiteados pela Prefeitura de Joinville. O primeiro financiamento é do BID, com US$70 milhões para a macrodrenagem do rio Itaum-Açu, instalação de rede coletora de esgoto no Bairro Vila Nova e a construção do Parque Piraí, também no Vila Nova. O segundo vem do Fonplata, com US$ 40 milhões, para a construção da Ponte Adhemar Garcia/Boa Vista. Aqui a atenção tem que ser redobrada  pois estamos falando de uma área de preservação permanente (APP) com manguezais e que exige um licenciamento ambiental de alto nível, com pessoas capacitadas que visem minimizar os impactos ambientais causados pela obra.

Esses financiamentos dependem da aprovação do Senado e da Câmara de Vereadores e são processos que, embora necessários para o município, são muito complexos.

Muito mais simples, porém desdenhados pelo governo de Joinville, é o Programa de Pagamentos Por Serviços Ambientais (PSA), implantado com sucesso por muitos municípios brasileiros que se preocupam com a preservação de seus mananciais e biomas ameaçados de extinção, como a Mata Atlântica. Gestores que enxergam a importância do PSA  entendem os benefícios que a preservação traz para a cidade e quanto de recursos financeiros serão economizados futuramente. Aqui podemos abrir um parênteses para deixar claro que a instalação da rede coletora de esgoto no Vila Nova não faz parte desse tipo de visão que mencionei. Essa ação é exigência do BID para a liberação do dinheiro.

Os leitores desse blog já sabem que 70% da água consumida em Joinville vem do Rio Cubatão. Observe o curso do rio, utilizando o link do Google Maps, desde Garuva até a captação, na Estrada Dona Francisca, pela Cia. Águas de Joinville.

O novo Código Florestal ((Lei nº 12.651) permite, desde 2012, o desmatamento de APP em propriedades de até 4 módulos fiscais, ou seja, os pequenos produtores. Observando o curso do Rio Cubatão fica evidente o desmatamento para plantio de lavouras, eucalipto, lagoas de peixes, residências, parcelamentos irregulares. Salvo os dois últimos, os demais poderiam ter deixado a mata original ou reflorestado e serem compensados pelo PSA. A conta do prejuízo seria dividida entre todos os munícipes, que usufruiriam de água de qualidade, e não cairia só no colo do produtor. Hoje , quem paga a conta, são os cidadãos joinvillenses que bebem água com inseticidas, herbicidas, adubos químicos, antibióticos e fungicidas. E o rio recebe uma grande quantidade de solo fértil, que provoca assoreamento e a conseqüente diminuição da quantidade de água.

Foi apresentado ao prefeito Udo Döhler, ainda no primeiro mandato, um projeto para saneamento eficiente na área rural, PSA e gerenciamento de resíduos da área rural. Se pensar que o  bem mais precioso de uma cidade, água de qualidade, não é prioridade, não sei o que é gestão. Pior do que o prefeito ou a equipe gestora não se preocuparem com o assunto,  é o silêncio da população, mesmo quando alertada sobre os fatos. O que será preciso acontecer  para que esse assunto se torne pauta nas ruas da cidade, na Câmara de Vereadores, nos meios de comunicação? Pelo andar da carruagem, já é bom irmos pensando em outro financiamento que será usado  para recuperação da bacia do Cubatão. E US$ 70 milhões será troco.

A publicidade tem as suas armadilhas

POR ET BARTHES
Sobre a publicidade e a morte. No Reino Unido,
a rede de fast food McDonald’s lançou um filme em que o personagem principal é
um garoto órfão a falar com a mãe e a tentar saber se era parecido com o pai 
morto. E os dois nada têm em comum. A não ser, claro, o hambúrguer da marca.
O filme não agradou e gerou revolta nas redes
 sociais. Ao ponto de ontem a marca anunciar a retirada da campanha do ar. A
publicidade tem as suas armadilhas.

terça-feira, 16 de maio de 2017

A culpa é da Marisa. A loja, claro...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
“Se a sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa”. Todos vimos o anúncio das lojas Marisa, publicado no Instagram da empresa, depois do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Lava Jato. E fica a pergunta. O que passa pela cabeça dos responsáveis pela comunicação da loja? Porque foi um raciocínio bovino.

É certo que os anúncios de oportunidade (quando se aproveita a repercussão de algum fato) exigem rapidez na decisão. E às vezes há precipitações. Mas há coisas que são óbvias. O trocadilho com o nome da loja e da mulher do ex-presidente tinha tudo para dar problemas. Até porque hoje a publicidade é mais do que fazer anúncios. É fazer “brand building” (construção da marca).

O fato é que a marca saiu chamuscada do episódio. Num ambiente de acesa bipolarização política, em troca de uma gracinha a marca alcançou a rejeição de pelo menos metade dos eleitores. E não deve ter conseguido a adesão da outra metade, formada por aquilo que certa jornalista chamou “gente cheirosa” e que, claro, não compra produtos das lojas Marisa.

Então, é preciso fazer o cálculo dos negócios. Quem gostou do anúncio? Os caras do ódio. O problema é que odiadores só sabem odiar e não estão afeitos às “love brands” (categoria do marketing), aquelas marcas que interagem com o consumidor, dialogam e trocam ideias. Ops! Dialogar? Trocar ideias? É tudo o que o pessoal do ódio não quer. Nem comprar nessa loja...

O tiro no coração da marca foi ainda mais arrasador. As mulheres, gostando ou não de Lula e de Dona Marisa, não devem ter gostado. E devem achar que o slogan da empresa, “de mulher para mulher”, é papo furado. Ah... o consumidor esquece, dirão alguns. Não. O consumidor moderno não consome apenas produtos, mas também uma relação com a marca. É o beabá do marketing.

O que as empresas brasileiras devem aprender? Se querem entrar no campo da política, a posição tem que se afirmativa. O consumidor mudou. O mercado mudou. E as marcas têm que mudar, em especial quando assumem posições eticamente pouco recomendáveis. Machismo, racismo, classismo, homofobia, trabalho escravo, entre outros, não são aceitáveis.

Má publicidade? A culpa é da Marisa. A loja, claro.

É a dança da chuva.



segunda-feira, 15 de maio de 2017

Bom dia! Em que podemos atrapalhá-lo?


POR JORDI CASTAN
Há unanimidade que muitas coisas precisam mudar no país. O problema começa quando se trata de definir quais e como. Aí a unanimidade desaparece . A mesma eficiência que o governo utiliza para cobrar as multas de trânsito poderia ser utilizada para enviar o boleto do IPVA para o endereço do proprietário. Mas isso facilitaria muito a vida do contribuinte e faria desnecessário o trabalho dos despachantes. E poderia explicar porque essa proposta nunca avançará em nosso Estado. 

Outra situação que poderia ser facilmente evitada é a necessidade de reconhecer assinatura ou autenticidade de cópias de documentos em cartório. Um gasto e uma perda de tempo desnecessários a que não estão sujeitos cidadãos de muitos países. Um bom exemplo de como resolver essa situação é o que o governo implantou em Equador. A legislação dá aos funcionários públicos o estatudo de “fé pública”. Assim seus atos têm valor legal. É o princípio que permite justamente, a um agente de trânsito, multar. E em caso de confrontada a sua palavra com a dos cidadãos, você ou eu, a declaração do funcionário público tem a autorização legal para poder autenticar um documento e garantir a sua validade, algo que não pode fazer o cidadão comum.

Assim o Equador, para facilitar a vida dos cidadãos, simplificar os processos burocráticos e reduzir custos, faz valer este princípio em favor do contribuinte. Como explica o cartaz (abaixo), presente em todas as repartições públicas do país latino-americano, a lei tem como objetivo não pedir mais cópias autenticadas aos cidadãos. O contribuinte pode apresentar o original e a fotocópia de um documento e o funcionário público. Depois de comprovar que o documento e a fotocopia são idênticos, autentica a copia e  garante a sua autenticidade. Simples, rápido e fácil. O resultado é que os cartórios lá faturam menos, o Judiciário deixa de receber sua parte por selos e carimbos e a sociedade, claro, perde menos tempo e recursos a sustentar uma burocracia ineficiente e gigantesca.

Deu para entender? Simples né? Pois exemplos como estes há dezenas. Exemplos de como a burocracia estatal está mais dedicada a dificultar a vida do cidadão que a facilitá-la. Contribua, compartilhe os seus exemplos e será fácil perceber a situação. No caso de Joinville, poderíamos começar com a gincana que representa querer organizar algum evento na cidade ou querer fazer exercer os seus direitos nessa inutilidade que é a Ouvidoria da Prefeitura, que, seguindo a diretriz do alcaide, ouve mas não escuta.