terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Bolshoi precisa se voltar mais para a comunidade local

POR CHARLES HENRIQUE

O Bolshoi, mais famosa companhia de balé do mundo, abriu uma filial em Joinville há mais de dez anos, atraída (dentre várias aspirações políticas) pelo nosso nickname de “Cidade da Dança”. A sensação de lá pra cá é de que as portas do Bolshoi poderiam estar mais abertas para a população num geral. No atual momento elas se encontram entreabertas para poucas apresentações e audições.

Tudo se justifica se levarmos em conta o dispêndio de dinheiro que as iniciativas pública e privada promovem para manter esta entidade, e compararmos com a contrapartida social da mesma:

“O repasse por isenção de impostos representa quase metade do orçamento total que a Escola do Bolshoi dispõe. A outra fatia - cerca de R$ 3,5 milhões - é completada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte.” (ANotícia, 8/2/2012)

Aliás, este repasse do Governo do Estado é o maior investimento em políticas culturais aqui em Joinville. Encaram erroneamente o Bolshoi como uma política pública. Esta prática começou com o então Prefeito que trouxe esta escola de balé pra cá, e, quando ele se tornou Governador, só a ampliou.

Qual a contrapartida da Escola pelo investimento? Em 2011, mais de 50% dos selecionados são moradores de Joinville, e, com o lançamento do projeto “Bolshoi para Joinville” tivemos algumas apresentações aqui na cidade. Um avanço se compararmos a anos anteriores. Porém, quando a Casa da Cultura foi interditada e centenas de crianças ficaram sem as suas aulas de balé, o Bolshoi não foi solidário. Quando me refiro a “se voltar mais para a comunidade” é justamente sobre esse aspecto comunitário que o Bolshoi não tem: é uma escola comandada pelos russos (com sua metodologia mundialmente reconhecida) e que recebe muito dinheiro de investidores, sem diálogo com a sociedade.

Entretanto, como tem investimento público e é encarado como política pública, só apresentações e jovens locais selecionados para serem “alunos” não bastarão. O Bolshoi precisa usar de seu grande nome para difundir pela região a sua qualidade, somando mais ainda com a cultura já existente por aqui. Visitar as escolas da região com maior freqüência, promover intercâmbios com outras academias de dança, reverter os ingressos das apresentações para entidades beneficentes, e cobrar do Estado para a vinda de um curso superior gratuito em Artes na UDESC (universalização do acesso ao conhecimento) são alguns exemplos.

A Escola de Balé da Casa da Cultura, as outras companhias de dança, e todos os demais envolvidos com este segmento, por enquanto, assistem de camarote a centralização dos recursos do Governo do Estado aportados no Bolshoi, sem nenhum intercâmbio, ou troca de experiências. A cidade está perdendo uma grande oportunidade, pela falta de articulação de um lado e desinteresse do outro.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

É isso, Boris Casoy? Lula matou a dona da Daslu?


POR ET BARTHES

O governo Lula contribuiu para matar a dona da Daslu? É o que afirma o pessoal do canal Ladrão de Minutos, no título deste filme, que está entre os mais vistos no Youtube, com mais de 100 mil acessos. Na edição do último dia 24, no Jornal da Noite, o jornalista Boris Casoy sugere que o governo Lula teria contribuído para a morte da dona da empresa de produtos de luxo. Será? O que você acha? Lembre-se que ela morreu de câncer. Ah... e no final do texto, Casoy dá uma espirradinha. Será alergia a alguma coisa?



Vai faltar ventilador

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Depois de um mês em Joinville, fiquei ansioso pelas próximas eleições. O leitor e a leitora sabem como é a vida de jornalista. A gente nem precisa procurar as pessoas, porque sempre aparece alguém louquinho para contar os podres dos políticos e jogar merda no ventilador. Então, é só anotar os depoimentos.


Mas tenho uma má notícia: pelo que pude ver e ouvir, vão faltar ventiladores. É merda a mais. Ou estou muito enganado ou as próximas eleições serão ricas em dossiers. Tem muita gente ocupada em compilar os podres dos adversários. Podres, podres e mais podres (com ou sem provas). E numa época em que as redes sociais não estão sob controle, a coisa pode ficar divertida.


Parece que há dossiers para todos os gostos. Tem laranja. Tem amante. Tem corrupção. Tem assessor que virou inimigo. Tem sacanagem. Tem desaparecido que pode reaparecer. Tem enriquecimento ilícito. Tem ostentação. Tem facada nas costas. Tem aliança por baixo do pano. Tem fariseu. Tem trairagem. Enfim, todos os ingredientes necessários para fazer um novelão. Só que é a vida real.


O leitor e a leitora devem estar a pensar que neste momento eu começo a dizer os nomes dos santos e os milagres. É claro que não. Não vou correr o risco de ser processado, mesmo sabendo (in off) que tem neguinho mais sujo do que pau de galinheiro. O meu negócio é esperar, assistir de camarote e me divertir com os acontecimentos. E acho que vem chumbo grosso por aí.


É claro que há muita boataria nesses dossiers. Mas em política muitas vezes os boatos viram fatos. Basta que os eleitores acreditem. E não adianta: fatos ou boatos, o certo é que se esses dossiers começarem a vir a público (repito: as redes sociais são incontroláveis) haverá reputações tão sujas que nem Omo Total vai conseguir lavar. 


Ok... mas todos sabemos como é a política. Às vezes essa gente prefere dar os anéis para não perder os dedos. É possível que os tais dossiers de uns sirvam como moeda de troca para comprar o silêncio de outros. É a tal negociação política. Mas, em todo caso, hoje em dia a sociedade está mais vigilante - e com maior poder de expressão - e essa lógica pode sair furada.


Vamos esperar e ver o que acontece. É tudo uma questão de dar tempo ao tempo. Porque cochilou, o cachimbo cai.


P.S.: Se você sentiu falta de nomes e fatos, não se preocupe. Porque muitos estão na boca do povo e mais cedo ou mais chegarão até você. O povo é sábio. Não esqueça: vox populi, vox dei.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O ateísmo não é uma religião


POR ET BARTHES

Tem gente que ainda discute religião. Mas tão chatos quantos os religiosos são os ateus que fazem do ateísmo uma religião. É o tema deste excerto do comediante Bill Maher, apresentador do programa Time With Bill Maher, na rede norte-americana HBO. O filme tem cinco minutos de duração, mas é legendado e a diversão é certa.



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cinemark em Joinville

POR JULIANO REINERT


Constantemente ouço pessoas chiarem: “O Cinemark é melhor! Deveria ter Cinemark em Joinville!”. Me pergunto: por quê?

Espere! Deixe-me tentar compreender as razões: com um concorrente, o preço da entrada do cinema seria mais barato, certo? É... isso até é um bom motivo. Mas não penso que o Cinemark, uma exibidora multinacional, viria a Joinville cobrar um preço mais acessível para assistir a um filme na sala escura. E mesmo que cobrasse, há poucos anos tínhamos uma concorrente do GNC – que hoje monopoliza este serviço: o Arco-Íris, no Shopping Cidade das Flores, que fechou as portas por falta de público. Tá que o Arco-Íris deixava muito a desejar. Mas se a preocupação das pessoas era pagar mais barato, não aproveitaram a chance.

Então, se não for isso, é porque teremos sessões de cinema alternativo, e não somente os blockbusters hollywoodianos. Ok. Mas então por que o Ciclo de Cinema da Fundação Cultural de Joinville (que acontecia no Complexo Antarctica) e aqueles promovidos pelo IELUSC e pela UNIVILLE nunca vingaram? Tudo bem que o local para exibição de filmes lá na Antarctica parecia mais uma cozinha (vergonhoso improviso), mas o SESC também promove exibições de filmes em um ambiente excelente. E de graça! E cadê o público?
Se cinema alternativo gratuito não dá público, porque pagar para isso no Cinemark?

Deve haver mais razões para essa necessidade (inexplicável) de muitos joinvilenses (por motivos estapafúrdios) justificarem que a melhoria na qualidade de exibição cinematográfica em Joinville está diretamente ligada à vinda de uma nova grande rede exibidora à cidade.

Circula-se um boato pelos corredores do Cidade das Flores que o cinema de lá, em breve, será reativado. Especulações, apenas.

O fato é que Joinville não tem cultura para o cinema. E, se algum dia quisermos que isso aconteça, é necessário educar as pessoas para respeitarem essa arte. E isso não tem nada a ver com o Cinemark.
Aquele filme joinvilense “As Estrelas Me Mostram Você” não pode ser gravado aqui porque precisaria interditar ruas (!). Nem de grande parcela da população, nem do poder público existe esse respeito com a sétima arte por aqui.

A antiga sede da prefeitura deveria se tornar um estúdio de cinema, colocando Joinville na rota de cidades conhecidas por desenvolver este tipo de trabalho. Não me surpreende que o local esteja abandonado e o projeto não tenha vingado.

O prédio – tombado – do Cine Palácio, hoje, como todos sabem (será que sabem?) é uma igreja. E está alterado, além de, atualmente, não servir em nada para que joinvilenses e turistas o usufruam como patrimônio municipal. Alguém se importa com isso?

É... infelizmente Joinville tem o que merece: a cerimônia do Oscar pela metade, na Globo, depois do Big Brother Brasil.

Juliano Reinert é jornalista, mantém um blog sobre cinema e outro sobre assuntos gerais. É escritor e cinéfilo.