domingo, 28 de maio de 2023

A paz é fria, a tolice congela o cérebro


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O mundo caminha para uma geopolítica multipolar, com o enfraquecimento relativo da ordem mundial dominada por uma única superpotência, os Estados Unidos. O panorama é complexo e a formação de blocos tem evoluído de acordo com os interesses nacionais. Desta forma, antigos aliados começam a procurar novos alinhamento pontuais, sempre tendo em vista os interesses mútuos.

É um mundo complexo. E por isso é singelo – comovente até – ver muitos brasileiros, que se dizem de esquerda, ainda a viver um ambiente de guerra fria. É coisa do século XX e não há futuro aí. Aliás, há algum tempo surgiu a expressão “paz fria”, que remete para um estado no qual as tensões entre as superpotências eram mantidas em um nível controlável, apesar de persistirem as desconfianças e os conflitos indiretos.

O fato é que a linha “ideológica” dessa gente é muito simplória. Se eu tenho o meu cérebro na guerra fria, então é preciso escolher um lado: entre EUA e URSS, escolho os soviéticos e faço dos norte-americanos os meus inimigos. O problema é que a União Soviética colapsou e daí resultou o fim da Guerra Fria. As relações internacionais assumiram um novo contexto. É passado. Passou.

Um novo mundo está a ser desenhado. A inteligência artificial, com tecnologias disruptivas. As mudanças climáticas e a exigência de uma verdadeira sustentabilidade. A crescente desigualdade na qualidade de vida dos povos. Os avanços da medicina aumentam a longevidade e pressionam os sistemas de previdência. A digitalização está a mudar as sociedades e, em especial, o mundo do trabalho. E, claro, surge uma geopolítica multipolar.

O mundo é muito complexo para ser interpretado de maneira bacoca: “inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Se eu sou contra os EUA e a NATO, tudo o que for oposição tem o meu apoio. É o caso da invasão da Ucrânia pela Rússia. Há fatos inelutáveis. A Rússia é o invasor. Putin tem sede de poder e pretende restaurar o império russo. E o que faz essa esquerda brasileira? Entre dois imperialismos, escolhe o que traz a nostalgia da URSS.

O mais interessante é que esse pessoal (a esquerda, segundo as minhas concepções deve ser humanista) jamais fala no “povo ucraniano”. E aqui está o âmago de tudo. Essas pessoas rendem-se ao clichê da desnazificação (pedra de toque a propaganda russa) e desconsideram o conceito de autodeterminação dos povos. O que os ucranianos fizeram de errado? Ora, apenas queriam ter os padrões de vida da Europa desenvolvida. Ninguém quer ter o nível de vida da Rússia onde, diz-se, milhões de casas sequer têm banheiros.

O que aconteceu? Em vez de qualidade de vida estão a receber bombas sobres as suas casas. E no Brasil essas esquerdas mantém o infantilismo: "Putin é um ditador, mas é o nosso ditador".

É a dança da chuva.





UM REARRANJO NA GEOPOLÍTICA
1. Estados Unidos: Apesar de enfrentar desafios crescentes, ainda mantêm a posição como maior potência global. No entanto, sua influência está sendo contestada por outros atores, o que leva a uma maior competição e complexidade geopolítica.
2. China: A ascensão do país é um dos fatos mais importantes na geopolítica atual. Com uma economia em rápido crescimento e um aumento nos recursos militares, a China busca uma maior influência regional e global, desafiando a hegemonia dos EUA.
3. Rússia: Também busca fortalecer sua posição geopolítica, com foco na sua esfera de influência regional. Está envolvida em várias disputas geopolíticas, como a guerra na Ucrânia, a anexação da Crimeia e o envolvimento no conflito na Síria.
4. União Europeia: Embora ainda não seja um ator geopolítico unificado, a UE busca aumentar sua autonomia estratégica e ter um papel mais significativo no cenário mundial. Isso exige uma política externa e de segurança comum mais coerente.
5. Índia: É uma potência regional emergente e busca expandir a influência em assuntos globais. Com uma economia em crescimento e um grande potencial demográfico, busca fortalecer sua posição tanto na Ásia quanto no cenário internacional.
6. Organizações regionais: Além dos atores estatais, há também organizações regionais que ganham importância geopolítica: a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) na Ásia Central e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) na América Latina, por exemplo.
7. O Brasil desempenha um papel relevante na geopolítica atual, embora a sua posição e influência sejam consideradas mais regionais do que globais. Como maior país da América Latina, o exerce uma liderança natural na região e busca promover seus interesses e valores em assuntos regionais e internacionais.

sábado, 27 de maio de 2023

Dog-whistle: a linguagem dos cães racistas


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Sabe o que são as “dog-whistle politics”? É uma expressão da língua inglesa muito usada por grupos específicos, em especial nos Estados Unidos, mas que começou a ser difundida em outros países, graças à ascensão da extrema mundial em todo o mundo. A tradução literal significa “política do apito do cão” e é fácil entender o significado. Há um som de apito que apenas os cães conseguem ouvir. Ou seja, os fascistas reconhecem o apito dos fascistas.

O que isso quer dizer? Que é um código partilhado por grupos específicos. É uma mensagem política dirigida a um grupo que domina o código e é capaz de entender os significados. A maioria das pessoas não nota, mas essas mensagens estão espalhadas de forma subliminar pela internet, em especial nas redes sociais.

É quase uma tradição na política norte-americana. A associação aos ideários extremistas, em especial da direita, é uma evidência. Nas recentes eleições para a presidência dos EUA, Hilary Clinton acusou o seu adversário, Donald Trump, de recorrer às “dog-whistle”. Parece funcionar, uma vez que ele se elegeu. Pouco tempo depois Bolsonaro e os bolsonaristas adotaram as mesma táticas no Brasil.

Como a coisa acontece? Há a apropriação de um símbolo inocente e atribui-se um segundo sentido. Ou seja, deixa de ter a sua significação inicial para adquirir outro significado, percebido apenas por um determinado grupo. E para que o leitor entenda o conteúdo das “dog-whistle”, vamos a um exemplo prático. Em 2022, o presidente Jair Bolsonaro foi fotografado - e a imagem amplamente partilhada entre os bolsonaristas - com a camisa do time da Lazio, de Roma.

Ora, é um recado até pouco sutil. A Lazio tem fama de ser um times de futebol mais fascistas do mundo. E a explicação é fácil: Benito Mussolini, que engendrou o fascismo italiano, era o seu mais ilustre torcedor. A sua torcida também é conhecida por ter cantos racistas e até por idolatar, por exemplo, o jogador Paulo di Canio, que em 2005 fez gestos nazistas no clássico contra a Roma. Ainda há pouco tempo, em 2021, o clube italiano demitiu o funcionário responsável por cuidar águia mascote do clube, em consequência de ter feito a saudação fascista numa vitória sobre a Inter de Milão.

Também podemos lembrar do caso de Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro. O sujeito reproduziu um gesto considerado supremacista, que significa "white power". É um “ok” que por vezes usamos no dia a dia, mas que foi apropriado pelos militantes racistas. Se feito com a mão esquerda tem o significado original de “tudo bem”. Mas com a mão direita é usada para significar “poder branco”.

Em suma, a linguagem dos "dog-whistle" é uma estratégia política utilizada por grupos específicos para transmitir mensagens subliminares e direcionadas a um público que compartilha seus ideais. Essa tática envolve a apropriação de símbolos aparentemente inocentes, aos quais é atribuído um segundo significado compreendido apenas por esse grupo. Essas mensagens são disseminadas principalmente nas redes sociais, e sua eficácia tem sido evidenciada em várias esferas políticas. É crucial ter atenção a esses códigos e suas conotações, a fim de combater o discurso de ódio.

É a dança da chuva.

Bolsonaro com a camisa da Lazio: apito de cão.

Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, a fazer o gesto...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

ACIJ e o Processo Seletivo do NOVO


POR JORDI CASTAN

Alguém no seu sano juízo acreditaria que a Associação Empresarial de Joinville (ACIJ) apoiaria um candidato que passou toda a campanha criticando os empresários, pior ainda um dos seus pares. Foi infantil e estulta a estratégia de atacar os empresários, numa cidade em que o espírito e a cultura empreendedora estão tão arraigados.

O candidato Darci de Matos errou na dose e na estratégia e acabou jogando no colo do Adriano Silva o apoio da ACIJ. Pode até ser que Adriano Silva não fosse o candidato dos sonhos da entidade empresarial no primeiro turno, mas no segundo turno os empresários não tiveram alternativa que não fosse apoiar um dos seus.

O partido NOVO inovou com o “Processo seletivo”, o intuito do processo é o de deixar de indicar os cargos comissionados por amizade, compadrio, filiação partidária ou por indicação política e utilizar um processo curricular, que privilegie a capacidade e a competência. A percepção do eleitor médio é que o resultado não saiu como esperado. Muitos nomes são velhos conhecidos do cenário político local, já ocuparam cargos em governos anteriores, sem ter conseguido mostrar competência ou resultados que os qualifiquem. Há muitas críticas, expressadas abertamente, sobre a manutenção de um número significativo de secretários do governo Udo Dohler, no que é visto como uma continuidade da gestão anterior, algo contra o que a maioria dos eleitores votaram e que agora se sentem traídos.

A pergunta é se estes são mesmo os “melhores” nomes que teríamos em Joinville para formar um NOVO governo e dar a guinada necessária para colocar de volta a cidade no eixo do desenvolvimento. Se estes foram mesmo os melhores entre os mais de 1.500 candidatos a cargos de primeiro escalão, o futuro de Joinville é preocupante.


O processo seletivo e o futuro secretariado em Joinville

POR CHUVA ÁCIDA
Dizem que não há uma segunda oportunidade para uma primeira impressão. O processo seletivo para a escolha da futura equipe foi  primeira ação da futura administração da Prefeitura de Joinville, liderada por Adriano Silva, que recebeu muitas críticas. Ainda sem ter iniciado funções, fica uma ideia de continuidade em relação ao governo de Udo Dohler. Estes são os temas debatidos por Jordi Castan, José António Baço e o convidado Francesc Boehm.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Udo sai, Adriano entra. Que Joinville?

POR CHUVA ÁCIDA
Jordi Castan e José António Baço debatem o momento de transição em Joinville com Francesc Boehm. A herança de Udo Dohler e os desafios de Adriano Silva são o tema principal. Que Joinville temos e que Joinville teremos? É o tema da conversa.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Ressaca eleitoral


POR JORDI CASTAN

Abertas as urnas, em sentido figurado, o eleitor deu a vitoria com 55% dos votos validos a Adriano Silva do partido NOVO. 
Acabou a campanha e é hora de montar equipe, de prever as mudanças necessarias para dar a guinada que Joinville pediu nas urnas. 
A vitoria de Adriano Silva é o resultado de uma serie de fatores, muitos meritos do candidato e da militancia do partido NOVO, mas não podemos esquecer o lastro que representou para o Fernando Krelling a desastrada gestão Udo Dohler e a fortissima rejeição do candidato Darci de Matos. Em epoca de redes sociais é mais dificil que o eleitor não saiba o que a imprensa tradicional não divulgava. 
Alias foram os ataques virulentos da campanha da equipe do Darci de Matos o que levou muitos eleitores a votar contra. Perdeu mais votos dos que ganhou com sua estrategia de potencializar a baixaria e os ataques. Foi uma escolha e pagou o preço. 
Importante o numero de abstenções, votos nulos e votos em branco. O voto obrigatorio precisa ser repensado. É curioso que o maior derrotado, depois do proprio Darci de Matos, tenha sido a esquerda que divulgou e fez campanha pelo voto nulo e que capitalizar as abstenções como voto de protesto. A abstenção não tem a força, nem a intensidade do voto nulo. O votante que vai até a sua seção eleitoral para anular o voto esta exercendo seu voto de protesto, quem se absteve, preferiu não votar, desacreditou do sistema. São duas atitudes diferentes e requerem duas leituras diferentes.
Sobre o governo do NOVO é hora de esperar e acompanhar cada passo. 
O processo seletivo para cargos de confiança, não é um vestibular, nem um concurso público, como muitos esperavam. É um processo melhor que o famoso QI. Negociar com o legislativo será outro capitulo. 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Ataque e defesa


POR JORDI CASTAN

O que deveria ser um jogo de xadrez politico entre eximios jogadores tem se convertido quase numa batalha campal, um espaço para ataques e defesas, em que um dos candidatos tem monopolizado quase todos os ataques e o outro tem dividido seu tempo entre se defender dos ataques e tentar apresentar propostas. 

Darci de Matos de um lado e Adriano Silva pelo outro chegam ao final do segundo turno com quadros bem diferentes. Darci, que saiu na frente, vem perdendo folego e partiu para ataques desesperados que na opinião de boa parte dos eleitores, estão lhe fazendo perder mais votos dos que eventualmente ganharia com esta tatica. Adriano Silva se mostra mais tranquilo e seguro. Acreditando nos numeros projetados pelas pesquisas divulgadas. 

As fake news surgem por todos os lados e a cada ataque é preciso uma ação de defesa. A luta seguira dura até o ultimo suspiro no dia 29 de novembro. O nivel da campanha poderia e deveria ter sido melhor. O eleitor merece respeito e o espaço democratico dos debates e das redes sociais esta sendo ocupado por brigas de mais baixo nivel. 

domingo, 22 de novembro de 2020

Chuva Ácida segundo turno


POR JORDI CASTAN

Um primeiro balanço do primeiro turno das eleições municipais em Joinville Sc em 2020.
Quem ganhou e quem já perdeu. O MDB do prefeito Udo Dohler pagou o preço de uma gestão inepta, a primeira vez em decadas que o MDB não esta no segundo turno.

O partido NOVO, um partido com pouca estrutra e que não usa recursos do Fundo Eleitoral, nem do Fundo Partidario chegou ao segundo turno e ainda elegeu 3 vereadores. Um resultado surpeendente que coloca a Adriano Silva numa curva ascendente.

O Deputado Darci de Matos que concorre por terceira vez a prefeitura da maior cidade de Santa Catarina tem pela frente um oponente mais dificil de vencer que o candidato Fernando Krelling do MDB, com quem ele contava se enfrentar.

Entre as novidades que Darci de Matos que tanto fala dos empresarios de uma forma despectiva e pouco abonadora na sua campanha é também empresario e milionario. Assim dois empresarios milionarios se enfrentam no segundo turno.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Amizade desinteressada


POR JORDI CASTAN

Amizades desinteressadas

O deputado federal Darci de Matos é candidato a administrar Joinville, a maior cidade de Santa Catarina. Num debate nesta semana afirmou que quem “tem amigos não precisa de dinheiro”. É importante que o deputado seja mais concreto e mostre aos eleitores quem são esses amigos, graças aos quais não precisa de dinheiro. Qual a relação entre os doadores da sua campanha e eventuais negócios com a prefeitura de Joinville.

Precisa esclarecer qual o sentido de arrecadas mais de R$ 750. 000 até esta data para sua campanha. Com certeza essa quantidade de recursos, a maioria públicos, poderia ter um destino muito maior que o pagamento de cabos eleitorais, despesas de campanha, numa das campanhas mais caras de Joinville, nesta eleição.

Homem público que é, desde faz décadas, o deputado deve saber que os contribuintes têm o direito de saber. Que não há nada melhor que a luz do sol e um bom detergente. A generosidade dos seus amigos deve ser acompanhada com atenção.