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Reprodução da página Anarcomiguxos III |
POR FELIPE SILVEIRA
A edição do fim de semana do jornal A Notícia traz uma uma reportagem sobre “os quatro nós da segurança pública” em Joinville. Chamou-me atenção que nenhum deles “bate” com os nós que eu julgo existir. Não quer dizer que eu esteja certo, mas evidencia que o jornal apresenta, senão uma visão ideológica do problema, uma visão limitada.
São os nós do jornal:
- falta de policiais pra atividade ostensiva
- falta de policiais pra investigação
- falta de condições no presídio
- atraso para a chegada das câmeras de vigilância.
Eu gostaria de dizer que se trata de tapar o sol com a peneira ou tratar câncer com aspirina. Mas não é. A defesa de mais repressão é ideológica. Mais PM, mais vigilância, mais repressão, mais defesa da propriedade, que é o que importa numa sociedade burguesa.
Também é curioso notar de onde parte a reclamação da falta de policiais. Na rua onde eu moro, na periferia da cidade, não falta policial na rua. É viatura pra lá e pra cá o dia todo. E acredito que assim seja em toda região periférica de Joinville. Será que falta PM mesmo?
Tenho pra mim que os nós sejam outros. Cito alguns:
- Desmilitarização da polícia militar, por exemplo. Não basta por si só, mas já é um grande passo para a reformulação de uma instituição autoritária e violenta como a PM.
- Inclusão social de jovens da periferia por meio da educação, da cultura, do esporte e do lazer. E quando chegar o momento certo, pelo emprego também.
- Reformulação da cidade que não trate a periferia apenas como um dormitório para os trabalhadores.
- Reformulação do Código Penal e uma nova postura do Judiciário em relação aos presos e presas e aos processos em andamento.
- Legalização da maconha e de outras drogas também como forma de tirar poder do tráfico.
- Caminhada a passos largos rumo à igualdade.
- Educação para o combate à violência, sobretudo contra mulheres e minorias de modo geral.
É característica da sociedade no neoliberalismo tratar as questões de maneira compartimentada. Assim, quando o assunto é segurança pública, discute-se quantidade de policiais e a quantidade de câmeras de vigilância. Porém, na prática uma coisa é ligada com outra. Violência é apenas um sintoma, como uma febre, de um problema maior. Descer o sarrafo não é a solução. Pelo contrário, é dar sal pra quem tá com pressão alta.
A solução é justiça social, busca pela igualdade e uma educação transformadora. Os jornais têm responsabilidade quanto a isso. E, como tudo está ligado, talvez um grande primeiro passo seja a democratização da mídia.