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quinta-feira, 10 de maio de 2012

O inimigo externo

POR JORDI CASTAN

A Albânia é um país relativamente pequeno. Situado nos Balcãs, faz divisa com Montenegro, Kosovo, Macedônia, Grécia e é banhado pelo mar Jônico.
No pós-guerra ficou no lado comunista da Cortina de Ferro e se converteu numa das piores e mais fechadas ditaduras comunistas da época. E escolheu a aliança com o comunismo radical de China de Mao, que o stalinismo soviético considerado moderado demais.

Durante os anos mais duros da ditadura o governo criou o mito do inimigo externo como uma forma de manter a população preparada e unida para defender o país da ameaça que vinha de fora. Numa época em que o país tinha menos de 2,5 milhões de habitantes, foram construídos mais de 700.000 bunquers para formar uma linha de defesa para proteger o pais. Mais de um bunker para cada família. Nunca existiu um perigo real e imediato de invasão por parte de nenhum vizinho ou de nenhuma potencia estrangeira. A Albânia era - e continua sendo - um objetivo estratégico pouco importante para que alguem possa imaginar uma invasão.

Criar inimigos externos reais ou imaginarios é uma pratica comum na política. A Argentina fez isto em plena ditadura militar, para unir um pais e uma sociedade fragmentada frente a um suposto inimigo externo. O resultado foi a desastrada guerra das ilhas Falklands/Malvinas. Agora de novo tentou reviver o tema das ilhas, com pouco êxito e optou por fazer da expropriação do capital espanhol na petrolera YPF, uma nova versão de união de todos contra um inimigo externo. A Bolívia vem fazendo isso em doses menores, com maior frequência. A brasileira Petrobras já foi vítima deste jogo político.

Ao nível local há uma propensão de também construir - ou até inventar - inimigos  externos ou internos.
Às vezes é o Governo do Estado, outras o PI (Partido da Ilha), outras os estados vizinhos e, em épocas passadas, o governo federal, nosso atual melhor amigo. Outras vezes os inimigos são internos, as viúvas de um , os aliados de ontem,  os críticos de sempre. Às vezes até os elementos da natureza têm sido apresentados como inimigos que ameaçam a paz e a harmonia desta magnífica cidade.



Mas é bom saber separar os inimigos reais dos fantasmas e dos monstros imaginários, que inventamos para amedrontar crianças e eleitores.