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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Desenvolvimento asinino




POR JORDI CASTAN

Quando os engenheiros aeroespaciais iniciaram os projetos para enviar o homem à Lua ou mais recentemente previram uma missão a Marte, sabiam de todas as suas limitações. Mas vão além das inerentes à força da gravidade e os complexos cálculos matemáticos. É bem sabido que todo o programa espacial define a forma e o tamanho dos seus mais modernos foguetes a partir das medidas das ancas das mulas e cavalos, que puxavam as bigas nas estradas construídas pelo império romano construiu para alicerçar o seu desenvolvimento.

A largura de ruas, carroças e, posteriormente, dos trilhos dos trens e inclusive dos carros e caminhões de hoje, foi pautada pelas mesmas medidas. Um par de ancas passou a ser o “modulor” de toda a nossa mobilidade urbana, das nossas ruas e das nossas cidades.

Hoje as cidades buscam romper moldes e estabelecer novos parâmetros de desenvolvimento. Ao romper com referenciais e ousar, correram riscos. E, em geral, quando os riscos não são bem calculados paga-se muito caro.

Em Joinville, para citar alguns exemplos, temos um Fórum que não previu estacionamento. Quando o projeto foi apresentado, com pompa e circunstância, não foram poucas as críticas que alertavam para o que aconteceria, tanto pela falta de previsão, como pelo polo gerador de tráfego em que o Fórum se converteu. A ampliação do Hospital Dona Helena é outro exemplo de mal planejamento. Quando inaugurado, aumentará o trânsito num dos pontos mais conturbados do centro da cidade. A ideia de construir a ampliação do Hospital São José no que era o estacionamento, só serviu para tumultuar ainda mais as áreas em volta do hospital. Os novos prédios sendo construídos na rua Henrique Meyer tem tudo para se converter em mais um problema anunciado.

Nenhum dos casos citados tem servido para aprender. Continuamos com alegria adolescente, cometendo uma e outra vez os mesmos erros. Hospitais, clínicas, fóruns, edifícios comerciais, escolas e universidades são, pelas suas características, polos geradores de tráfego e a sua construção e ampliação impacta de forma irreversível o seu entorno.

O debate incompleto e parcial sobre elevados e duplicações mantém ainda as mesmas premissas que já foram definidas pelos arquitetos e engenheiros que projetaram as ruas e vias do império romano e que ainda hoje servem de referência e medida para a maioria das nossas ruas e vielas.

Agora a moda é continuar adotando um modelo de desenvolvimento asinino. Só que em lugar de usar as ancas das mulas e jumentos como módulo, é a cabeça do simpático animal que serve de referência para planejadores, administradores e, principalmente, para candidatos em campanha que, de forma estulta, imaginam que um elevado aqui e outro acolá resolverão os problemas de mobilidade de Joinville.