terça-feira, 1 de outubro de 2013

É sempre tempo de começar coisas novas

POR ET BARTHES
Um filme sobre como as pessoas veem a vida passar.


A morte do Cão Tarado


Esse e o transporte público que você quer?

POR JORDI CASTAN

É um vai e volta. O tema da licitação do transporte coletivo em Joinville acaba por vir sempre à tona. Não sai nunca de pauta, porque é um tema em que o poder público optou pela conveniente procrastinação.

Quem é o maior beneficiado – ou beneficiados – com a prorrogação da situação atual? Esta é uma pergunta que tem muitas respostas. A única resposta que não encaixa é esta: o que o usuário do transporte coletivo ganha com a postergação da licitação?

Que não haja um amplo debate com a sociedade sobre o modelo a ser implantado em Joinville, ou que depois de anos de estudos o que se proponha seja mais do mesmo, é uma prova que falta capacidade para ir além do trivial. A demora é provocada mais pelo esforço em manter a situação atual e menos pelo fato de que se possa estar elaborando uma proposta moderna, avançada e melhor que a atual.

Alguns dos pontos que têm vazado, de forma pontual e parcial, devem servir para iniciar o debate, que este post relançar. O primeiro ponto é que as atuais permissionarias têm direito a um passivo econômico significativo por conta das vezes que os prefeitos de plantão fizeram politicagem com o preço da passagem. Seja concedendo aumentos abaixo do cálculo da planilha, seja postergando aumentos que, se concedidos, poderiam se converter em argumento dos oponentes durante a campanha eleitoral. Essa situação cria uma vantagem significativa para as atuais operadoras do sistema.

Outro ponto a ser destacado é a contratação por parte da Prefeitura Municipal de uma empresa de consultoria especializada, para auxiliar na elaboração do modelo de licitação. Não haveria problema se, pasmem, a consultoria fosse a mesma que presta serviços para as empresas Gidion e Transtusa. Uma situação no mínimo estranha. Pode ser que haja poucas empresas de consultoria nessa área, mas a situação e no mínimo estranha.

Também o tema do número de empresas que operarão o sistema vem com frequência à tona. Neste quesito, chama a atenção gente que, com pose de esclarecido, defenda a teoria que a participação de um maior número de empresas reduzira a tarifa. Defendem os que acreditam nessa falácia que mais empresas operando sistema, haverá una tendência baixar o preço da passagem.

Alguns pontos são evidentes. A falta de noções elementares de como funciona o serviço público, o desconhecimento de economia básica e a dificuldade de lidar com preços diferentes para o mesmo serviço. Como se fosse possível que cada empresa praticasse uma tarifa diferente ou dizer agora que o preço atual esta muito alto e deveria baixar. Se o preço atual estivesse alto, os prefeitos anteriores não precisariam aumentar tanto a tarifa e tampouco haveria um passivo acumulado.

Se ao longo do tempo a tarifa tem aumentado muito acima da inflação, e o poder público tem concedido os aumentos solicitados (depois de fazer um pequeno jogo de cena para iludir a patuleia) é evidente que o nosso sistema é cada vez mais caro e menos eficiente. Não há nenhuma sinalização no sentido de reduzir o custo pela melhoria da eficiência.

Um bom exemplo disso é a passagem única que encarece de forma brutal os percorridos curtos e subvenciona os trajetos mais longos. Contribuindo a uma cidade mais espalhada e menos eficiente. Se a passagem entre o Terminal Central (um anacronismo) e a estação da memória custa o mesmo valor, uma viagem entre o Rio Bonito e o Catarinão é evidente que há um desajuste, em quanto um é muito caro o outro esta subvencionado.

Também o número e a proximidade dos pontos de ônibus, contribuem para um sistema menos eficiente. Os especialistas asseguram que o para e arranca consome muito combustível, pneu e aumenta o tempo de viagem e cria mais desconforto para passageiros.


Como último ponto, deste que pretende ser o início de um debate, trago a falta de propostas concretas sobre o modelo de transporte coletivo que fica firmemente ancorado no passado, baseado na matriz dos combustíveis fósseis. Em que o pneu o petróleo são o modelo e não há espaço previsto para que a fantasiosa Joinville do milhão de habitantes nos próximos 30 anos projete um sistema de transporte coletivo diferente do atual ancorado firmemente no século passado.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Matar Hitler ainda criança

POR ET BARTHES
Atenção, não é um comercial da Mercedes. É apenas um comercial de estudantes de cinema  alunos da Academia de Cinema do estado alemão de Baden-Württemberg. Mas está muito bem feito tecnicamente que até parece.



Só a ciclofaixa não funciona

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Fonte: http://anoticia.rbsdirect.com.br/imagesrc/7255243.jpg?w=620
O acidente deste final de semana envolvendo automóvel e bicicleta no bairro Boa Vista me fez repensar algumas coisas, principalmente em relação à efetividade de uma ciclofaixa. Está cada vez mais claro que, diante de um conjunto de fatores, a ciclofaixa é enganosa, insegura, e não inclui o ciclista - só o expõe.

Até pouco tempo, acreditava na ciclofaixa como uma solução para amortizar o conflito existente entre bicicleta e automóvel. Acreditava também que ela era a solução mais barata, visto que os órgãos públicos possuem pouco poder de investimento. Pensava na ciclofaixa como o primeiro caminho para repensar o papel da cidade, abrindo espaço para os modos não-motorizados de transporte. Olhava para a ciclofaixa como uma maneira de abrigar os mais de 11% dos deslocamentos feitos por bicicleta na cidade. Triste engano, confesso.

Está muito claro que a ciclofaixa não dá segurança. Tachões e pintura diferenciada não impedem de um acidente acontecer. O ciclista, juntamente com o pedestre, não possuem condições de concorrer com o automóvel no mesmo espaço, devido à potência do motor destes. E cada vez mais as ciclofaixas estão ficando estreitas, desconexas, e longínquas das vias secundárias (perfeitas para eliminar o conflito intenso com os modos motorizados de transporte).

Precisamos parar de medir ciclofaixas pelos quilômetros, mas medir a quantidade de pessoas transportadas em segurança por dia. E se esta conta for feita corretamente, o déficit é enorme, considerando todos os fatores que ocasionam a sensação de insegurança da ciclofaixa.

O que resolve, então?

Primeiro, as utopias (pois está longe de aparecer algum Prefeito no Brasil que pense assim): adensamento urbano e criação de vias segregadas para o ciclista (as famosas e quase esquecidas ciclovias). Adensar a cidade significa se locomover pouco para os afazeres diários. Se a locomoção é curta, a bicicleta pode ser uma boa opção, pois é rápida, custa pouco, e é ambientalmente correta. Ou ainda: se a cidade é adensada, o transporte coletivo pode ser mais eficiente e incluir mais pessoas, eliminando a necessidade de se ter um carro, conforme já expliquei aqui, aqui e aqui.

Por outro lado, a realidade: tirar as bicicletas das principais ruas da cidade, "colocando-as" em vias secundárias e alternativas. Infelizmente, o automóvel domina a nossa sociedade, ainda mais uma cidade como Joinville, onde quase 1/3 dos deslocamentos são feitos por este modo de deslocamento. Não há como concorrer. O poder público, então, necessita pensar em formas diferenciadas para quem usa a bicicleta, e não apenas incentivando o conflito com um tachão de "anjo da guarda". Entre andar junto aos carros ou andar em vias com menos tráfego, com ciclovias e maior respeito, preferiria a segunda opção, sem dúvidas.

Enquanto uns pensam que "todo cidadão terá seu carro um dia", outros pensam que "a cidade será do cidadão um dia". De que lado você está?