terça-feira, 15 de março de 2016

Quero o meu país de volta. Que país?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Nos últimos dias, a rede de fast food Habbib’s lançou uma agressiva campanha de marketing, para suporte às manifestações do último domingo. Sem problema. As empresas podem estar associadas a causas políticas, apesar de ser sempre uma jogada de risco. Parece perigoso uma marca abrir mão de metade do público consumidor, como neste caso. Mas o pessoal do marketing da empresa deve saber o que faz.


No entanto, o apelo da campanha pareceu um tanto vago, em especial naquela parte em que diz: “quero o meu país de volta”. Que país eles querem de volta? Fiquei a maturar e como não cheguei a uma conclusão, decidi que hoje não teremos textão, mas um exercício gráfico para tentar entender o que o Habbib’s quer de volta. Será que é isto?

















É a dança da chuva.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Crise...de identidade.


A rua é de todos


POR JORDI CASTAN

Fui em 2015 e voltei de novo (aqui).  E voltarei à rua todas as vezes que seja preciso. Não se mudam as coisas desde o sofá. Há que agir, assumir riscos e se manifestar. Coisas que o brasileiro evita fazer. O brasileiro, e o sambaquiano ainda mais, historicamente evita se expor. É esta omissão a que tem permitido chegar ao ponto ao que temos chegado. E não vou me referir só ao Brasil, porque nem Santa Catarina e muito menos Joinville são ilhas de excelência, no momento em que o país faz água por todos os lados.

Omitir-se é deixar que outros ocupem os espaços que são de todos. Ainda não entendi por que havia tanto patrulhamento nas redes sociais, com qualquer um que se manifestasse a favor de manifestar-se no dia 13. Ou será que, sim, entendi? Será que há uma parcela da sociedade que se considera dona da rua? Que não gosta que outros possam se manifestar?

Eu fui. Vi gente de todas as classes sociais, famílias inteiras, em muitos casos até três gerações se manifestando. Externando a sua revolta contra a crise moral é ética que assola o Brasil. Ninguém distribuiu sanduíches de mortadela. A maioria dos cartazes tinham sido feitos de forma espontânea, sem muitos recursos e com uma boa dose de criatividade e de humor. O brasileiro da classe média estava lá. Aliás, essa classe média não era o grande resultado do governo que aí estaá? Não foi o governo quem tirou milhões da pobreza? Como essa gente desagradecida é quem justamente agora esta questionando o governo e o partido que conseguiu estes logros?

Vão dizer que quem estava lá eram os derrotados? É oportuno lembrar que a presidente não conseguiu que a maioria dos brasileiros a votassem: 21,10% não votaram, 1,71% votaram em branco e 4,63 anularam o voto. E um país em que votar é obrigatório.  O total de votos no outro candidato, os nulos, os brancos e as abstenções somaram mais de 75%. A essa maioria silenciosa, devem ainda se somar os descontentes com o Governo, se acreditamos nas pesquisas que mostram que menos de 10% aprova o governo da presidente. Não é surpresa que numa cidade em que a presidente não ganhou, mais de 30.000 joinvilenses estivessem ontem na praça da bandeira.

E agora? Pois provavelmente nada. Como antes. Este é um movimento que não tem líderes, nem uma pauta única. Em comum unicamente a revolta contra a corrupção, contra o governo federal e o PT. O número de participantes em Joinville e nas centenas de outras cidades e capitais aumentou muito com relação à março de 2015. Pelos dados divulgados até hoje, mais de 50%, números que não podem ser ignorados. O governo pode fazer de conta que não é nada, como fez no passado. Seria bom pensar melhor antes de ignorar de novo. O risco é que políticos oportunistas se aproveitem deste momento e dessa maioria desencantada da política e dos políticos tradicionais.

Falando dos oportunistas houve poucos, mas houve e não foram bem recebidos, em São Paulo concretamente, foram convidados a retirar-se.

sábado, 12 de março de 2016

Macacos Me Mordam #11


Dilma caiu!!!


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Dilma caiu. A pressão das classes alta e média, a conspiração da oposição, uma imprensa nada meiga e jigajogas jurídicas tornaram possível o impeachment. Houve até um lado picaresco: muitos “impeachmentistas” ficaram surpresos ao descobrir que, afinal, não seria Aécio Neves a assumir. O país passa a ser governado pelo vice Michel Temer, que tenta salvar o governo. Sem êxito.

Um PMDB historicamente ávido por cargos e benesses parte para o takeover. O governo é dominado pela velha política clientelista e desenha-se um novo alinhamento: o Palácio do Planalto nas mãos do PMDB, a Câmara de Deputados liderada pelo PMDB e o Senado com um presidente do PMDB. A lista de Janot é esquecida. Renan Calheiros e Eduardo Cunha se fortalecem no vórtice das decisões.

Nenhum país escapa incólume à queda de um presidente. Uma mudança traumática de governo, ainda mais num regime que se queria democrático, traz indícios de caos. A instabilidade política provoca o recuo dos investidores. Os projetos destinados à produção e à geração de empregos são abortados. Há uma sangria na economia e desaparecem os recursos públicos capazes de alavancar os investimentos.

Com a economia paralisada, o governo corta nos programas sociais e tira ainda mais dinheiro do mercado. O consumo das famílias cai e leva o setor produtivo à crise. Sem soluções para escoar os seus produtos, os fabricantes começam a demitir e arrastam o comércio. Sem trabalho e dinheiro, as famílias ficam sobre-endividadas. Para buscar recursos, o governo aumenta os impostos.

O leitor e a leitora devem estar a estranhar este exercício de futurologia e imaginação. Fazer previsões, em especial sobre o futuro, é cada vez mais arriscado. Mas é apenas uma forma de, como um jogador de xadrez, tentar antever movimentos. Há joinvilenses que pretendem sair às ruas no domingo, muitos a sonhar com o impeachment de Dilma Roussef (que até o momento não é acusada de qualquer crime). Mas o sonho corre o sério risco de virar pesadelo. O caos institucional nunca construiu boas sociedades.


É a dança da chuva.