sábado, 23 de fevereiro de 2013

Papai o que você achou do jogo?

POR GABRIELA SCHIEWE

Hoje é um dia especial, vou com o papai ver o jogo do "Estrelas", meu time de coração, pela primeira vez.

A ansiedade está demais, não estou conseguindo segurar, sem chance de comer alguma coisa, nem tenho fome, imagina, vou estar pertinho dos meus idolos, isso é sensacional.

Papai sempre me conta das histórias dele nos estádios e ele também não via a hora de poder me levar junto a um grande jogo.

Comprou uma camiseta novinha, que o "Estrelas" lançou faz poucas semanas, para nós dois irmos fardados e ficarmos junto com a torcida apaixonada. É incrível, não acham?

A mamãe saiu, está furiosa que o papai vai me levar no jogo, disse que deveria esperar um pouco mais. Tudo bem, quando chegar em casa conto para ela como foi e tudo fica bem.

É chegada a hora, vamos papai? Estou pronto!

Papai, o que você achou do jogo?

Foi perfeito não achou? o "Estrelas" brilhou como nunca, foi mágico, parecia coisa de outro mundo.

Nossa a mamãe continua brava, não quer saber de falar comigo. Acho que ela não gosta do "Estrelas".

Tenho certeza que o "Estrelas" será campeão e irá brilhar no lugar mais alto de todos...

Papai porque você não me responde? Será por que estou aqui em cima? Você não me escuta?

Nossa você está chorando? Mas o "Estrelas" ganhou, não ficou feliz com o gol de placa que o "Sinalizador" fez?

É, realmente a magia que existe num campo de futebol é inexplicável e intangível.

Neste jogo apenas uma estrela se enalteceu, no exato momento que ela deixou de brilhar por uma jogada imperiosa e que acertou no alvo, no alvo do meu coração...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sobre a tragédia em Oruro e a violência em estádios



POR FELIPE SILVEIRA

Como ser humano lamentei muito a morte do torcedor boliviano de apenas 14 anos que foi atingido por um sinalizador atirado por um torcedor do Corinthians que estava na arquibancada do estádio de Oruro (Bolívia) para ver San Jose e Corinthians pela Copa Libertadores da América. Como corintiano eu lamentei mais ainda. Apesar de não ter nada a ver com o sujeito que cometeu a atrocidade, não deixo de sentir uma ponta de culpa nessa situação, já que tantas vezes me orgulhei do show que a torcida fiel dá nas arquibancadas.

Lamentei muito e procurei não opinar sobre a situação até agora. Não sei qual punição é justa, não sei qual é exemplar, não sei qual resolve o problema e não sei qual pode ajudar a confortar a família do menino que foi vítima da nossa violência. Não sei e duvido que alguém saiba, apesar do barulho feito nas redes sociais, motivados, principalmente, por clubismo, raiva e desejo de vingança.

O que sei, no entanto, é que algo precisa ser feito, antes que mais tragédias aconteçam (e não falo aqui em tragédia maior porque a morte de um menino de 14 anos já é gigantesca). E, para algo ser feito, é preciso debater e trabalhar com a conscientização.

Defender a extinção das organizadas é uma tolice. Não são proibições que inibem esse tipo de comportamento. Aliás, quanto mais empurrar para a margem, pior. Eu, particularmente, não gosto da cultura das organizadas – sim, há uma cultura e você pode pesquisar sobre isso –, mas são elas, na maior parte das vezes, que fazem o espetáculo do futebol. Muito mais sensato seria estabelecer regras de segurança em conjunto com as organizadas. Por exemplo, os fogos e sinalizadores fazem parte do show da torcida, então a proibição dos artefatos só pioram a situação, empurrando o torcedor para a marginalidade. Discutir com a torcida a forma de fazer isso de forma segura me parece bem mais inteligente. Até porque as torcidas fazem isso nos estádio há décadas e sabem como fazer.

Além de estabelecer o diálogo, também é preciso combater a cultura/cultivo da violência (e não estou dizendo que essa é a cultura das arquibancadas) com educação. Não tenho ideia de como fazer isso, mas quando grupos identificados com camisas se desafiam e se enfrentam na porrada é porque algo de errado há na sociedade.

Por último, é claro que eu defendo a punição dos culpados. A impunidade e a sensação de estar protegido no meio da multidão perpetuam a prática da violência – e não só nos estádios. A partir do momento que houver punição, coletiva e individual, o comportamento vai mudar. Se tragédias vão deixar ou não de acontecer eu não sei, porque a violência está em algum lugar em nós, mas é importante fazer algo para não alimentá-la.

Cão Tarado



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E os "ataques" continuam...

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O Estado de Santa Catarina, desde o fim de 2012, até o começo deste ano, vem acompanhando uma série de crimes cometidos por todo o território (total de 37 cidades atingidas). Supostamente organizados, criminosos incendeiam carros, ônibus e cometem atentados a postos da polícia. O governador Raimundo Colombo, após muita insistência (e apelo de setores da mídia) aceitou o "reforço policial" da força nacional para combater estes criminosos.

Este episódio só retrata o patético momento da segurança pública catarinense. Profissionais mal remunerados, sem estrutura, sistema carcerário desintegrado e outros diversos problemas compõem a realidade de nosso estado. Os "ataques" estão repercutindo agora, mas há anos esta "onda de violência" atinge Santa Catarina. Entretanto, ela era responsável pela morte, em sua grande maioria, do jovem, do negro, do "favelado", do ser "invisível socialmente". É aquele que passa todo dia no programa policial e vira "mais um".

Agora que atinge a propriedade privada de grandes empresários do setor de transporte, o governo se preocupa e a grande mídia faz com que nosso estado pareça estar numa guerra civil de dar inveja a vários países em conflito. Por qual motivo os altos índices de assassinatos não eram combatidos nos anos anteriores? Por qual motivo nunca se buscou uma solução para o sistema carcerário estadual, criando políticas que promovam a reinserção do preso, e não apenas uma "jaula humana"? O governador nos deve muitas respostas. E a grande mídia, parcial, promotora de grandes interesses de pequenos grupos, também.

Enquanto este circo acontece, tudo continua na mesma: "ataques" continuam, presos são transferidos para presídios federais (enganando os trouxas-analistas-de-sofá) e o pobre, jovem e negro continua morrendo pelos motivos que já conhecemos há décadas. Sem escola, sem emprego, sem cultura e sem perspectivas, o caminho da violência encontra-se escancarado. Matar ou morrer, nessa altura da vida, para estes cidadãos, é a mesma coisa. Já para o governador e sua equipe, vira índice do IML, publicado na mesma imprensa parcial e os "ataques" são "danosos para a economia catarinense".

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre aborto

Eu sou a favor da legalização do aborto. 
Não faria. Acho que tem muitas formas de evitar uma gravidez.
Interrompê-la com aborto gera uma série de procedimentos médicos que exigem uma delicada recuperação, e eu não gostaria de passar por isso.
Mas essa sou eu, Fernanda.

Penso que em muitas outras situações as mulheres devem, sim, ter o direito de decidir se querem ou não levar uma gravidez adiante. Afinal, no momento em que ela estiver com os filhos nos braços, não é o Estado que vai arcar com suas responsabilidades. Ela vai criar o filho com quê? Bolsa família?

Aqui na Suécia existe a lei do aborto livre existe desde 1975.
As mulheres tem o direito de interromper a gravidez até a 18ª semana sem ter que justificar o motivo.
Após a 18ª semana apenas se o feto ou a mulher apresentar alguma condição médica séria, a ser analisada. Depois da semana 22 é proibido.
Esse direito não é considerado um problema de saúde pública, mas sim, uma questão de direito humano. Direito da mulher sobre o seu corpo.

Na cartilha do sistema de saúde sueco existe uma explicação detalhada de como o processo acontece. Aconselha-se a mulher para que pense bem antes, converse com pessoas de confiança, com médicos e tome uma decisão bem informada e bem pensada.


Eu compreendo que algumas religiões entendem que o aborto é um assassinato.

Mas o estado brasileiro é laico, e deve abranger em suas leis pessoas de todas as religiões ou de nenhuma religião. Não deve levar específicas crenças religiosas em consideração, mesmo que represente "a maioria". A lei trata do direito de TODOS.

Para as mulheres religiosas existe uma solução prática e simples: não abortem.
Não é porque o aborto pode ser liberado que as mulheres serão obrigadas a fazê-lo.
Fará quem quiser.

Todos os anos 40 a 50 milhões de mulheres fazem aborto.
Aproximadamente 20 milhões desses são ilegais. Em 16% desses casos, as mulheres morrem.

Do Wikipedia:
"Em janeiro de 2012 uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde revelou que a prática do aborto é maior nos países em que ele é proibido e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com altos riscos para a mulher. Entre 2003 e 2008, cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões tiveram consequências graves na sua saúde, decorrentes da prática do aborto. Quase todas as interrupções de gravidez intencionais realizadas de maneira insegura, aconteceram em nações em desenvolvimento, na América Latina e África. "O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e complicações poderiam ter sido facilmente evitadas", disse Gilda Sedgh, pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do estudo.

Não vale a pena legalizar? 


"“E se o bebê que você abortou pudesse ter encontrado a cura do câncer?”
E se a pessoa transexual espancada até à morte pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se o adolescente gay que se suicidou por causa de bullying pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela jovem menina vendida pro tráfico sexual e morta por doenças sexualmente transmissíveis que não foram tratadas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se um desses centenas de milhares de civis que foram mortos durante a guerra pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela mulher que foi estuprada e depois morreu de complicações internas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se todas as pessoas do planeta que não têm acesso ao ensino superior e viverão e morrerão na pobreza pudessem ter encontrado a cura do câncer?"
(Original em inglês: http://jenerally.tumblr.com/post/13110577934/what-if-the-baby-you-abort-could-have-cured-cancer)