quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

É possível consertar o mundo?

Aaron Swartz
POR FELIPE SILVEIRA

Depois de muito tempo enrolando, vi ontem o filme The Internet's Own Boy, que conta a história do ativista americano Aaron Swartz, encontrado morto em seu apartamento em 2013, depois de enfrentar um gigantesco e bizarro processo na Injustiça Americana.

Embora tenha morrido por causa disso, Aaron tentou responder afirmativamente à pergunta-título deste texto. Hacker, autodidata, ativista político, o garoto era aquilo que costumamos chamar de gênio. Porém, ao invés de usar seu talento para ganhar dinheiro, ele estava muito mais interessado em mudar o mundo. Ou melhor, consertá-lo.

Como programador, Aaron parecia acreditar que alguns ajustes na lógica poderiam corrigir os rumos, colocar as coisas no lugar. Em uma das tentativas, foi encurralado pelo Estado, que ameaçava condená-lo a 35 anos de prisão. Aaron não resistiu a pressão e tirou a própria vida pouco antes do julgamento.

A história de Aaron mostra o quão dolorosa pode ser a tentativa de fazer algo pelas pessoas. Mostra como pode ser cruel o Estado com essas pessoas, assim como as coorporações e a sociedade. Afinal, a perseguição ocorre diariamente e de diferentes formas.

Em Joinville, por exemplo, militantes pelo passe livre foram processados por aliados das empresas que sugam o dinheiro do povo por meio do transporte público. Um sociólogo mais crítico dos empresários locais - por causa das desigualdades que eles promovem - foi demitido da universidade que trabalha e não consegue mais trabalho em outras. O desemprego, de modo geral, assola quem se envolve com alguma militância ou com a política que vale a pena disputar. Essas e outras situações causam desânimo, depressão, desistência das lutas e até mesmo a morte. No caso de Aaron, ele tirou a própria vida, mas é muito mais comum que aqueles e aquelas que "incomodam" sejam assassinados por jagunços a mando de endinheirados fazendeiros, políticos e empresários.

Porém, apesar do final trágico, trajetórias como a de Aaron Swartz são inspiradoras. Ele e outros tantos e tantas mudaram o mundo, consertaram algumas peças, fizeram suas partes. Mas ainda há inúmeras esperando bons mecânicos. O mundo, o país e a cidade estão feios, mas não basta uma pinturinha, tapar os buracos. É preciso se aprofundar nas engrenagens mais complexas e consertá-las.

Assista o documentário e inspire-se também.

4 comentários:

  1. Não tive tempo de assistir como a maioria dos trabalhadores.

    Mas diga, o que Aaron, como programador iria fazer pelas pessoas? Você, que assistiu ao filme, poderia nos contar qual a estratégia de Aaron para “mudar o mundo” invadindo grandes corporações?

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    O MPL é aquele cujo dirigente certa vez cunhou a famosa frase “não é só por R$ 0,20” e depois foi convidado a fazer parte de alguma repartição pública, evidenciando que, de fato, “não é só por R$0,20”?

    Vamos fazer uma conta bem simples usando o transporte público de São Paulo como exemplo, que aumentou de 3,50 para 3,80, portanto R$ 0,30.

    Um trabalhador ou estudante que usa o transporte público paulistano todos os dias úteis passou a pagar R$ 167,2 ante os R$ 154,0 que pagava até o fim do ano passado.

    Façamos as contas: 3,80 x 2 (ida e volta) = 7,6
    R$ 7,60 multiplicado por 22 dias úteis = R$ 167,20

    Ou seja, um aumento real de R$ 13,20, ou aprox. 8,5%.

    Sem levar em consideração que tanto em SP, como em Jlle, estudantes e trabalhadores têm os valores de transportes subsidiados em pelo menos em 50% do valor total. Em outras palavras, para quem realmente necessita usar o transporte público diariamente (que como em Jlle é passe único), o paulistano teve um aumento real mensal de R$ 6,60.

    Aí vem as perguntas:

    Tu achas realmente que têm trabalhadores envolvidos nessas manifestações seletivas que ocorrem em SP, ou mesmo em Jlle?

    Tu achas realmente que os estudantes que estão nas manifestações, que acabam em depredação de equipamentos públicos, fazem uso diário do transporte público ou pagam do bolso deles essa diferença irrisória?

    De quanto foi a inflação nos anos de 2014 e 2015?

    O autor costuma fazer compras no supermercado?

    Usa algum veículo automotor que dependa de gasolina ou etanol?

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  2. Puxa, Antonio, veja o filme!

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  3. Não quer ver o filme, leia a reportagem.
    E entenda o tamanho de Aaron Swartz.

    http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/perdao-aaron-swartz.html

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