quarta-feira, 12 de abril de 2017

Câmarra de Verreadorras vive tempos bicudas


POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo. Foceis virram a vídeo do debate boca sobre as galos de rinha no Câmarra de Verreadorras da nossa Xoinville? 

Freunde, é coisa parra encher a xente de orgulho. Minutas e mais minutas de purra filossofia galinácea. Agorra a xente xá sabe por que aquilo tem a nome de “sessón ordinárria”. É mesmo muito ordinárria. Só melhorrou quando começarrón a falar de culinárria. Porque tinha xente querrendo enfiar as bicharrocos no panela. Mas esdá errado. Todo mundo sabe que nón se come galo porque o carne é muito durra.

O primeiro a aparrecer foi o verreadorra Rodrigo Coelho, que queria cortar a pescoço das galinácios parra fasser uma ensopado. Mas nón teve canja. Aquela senhorra verreadorra que defende as animais entrou rasgando com as esporras (esporras é aquilo que as galos têm nos patas). Nón foi bonito, senhorra verreadorra. Porque Coelho também é bicho. E quem defende as galos tem que defender as outros animais.

Eu gosta do verreadorra Coelho. Mas porque ele erra vice da nossa querrida prefeito. Só tinha um esquisitice. O rapaz tinha o mania de se vestir de canarrinho com o camisa amarrela da CBF e ir parra o rua gritar: “forra o dona da galinheirro, querremos o galo velho do vice”. Nada a temer. Vice defende vice. E, aqui entre nós, virram o esperteza da nossa querrida prefeito, que tirrou dois coelhos do cartola? Trocou uma coelho por outra e ninguém notou.

A senhora verreadorra dos animais não lá foi fasser festinhas no pelo de ninguém. E quase chamou a Coelho de burra. Disse que os galinácias són muito intelixentes. Agorra nón tem mais dúvida. Depois da vídeo, está no carra que os galinhas són mais intelixentes que as verreadorras. Eles recebem salárrio por isso? É como diz a povón lá no nossa querrida Germânia: “Reden ist Silber – Schweigen ist Geld”. Falar é prata, calar é ouro.

O senhorra vereadorra defensora dos animais também disse que as galos de briga iam ser socialissadas. Esdá errado. Em Xoinville nón pode falar “socializar”, porque os pessoas pensam em socialismo. E vão acusar os galos de serrem esquerdopatas. Entenderrón? Socialistas de dois patas esquerdos. Ah ah ah. Ok... nón tem graça... esquece.

“Ein Scheit allein brennt nicht”. Um andorrinha só não faz verrão. E logo vierram outras verreadorras socorrer a pobre Coelho. Mas só atrapalharón. Porque a verreadorra defensorra dos animais chamou todo mundo de criança e disse que ali não é play e que não erra horra de brincar. Ooopa! Só faltou mandar ficar no canto com o carra virrado parra o parrede.

Mas acho que esquecerram de avisar as xoinvilense que aquilo erra a sérrio. Porque tá todo mundo achando que erra brincadeirra. É por isso que a nossa querrida prefeito nada de braçada quando tem que aprovar os coisas por lá. Os carras canton de galo, mas quando a nossa querrida prefeito manda um projeto, ficam todos mansinhos como o Piu-Piu, aquela passarinho dos desenhos da Frajola.

Veja o vídeo publicado no Canal ÉÉÉGUAAA.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Austeridade é o remédio que mata o paciente: o caso português

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Portugal, 2011. “Austeridade” é escolhida a palavra do ano. É um momento em que a crise econômica atinge um dos seus pontos mais dramáticos. Afundado numa recessão, o país vai às urnas e faz ascender ao poder o governo de direita (e ultraliberal) de Pedro Passos Coelho. E tem início um dos mais lamentáveis governos desde que a democracia foi instaurada em abril de 1974, com a Revolução dos Cravos.

Não foi o que podemos chamar um “governo”. O novo primeiro-ministro tornou-se um simples títere da “troika” formada pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Tudo o que fazia era aplicar a cartilha da austeridade determinada por essas três entidades. A população, rendida à “evidência” de que não havia alternativa, aceitou de forma passiva.

Mas os resultados da fórmula teimavam em não aparecer. Pelo contrário, as coisas pareciam ir de mal a pior. O remédio neoliberal parecia estar a matar o paciente. Houve  um ou outro aviso esporádico, que era logo abafado pela voz da “razão” dos poderosos. Não há alternativa. E viveu-se uma situação impensável. A estratégia do governo passava por empobrecer os portugueses e mesmo por estimular a emigração.

Em 2015, depois de quatro anos de um governo que levou o país à exaustão, vieram as eleições. E o partido de Passos Coelho conseguiu uma nova vitória. Mas os sistemas parlamentares têm as suas virtudes. De forma inédita na democracia portuguesa, as esquerdas (Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista) optaram por um acordo parlamentar que lhes deu uma maioria e permitiu formar governo.

Muitos vaticinaram o fim do acordo em pouco tempo. O convívio entre partidos de esquerda não podia ter futuro. Apeada do poder, a direita tentou realçar a esquisitice do acordo, apelidando a solução de “geringonça”. Mas as primeiras medidas do novo governo passaram justamente por reverter muitas das ações austeritárias (austeridade mais autoritarismo) dos anos anteriores. E a coisa tem dado certo.

Até este momento o resultado é positivo, apesar da enorme dívida externa do país, que muitos analistas classificam como impagável. Os dois parceiros mais à esquerda do governo socialista – Bloco de Esquerda e Partido Comunista – já falam em restruturação da dívida. A questão é séria, mas por enquanto a “geringonça” mostrou que é possível crescer sem austeridade. E é aí que mora o perigo. Porque muitos decisores da União Europeia não parecem particularmente felizes com o sucesso português.

Se um país abandona a política de austeridade (não foi totalmente extirpada) e ainda cresce, surge a evidência de que há alternativas à política austeritária. E a pior das evidências: muitos países foram sangrados por causa de políticas econômicas equivocadas. Aliás, é só lembrar que o FMI tem sido ziguezagueante nesse aspecto. Ora defende a austeridade, mas esporadicamente diz que não funciona.

Há gente pouco confortável com a situação. Um dos casos mais flagrantes é o do ministro alemão Wolfgang Schäuble, das Finanças. O sucesso português parece ter-lhe estragado o fígado e ele não perde uma oportunidade mandar recados azedos. Outro caso mais midiático foi o do holandês Jeroen Dijsselboem, que acusou os países do sul da Europa de gastarem o dinheiro com “mulheres e copos”. O preconceito é indisfarçado.

O fato é que Portugal mudou. Depois de quatro anos sombrios, os portugueses voltaram a sorrir. Os problemas não estão todos resolvidos (longe disso), mas há motivos para confiar. A economia cresce, o desemprego desce, os salários e as aposentadorias aumentaram e o déficit de 2016 foi o mais baixo da história da democracia. Aliás, até os feriados que haviam sido cortados por moralismo da troika foram repostos e trouxeram ganhos para a economia.

Enfim, a depender da experiência portuguesa parece que a austeridade não é o único caminho. É um remédio tão forte que pode matar o paciente. Enfim, parece haver alternativa. E a alternativa é a morte lógica neoliberal da TINA (there is no alternative).

É a dança da chuva.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Yhóóóóó!


Um paulistano perdido no trânsito da Joinville das maravilhas


POR JORDI CASTAN




Na quinta-feira, falei com um paulistano que vinha para Joinville no voo da TAM. Questionou o meu posicionamento crítico frente a atual administração. Disse que lia meus textos aqui no Chuva Ácida e que achava que havia exagero da minha parte. Insinuou até que haveria uma perseguição implacável à figura do gestor municipal e que isso tirava credibilidade aos meus textos.

Depois da conversa no aeroporto, cada um tomou o seu caminho. Eu peguei um uber até casa e ele alugou um carro para poder fazer todas as visitas que tinha agendadas para o dia. Algumas horas depois, recebi uma mensagem que gostaria de compartilhar aqui com os leitores.

Eis:
Me desculpe, achava mesmo que você exagerava nos seus posts no Chuva Ácida. Mas agora, depois de ficar por mais de 30 minutos parado no Iririú para avançar míseros 50 metros, acho que seus textos não refletem o caos em que a cidade está mergulhada. Depois de recolher o carro, e me dirigir ao centro da cidade por um trecho de avenida duplicada, me deparei com uma obra e uma placa indicando simplesmente 'desvio'. Nenhuma sinalização de segurança, nenhum guarda, nenhuma indicação de qual o caminho a escolher, se o da esquerda ou o da direita. Optei por seguir o maior fluxo. Pela rua Tuiuti. Uma rua estreita, esburacada e saturada pelo trânsito adicional que está recebendo. Em ambos os lados, comércios em toda a sua extensão, carros entrando e saindo, manobrando e o trânsito mais parado que avançando. Há um supermercado Rodrigues e, a partir dele, tudo estava parado. Em todo o caminho até chegar à rua Iririú, tampouco tinha algum guarda ou indicação de qual era o caminho a seguir para chegar ao centro. E nenhuma informação de qual era o bairro em que me encontrava. O asfalto em péssimo estado, sem sinalização horizontal e praticamente nenhuma placa de rua que me orientasse ou me oferecesse alternativas.

E prossegue.
O trânsito cada vez mais lento até parar completamente. O caminho tinha se convertido num estacionamento gigante. Esperava que a qualquer momento soasse uma música e vivesse a cena inicial do filme La La Land. Menos o dia ensolarado e o céu azul, o resto do cenário era o mesmo. Dezenas - provavelmente centenas - de carros parados, sem possibilidade de outra alternativa que seguir parados aí à espera de um milagre. Depois de mais de 30 minutos para percorrer uma quadra, cheguei ao cruzamento das ruas Iririú e Piratuba. Soube depois que a obra esta parada faz semanas que esta obra se alastra há meses. Se me ocorreu perguntar quem teria tido a ideia brilhante de jogar todo o trânsito dos bairros Aventureiro e Iririú, numa única pista. De novo nenhum guarda para orientar o trânsito, ninguém para por ordem. Um caos total. O que mais me surpreendeu foi a letargia dos motoristas. Nenhuma reação, todos como abobados. Parados por horas a fio, perdendo horas de trabalho, gastando combustível, numa situação que se alarga por meses sem que ninguém se importe. É um descaso. Uma vergonha.

Mas não é só.
“Fiquei pensando em como teria sido fácil organizar melhor o canteiro de obra no 'elevado' da Santos Dumont. Na verdade nem é propriamente um elevado, são dois morros de terra compactada com umas vigas pré-fabricadas. Convenhamos, é uma obra menor e não deveria criar tanto caos. Dei-me conta que é unicamente um problema de falta de gestão. Um gestor minimamente eficiente deveria ter previsto o que aconteceria e deveria ter tomado medidas para evitar uma situação como esta.

E finalmente...
“Falta sinalização indicativa. Falta cumprir as normas mais elementares de segurança. Faltam guardas. Falta planejamento. Faltam alternativas. Falta capacidade de execução. Falta tudo nesta cidade. Fiquei com saudade do trânsito de São Paulo que até hoje achava caótico. Descobri que há cidades com um trânsito muito pior. Siga escrevendo e mostrando a inépcia desta gestão. É incrível que ainda há gente que não saiba, eu mesmo achava que não podia ser verdade. Não só é verdade, se não que a realidade é muito pior.

É a Joinville das maravilhas...