sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Criar uma nova geração de torcedores do JEC

POR ALEXANDRE PERGER
Sabe aquelas memórias que ficam cravadas no cérebro e voltam de tempos em tempos e causam aquele suspiro de saudade? Das minhas, pelas minhas contas, uns 80% estão ligadas ao futebol e, mais especificamente, ao JEC. Dessas, uns 90% tem meu pai ou meu irmão como personagens fundamentais. Em grande parte, são lembranças impregnadas pelo cheiro do espetinho de gato assado ao lado do alambrado e, claro, da pipoca, do gosto do guaraná, do balançar da arquibancada ou do barulho dos pés batendo freneticamente nas tábuas de madeiras que serviam de assento.

Em meio a essas lembranças tem toda a sorte de acontecimento. Tentativa frustrada de pular o alambrado aos 8 anos de idade, pedrada nas costas abafada por um guarda-chuva, encenação de mal-estar para conseguir furar a multidão que se acotovelava para entrar no Ernestão e ver a final de 2000, chuva, muita chuva na cabeça (daqueles temporais que deixam a cidade embaixo d’água), chinelo caído em meio à estrutura metálica, gols aos 50, aos 40, decepção, alegria, enfim, é muita coisa.

Mas contei essa história toda para dizer que agora carrego uma enorme responsabilidade sobre meus ombros (essa ênfase toda vem da minha cabeça, é claro). Há um mês e meio nasceu meu filho, o Ernesto. Não preciso nem dizer que desde o dia em que recebi a notícia da gravidez minha cabeça de pai torcedor já criou mil cenários em relação às cores para as quais meu filho torcerá (se é que torcerá). Minha esposa, que não nutre nem 5% do meu interesse por futebol, já avisou: não vamos (ela usou vamos, mas era pra ser você) obrigar e nem forçar a nada.

Meu lado racional do cérebro dá toda a razão para ela. O menino tem que escolher por conta própria. Mas o lado passional não gosta nem de imaginar o futuro em que o Ernesto não ligue muito para futebol e para o JEC. E nesse dilema, tentando equilibrar uma coisa e outra, cheguei a uma conclusão: não torcendo para Avaí ou Figueirense já vai dar uma alegria para o pai.

Alexandre Perger é jornalista, jequeano e editor do site O Mirante.

3 comentários:

  1. Já é uma baita homenagem a história do JEC nomear seu filho de Ernesto.

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  2. Que bacana... Uma vida bem linda e feliz pro recém-chegado Ernesto - e que o JEC ainda possa nos dar muitas alegrias! Ele há de ver o tricolor campeão!

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  3. Ele tem duas opções, torcer pro JEC ou não gostar de futebol, rsrs

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