POR CHARLES HENRIQUE VOOS
O ensino médio no Brasil não cumpre o seu papel, desde a sua gênese. A cada dia que passa vivemos a mercantilização da aprovação no vestibular. Andando pela cidade, ainda mais nesta época do ano, presenciamos inúmeras propagandas das escolas (particulares) locais que "vendem" como seu principal produto o aluno (ou a aluna) que foi bem colocado nos mais concorridos vestibulares da região. Não fica entendido, por exemplo, se aquele aluno "formado" será bem sucedido na sua função de agente social.
A escola não dá, no ensino médio, as bases fundamentais que um jovem necessita para encarar os desafios da maioridade. Não promove o senso crítico, a boa leitura, a boa escrita, a interpretação de sistemas complexos, e não sensibiliza ninguém a ser ativo num mundo cada vez mais passivo e que aceita o status quo. Está muito claro que, para os pobres, geralmente estudantes de escolas públicas, o ensino médio é obsoleto pois não apresenta nada de novo, não prepara a juventude e nem a dá caminhos para a tão falada inclusão social e diminuição das desigualdades.
Pelo contrário. O ensino médio é um reprodutor dos problemas, pois ainda temos grandiosas taxas de jovens que saem da escola antes de completar o "terceirão" em busca de trabalhos (nos mais baixos níveis da estrutura laboral) e do sustento. Dados do Censo 2010 mostram que, em Joinville, aproximadamente 28% dos jovens de 18 a 24 não terminaram o ensino médio e nem estavam estudando para completá-lo. Com certeza este quadro se agrava ao cruzarmos com outros fatores, como a renda, a escolaridade dos membros da família, as questões de gênero e o local de moradia na cidade.
Por outro lado, o ensino médio das escolas particulares é uma preparação para o vestibular. Simulados, exames vocacionados, e aquela decoreba toda fazem parte dos alunos, diariamente. Raras as exceções em que eles são preparados para enxergar o mundo além daquilo que pede o mercado de trabalho. Não é a toa que não temos propagandas com conteúdos de conquistas sociais da formação discente, mas sim de resultados explícitos em vestibulares e etc. Os cursinhos surgiram na mesma linha e potencializaram o cenário.
Precisamos, urgente, repensar o papel do ensino médio. Não podemos achar que a roupagem técnica, de preparação para o trabalho, vai resolver o problema dos mais pobres e nem a aprovação no melhor vestibular vai garantir uma vida de sucesso para o mais rico. O ensino médio deve se voltar para a essência de seu nome, dando as mesmas condições para todos, com ensino integral e integrador, sem segregar e nem dar mais oportunidades para aqueles que carregam consigo todo o capital social de seus familiares. E sem decoreba, por favor.
Nada que uma contabilidade criativa não resolva com os dados oficiais da educação, nivelados por baixo, como o ocorreu com os supostos trinta e tantos milhões de brasileiros que ascenderam a cobiçada “classe média”. Afinal, estamos no governo da Pátria Educadora, amigo, e o papel aceita tudo.
ResponderExcluirAinda, os governos promovem cotas e mais cotas para inserção nas universidades, mas nenhum projeto concorrente de âmbito nacional para melhorar as condições dos ensinos fundamental e médio está em curso. O governo federal lava as mãos, diz que o ensino médio é de responsabilidade dos estados e municípios, mas 56% dos tributos são concentrados no primeiro.
A pessoa que vocês colocaram no poder para governar o país mais quatro anos é uma marionete dissimulada e irresponsável! Seus discursos são escritos por marqueteiros, nem ela acredita no que fala quando lê o teleprompter. Para ela não interessa se o lema do governo é “um país sem miséria” ou “pátria educadora”, ela nunca vai reconhecer seus erros e por isso nunca vai consertá-los.
O ensino básico vai continuar a m... que está.
Antônio