sexta-feira, 14 de setembro de 2018

COTA 40 - Arborização Urbana

POR JORDI CASTAN
Existe um plano de arborização em Joinville? Esse é o tema do filme de hoje.


Escola Técnica Tupy vai fechar cursos técnicos. Como assim?


POR ALBANO SCHMIDT
Como assim?
Essa é a pergunta que estamos fazendo ao descobrir que a Escola Técnica Tupy vai encerrar seus cursos de formação técnica.

Fundada em 1959, por meu pai, Dieter Schmidt, na época presidente da Fundição Tupy, a ETT iniciou suas atividades num momento em que Joinville crescia e a Tupy precisava de mão de obra competente. A inspiração veio da indústria suíça George Fischer, reconhecida pela excelência de seus profissionais, formados em sua escola técnica.

Em pouco tempo, a ETT cresceu, se desenvolveu e se tornou referência nacional e internacional. Lá estudei e afirmo que todos saem com formação completa, prontos para o mercado de trabalho, preparados e, muitos, já com emprego.

Por que acabar? Para ter um maior número de alunos? Que dá mais lucro? Mas e no futuro, aonde é que essa turma vai conseguir boa colocação? Como é que o Brasil vai sair da posição vergonhosa que estamos no desenvolvimento de tecnologia?

Prova de que esses cursos são importantíssimos é que – diante desta situação absurda – a Tupy buscou um novo parceiro e já lançou, junto com o Senai Joinville, a Escola de Fundição Tupy com o curso técnico em Metalurgia, que iniciou suas atividades com 70 de seus funcionários.

Como assim? O curso técnico não interessa mais porque não é rentável? Isso é um descaso à formação profissional e ao Brasil. Então que alguma entidade assuma. O Estado, a sociedade deveriam intervir. Perder uma escola deste nível nos causa indignação!

Estou perplexo com essa atitude míope, mesquinha e de curto prazo, sem pensar no futuro. A única maneira de conseguirmos melhorar os índices de desenvolvimento econômico é com uma formação profissional adequada. Não vamos aumentar o PIB do Brasil formando generalistas. Esse não é o caminho para superarmos o abismo que nos distancia dos países desenvolvidos e nem é esta a forma de ocuparmos uma posição de destaque no cenário internacional.

A única maneira de contribuir para o desenvolvimento do Brasil é investir na base, na educação de qualidade e não juntar mais alunos para uma formação genérica, medíocre e massificada, que só servirá para ampliar o número assustador de mais de 20 milhões de desempregados que temos no Brasil.

Albano Schmidt é presidente da Termotécnicas

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Transferência


Não há o “melhor dos mundos”

POR CLÓVIS GRUNER
Uma prisão em Curitiba talvez tenha, nas eleições presidenciais, repercussão equivalente ao de uma facada em Juiz de Fora. Me refiro, obviamente, à prisão do ex-governador Beto Richa ontem pela manhã (11), em ação conjunta dos Ministérios Públicos estadual e federal, e ao atentado contra o candidato a presidente e fascista de estimação dos comentaristas anônimos do blog, Jair Bolsonaro, na quinta última (06).

A quantidade e a variedade de investigações envolvendo Beto Richa são tantas, que até pra quem vive aqui foi difícil entender. Ele foi preso, provisoriamente, pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), suspeito de fraude em licitações de obras públicas do Programa Patrulha do Campo. A Lava Jato pegou carona – a coincidência não foi por acaso – e deflagrou a “Operação Piloto”; Richa aparece nela como suspeito de receber propinas da Odebrecht.

É bastante provável que a prisão de Richa repercuta eleitoralmente também fora do Paraná, onde ele é um dos favoritos a uma das vagas para o Senado. Considerado há até pouco tempo, junto com Aécio Neves, uma das principais vitrines do PSDB e promessa de renovação do tucanato, sua prisão pode sepultar de vez as chances de Alckmin, cuja candidatura já se encontrava relativamente estagnada, disputar o segundo turno.

De certo até agora, é que Jair Bolsonaro vai mesmo para o segundo turno, ao menos de acordo com as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas, respectivamente, na segunda (10) e ontem. O levantamento do Ibope, embora divulgado depois, foi realizado antes – nos dias 8, 9 e 10 de setembro –, e seus resultados podem estar influenciados mais diretamente pelos ânimos eleitorais imediatamente após o atentado.

A pesquisa Datafolha, realizada no dia 10, parece representar melhor o ambiente em que a facada contra Bolsonaro, e a comoção que ela provocou, tende à acomodação. De todo modo, em ambas, Bolsonaro mantém uma dupla liderança: a de intenções de voto (26% no Ibope e 24% na Datafolha) e a de rejeição (41% e 43%, respectivamente). E embora os resultados não sejam tão dispares, uma nova pesquisa oferecerá um retrato mais preciso do quanto os últimos eventos podem influenciar nas eleições. 

Diferentes fatores podem ter colaborado para, apesar de vítima, Bolsonaro não ter ampliado ainda mais sua vantagem. Uma facada, afinal, não muda o caráter e o programa de um candidato. Mesmo hospitalizado, Bolsonaro ainda é o presidenciável que quer trabalhadores escolhendo entre ter empregos ou direitos, ou seus eleitores expostos à violência ao defender que não cabe ao poder público, mas ao cidadão, a responsabilidade pela sua segurança, por exemplo.

Auto golpe e voto útil – Os usos políticos da facada também não colaboraram. O senador Magno Malta compartilhou uma montagem grotesca onde o autor do atentado aparece em um comício de Lula; Silas Malafaia afirmou que ele era assessor da campanha de Dilma Rousseff; Janaína Paschoal o associou ao “Lula Livre” e acusou a imprensa de esconder o fato. Foram coerentes, porque não se esperava nada diferente. Mas é possível que tenham perdido a chance de ampliar a penetração do candidato junto aos eleitores ainda indecisos.

Persiste a dúvida sobre quem será o nome a disputar com ele o segundo turno, e também nisso as pesquisas reforçam alguns medos e sugerem possíveis tendências. Cresce o temor de que Haddad, ungido ontem candidato por Lula, seja prejudicado pela alta rejeição dos eleitores ao PT. Em ambas as pesquisas, Bolsonaro perde em todos os cenários, menos com o petista, de quem ganha na pesquisa Ibope, e empata tecnicamente na do Datafolha.

Como reação, já se discute abertamente, em grupos de eleitores à esquerda, a possibilidade do voto útil em Ciro ainda no primeiro turno. Uma disputa entre ele e Bolsonaro evitaria, entre outras coisas, que se repetisse, ainda mais violenta, a polarização de 2014, cujos resultados conhecemos: a vitória apertada de Dilma, um governo fragilizado ante uma oposição fortalecida e com medo da cadeia, e a turbulência dos meses seguintes até o “grande acordo” e o impeachment.

A estratégia, obviamente, depende em parte do PT, que durante anos defendeu o “voto útil” para evitar o “mal maior”, como em 2014, inclusive. Quer dizer, para dar certo, o PT precisaria provar que a tal Frente Antifascista, anunciada ano passado, foi mais que uma bravata eleitoreira e aceitar avaliar a sério quais as chances e os riscos de Haddad, e pesar na balança se as chances compensam os riscos. Pessoalmente, acho improvável que isso aconteça.

Nos últimos dias, por exemplo, os mesmos militantes que não viram problema em ter Kátia Abreu como ministra e aliada de Dilma, lembraram repentinamente que a candidata a vice de Ciro é representante do agronegócio, e passaram a usá-la como pretexto para anunciar um futuro sombrio em caso de vitória da chapa. O argumento central é que um segundo turno entre Bolsonaro e Ciro “não é o melhor dos mundos”. Concordo.

Mas em uma eleição onde a chapa que lidera em todas as pesquisas fala em “auto golpe” e em “declaração de guerra” contra adversários políticos, e cujo candidato dissemina e alimenta um ódio contínuo contra a democracia, os direitos e liberdades individuais, soa temerário esperar “pelo melhor dos mundos”. Se Ciro não convence inteiramente, a imagem de Haddad abraçado com o “golpista” Renan Calheiros e seu filho, tampouco inspira confiança. Nenhum deles é o “melhor dos mundos”. Mas, convenhamos, não podemos nos dar a esse luxo.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Quem nasceu para Bolsonaro sequer chega a Trump

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Deve ter sido o britânico “The Guardian” o primeiro a chamar Jair Bolsonaro de “Trump dos Trópicos”. E agora tem muita gente aí pelo mundo a usar a denominação. É um erro. As diferenças começam numa evidência. Os dois são grandessíssimas cavalgaduras, mas não são vinho da mesma pipa. Trump é um idiota, mas pelo menos sabe fazer dinheiro e é milionário. Bolsonaro, ao contrário, é um cara que sempre viveu às custas do dinheiro público. 

Não duvido que Jair Bolsonaro goste da comparação, mas duvido que Donald Trump fique feliz. É a velha história do primo pobre e do primo rico. Historicamente os EUA mandam e desmandam no Brasil e, portanto, um Bolsonaro presidente seria apenas vassalo de Trump. Aliás, já é. Quem não lembra de um ridículo Bolsonaro a fazer continência para a bandeira norte-americana? Ou de quando ele disse que o melhor era entregar a Amazônia para uma nação estrangeira?

Lanço um desafio ao leitor e à leitora. Responda a pergunta: entre Trump e Bolsonaro, quem é o maior fascista? Não tenho dúvidas de que a maioria das pessoas com dois dedinhos de testa não titubearia em apostar no brasileiro. Trump é um doidivanas, mas nunca foi visto a homenagear um psicopata torturador como o execrável Brilhante Ustra, acusado, entre outras coisas, de torturar mulheres na frente dos filhos.

Mas em termos práticos, qual é o maior fator de separação entre os dois? É a sociedade. A democracia norte-americana é sólida e tem regras que impõem limites ao seu presidente. As ações provenientes da Casa Branca estão sob constante escrutínio. O Brasil nunca teve uma cultura democrática e a coisa facilmente vira a casa da Mãe Joana. Aliás, um país onde sequer os juízes respeitam a Constituição está fadado a estar sempre na rabeira da história.

A sociedade tem que ser melhor que o indivíduo. Ou seja, a sociedade norte-americana (em que pesem os rednecks que votam nos republicanos) é mais evoluída que Donald Trump e tem mecanismos de defesa. Nem é preciso ir muito longe. É só lembrar o texto de Op-Ed, publicado semana passada no “NY Times”, em que um funcionário da Casa Branca afirma haver ações de resistência interna para impedir que o presidente tome decisões estapafúrdias.

No Brasil o buraco é mais em baixo. Qualquer pessoa mais inteligente que um símio sente arrepios ao imaginar Jair Bolsonaro como presidente. O homem é um inútil. Tem evidentes limitações intelectuais. Não possui cultura suficiente para ler o mundo. Vive perdido em paranoias solipsistas. É claro que a ideia de vê-lo no Planalto assume proporções de um filme de terror. Porque todos sabemos que a sociedade brasileira não tem mecanismos de defesa.

É a dança da chuva.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sorte


156: uma Ouvidoria que é surda para contribuinte e só serve para engabelar

POR JORDI CASTAN
A Ouvidoria Municipal não ouve o cidadão. Portanto não me representa. E isso não é novidade. Tampouco deveria ser surpresa, até porque segue o padrão desta gestão municipal é dizer que ouve e fazer ouvidos moucos. Ligar para o 156 pode ser considerado uma perda de tempo, uma inutilidade. O joinvilense cansou de não ser ouvido, de receber respostas padrão que são pura empulhação e optou por se fazer ouvir por outros meios.

A Ouvidoria tampouco serve para o que deveria servir. Porque conceitualmente sua função e seu objetivo foram distorcidos e perderam o sentido. A Ouvidoria assumiu o papel de balcão de reclamações, onde o contribuinte pode, depois de demorado e pouco transparente processo, informar o problema identificado para que, a partir deste momento, a pesada máquina da burocracia pública comece a mover suas engrenagens para empulhar e justificar o que não fez, não faz e não fará. Não tem como objetivo "resolver" ou "corrigir”, mas sim justificar ou empulhar.

Como a Ouvidoria é um órgão interno da administração municipal, estando ocupada por funcionários públicos, seu objetivo principal é o de proteger o sistema. Não há um ouvidor geral, alguém com responsabilidade e autoridade para defender o cidadão. O que há é uma estrutura para receber informações de um novo buraco na rua, de um sinaleiro que não funciona, de uma árvore caída, de um imóvel abandonado ou de um terreno baldio tomado de mato.

Em alguns casos, há até denúncias de crimes ambientais, de obras ilegais ou fora de conformidade com a legislação e a Ouvidoria encaminha estas solicitações, reclamações ou sugestões aos setores e departamentos correspondentes. O resultado é uma resposta protocolar no estilo: “Agradecemos sua informação. O problema será resolvido de acordo com a disponibilidade de recursos, equipamento, etc”. Ou o mais habitual: “Esta obra, reparação ou ação já está prevista dentro da programação da secretaria de XYZ”. E para a ouvidoria e a Prefeitura tudo resolvido. O contribuinte reclama, sua chamada é cadastrada, depois de se identificar e pouco ou nada vai acontecer.

Para que o serviço funcionasse de fato haveria, entre outras, duas alternativas claras. A primeira é converter a Ouvidoria em Resolutiva. Assim, em lugar de ficar ouvindo poderia começar a resolver. Em lugar de uma longa lista de justificativas e delongas, o contribuinte receberia uma resposta rápida, certeira, precisa e o problema se resolveria num prazo rápido: 24, 36 ou 48 horas. Seria um serviço rápido e eficiente, duas coisas que esta gestão não é.

A segunda alternativa seguiria o modelo do “Ombudsman”, pessoa encarregada pelo município de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas. Assim, em lugar de ficar protegendo o próprio sistema, se orientaria a defender o contribuinte. Para isso, deveria ser nomeado ou escolhido um “ombudsman” ou ouvidor que, com um mandato determinado que transcenderia esta ou aquela gestão, não poderia ser demitido durante o exercício do seu mandato e teria potestade ara resolver problemas. Identificar o que não esta funcionando, por que não esta funcionando, onde está ou quem é o problema e recomendar as ações necessárias para corrigir o problema com celeridade e eficiência.

Mudar o foco de “ouvidoria” que ouve e não faz para “fazedoria” seria um passo importante na direção de mudar a forma de atuar. Mas para ter um ouvidor municipal com um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito uma única vez e sem que coincida com o do Executivo e do Legislativo seria um salto em direção ao futuro, a uma gestão transparente, justa e cidadã. Tópicos inimagináveis numa gestão inepta, autoritária e fechada.

Por isso, o joinvilense não se sente atendido pela ouvidoria, não acredita nela e não espera soluções de um órgão público que tem como finalidade principal engabelar, não resolver e criar a ilusão que o cidadão é ouvido. O mais avançado que há por aqui é uma espécie de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) sem que exista uma agência reguladora que audite a eficiência da Ouvidoria. O que a sociedade precisa é transparência, eficiência, respeito e rapidez. Não tem nada disso. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Bolsonaro, a facada e as eleições

POR CLÓVIS GRUNER
Em março desse ano, quando a vereadora Marielle Franco, do PSOL carioca, e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados, ela com três tiros na cabeça, o deputado Jair Bolsonaro, à época já presidenciável, silenciou. Um de seus assessores justificou o silêncio alegando que “a opinião de Bolsonaro seria polêmica demais”. Dois outros membros da família, no entanto, se manifestaram.

O deputado estadual pelo Rio, Flávio Bolsonaro, chegou a prestar condolências à família em um tuite para, logo depois, apagá-lo. Já Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, tuitou: “Se você morrer seus assassinos serão tratados por suspeitos, salvo se você for do PSOL, aí você coloca a culpa em quem você quiser, inclusive na PM. Eis o verdadeiro preconceito, a hipocrisia”. E compartilhou outro, de um ferrenho seguidor do clã: “O assassino da vereadora Marielle Franco, se for um PM guilhotina, se for um traficante é vítima da sociedade. Assim é a esquerda”.

Quase seis meses depois, o assassinato de Marielle Franco continua impune, apesar dos alegados esforços da polícia para elucidá-lo. E mesmo sendo um candidato supostamente preocupado com a segurança pública, Bolsonaro segue silente sobre o crime. Mas se não sabemos até hoje sua opinião polêmica sobre os três tiros que executaram Marielle e Anderson, sabemos o que o candidato pensa a respeito de outras violências.

Sabemos que ele sugeriu terem sido os petistas que atiraram contra a caravana de Lula no interior do Paraná. Sabemos, também, que ele prometeu – em uma de suas típicas “brincadeiras” – fuzilar os mesmos petistas em um comício, semana passada. Sabemos ainda o que ele pensa de mulheres, negros, quilombolas e LGBTs e, finalmente, de seus muitos elogios e homenagens a um torturador, estuprador e assassino, o coronel e chefe do DOI-CODI, Brilhante Ustra. A lista é grande, mas paro por aqui.

Minha reação imediata quando soube do atentado, no final da tarde de ontem, foi de ceticismo. Na minha página do Facebook, escrevi: “Se não for um novo Riocentro, algum imbecil escolheu uma péssima hora pra brincar de Justiceiro”. A desconfiança era mais que legítima: aí estão, além do Riocentro, o incêndio ao Reichstag como evidências históricas de que fascistas, sempre que lhes convém, mandam os escrúpulos às favas.

Violência e oportunismo – As informações nas horas seguintes desfizeram as suspeitas e confirmaram que Jair Bolsonaro foi vítima de um atentado à faca, e que deve ficar de fora da campanha eleitoral – o que inclui os debates, no que a agressão foi providencial – até o fim do primeiro turno. À direita e à esquerda, analistas parecem não ter dúvidas de que, se as chances de um segundo turno com Bolsonaro eram significativas, desde ontem a questão é saber de quem será a outra vaga.

A tendência é que os usos políticos que ele e seus seguidores farão do acontecimento, sigam na direção de apresentá-lo como vítima porque ameaçava “tudo que está aí”, num esforço narrativo que pretende consolidar sua imagem como aquilo que obviamente não é: um candidato antissistema. A estratégia é aproveitar a violência contra Bolsonaro para diminuir a enorme rejeição contra ele e, ao mesmo tempo, inflar ainda mais o ódio contra seus adversários e a esquerda.

Pode dar certo, o que coloca os demais candidatos, especialmente os de centro-esquerda, em uma posição delicada: se persistem nas criticas, podem ser vistos como insensíveis; se recuam, deixam o campo aberto à militância pró-Bolsonaro monopolizar as narrativas de vitimização do candidato e culpabilização dos grupos adversários, jogados na vala comum da “esquerda” e representados como responsáveis pelo atentado, porque a eles supostamente interessa que ele esteja fora da disputa.

Nessas horas, dizer que Bolsonaro colheu o que plantou, a violência, não faz diferença, embora seja verdade. Desde ontem, da alta cúpula do partido à militância anônima das redes e nas ruas, a narrativa é a mesma, e sua ausência física na campanha não diminuirá o efeito eleitoral do atentado, que torna ainda mais agudo um ambiente político já extremamente polarizado.

E se alguém tinha alguma ilusão sobre a possibilidade de Bolsonaro refletir sobre as consequências de seus discursos de ódio e de sua defesa da violência como método, as declarações do presidente do PSL, Gustavo Bebianno, à Folha – “agora é GUERRA!!” –, e do candidato à vice, o general Mourão – “os profissionais da violência somos nós” –,   trataram de desfazê-la. Estamos lidando com o pior da política, com um fascista, um apologista da tortura que rende homenagens a um assassino fardado. Um atentado não muda o que Bolsonaro é nem o perigo que sua candidatura representa.

Cota 40 - As palmeiras imperiais estão morrendo?

POR JORDI CASTAN



Quando as palmeiras imperiais começaram a morrer, criou-se uma comisão para salvá-las. Boa ideia, mas foi pouco e foi tarde. A morte das palmeiras imperiais é uma morte anunciada. Só a Prefeitura Municipal não sabia.