POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Na
quinta-feira passada aproveitei para ir a um outlet perto de Lisboa (como fica
perto de casa vou lá algumas vezes). Para quem não conhece, são shopping centers onde
se encontram produtos de marcas famosas a preços mais baixos. Nike,
Adidas, Asics, Dockers, Converse, Armani, Hugo Boss, Lacoste, Dolce Gabbana ou
Puma. Enfim, o paraíso do consumo.
O
centro comercial está quase sempre lotado. E há muitos brasileiros, sempre
faladores e carregadíssimos de sacolas de compras. As estatísticas dizem que,
lado a lado com os angolanos, os brasileiros são os consumidores mais ávidos, gastando, em média, 190 euros por visita. Ou seja, superam os europeus
em termos de gastança. É natural a volúpia pelo consumo de marcas de
luxo. O preço compensa.
Na
semana passada, entrei na fila para pagar e o rapaz do caixa, praticamente escondido atrás de uma autêntica pilha de compras, pediu que eu esperasse. O cliente tinha ido buscar uma camisa. Um pouco depois o homem reapareceu
com três camisas nas mãos e perguntou se havia outras cores, porque queria
comprar mais.
Ora, a cena é comum e podia passar despercebida. Mas houve um momento curioso. A filha do homem achegou-se ao
balcão, pegou numa camisa amarela e brincou com a mãe: “olha, o pai está
comprando o uniforme para a Paulista”. A mãe sorriu, o pai pagou a conta e saiu
em busca de novas lojas para usar o seu cartão de crédito.
Essa
febre de consumo não é caso único. Já vi brasileiro a pagar alguns "micos consumistas". Enfim, não tenho qualquer pesquisa em
mãos, mas usando o olhômetro sou capaz de afirmar que esses brasileiros são
os mesmos que, no Brasil, vivem a reclamar que o país está a um passo do abismo
e que assim não é possível viver.
E,
claro, vestem camisas amarelas para ir à Paulista. Às vezes compradas na Europa.
É
a dança da chuva.