quarta-feira, 18 de abril de 2018

Prisão de Lula é notícia em todo o mundo

POR ET BARTHES
A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido notícia constante na imprensa internacional. A maioria dos meios de comunicação, em especial nos países desenvolvidos, tem criticado a atuação da Justiça brasileira. Em pauta estão ações consideradas arbitrárias e desconectadas do estado de direito.




A força que o Brasil precisa...

POR ET BARTHES
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Agora é Aécio

POR ET BARTHES
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terça-feira, 17 de abril de 2018

Triplex



POR SANDRO SCHMIDT

MTST ocupa triplex. E o triplex não é nada disso...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O marketing de guerrilha é uma eficiente arma de comunicação. Quando não há dinheiro para “comprar” espaços na mídia, a solução é produzir ações que, com baixo ou nenhum custo, consigam passar a mensagem que se pretende. Um exemplo de marketing de guerrilha muito oportuno aconteceu nesta segunda-feira, quando integrantes do MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex “atribuído” ao ex-presidente Lula (“atribuído” agora é o jargão usado pela imprensa brasileira).

O lugar é simbólico. Foi por causa do apartamento no Guarujá que o ex-presidente acabou condenado a uma pena de prisão. A invasão de ontem durou apenas três horas, um tempo mais que suficiente para produzir efeitos midiáticos pretendidos, no Brasil mas especialmente no mundo. Pela relevância jornalística, a imprensa brasileira não tinha como fazer vistas grossas. E como a velha mídia tupiniquim já demonstrou ter lado, tem sido muito importante para os apoiadores de Lula conquistar a atenção do exterior.

E funcionou. Não é preciso fazer uma pesquisa extensiva para encontrar a notícia na imprensa europeia e norte-americana, por exemplo. The Guardian, NY Times, Jornal de Notícias, RFI e mesmo algumas agências internacionais, a garantia de que a notícia chega a todo o mundo. Na semana passada, escrevi aqui que a prisão de Lula abriria uma nova etapa no processo: a guerra simbólica. Ou seja, a estratégia de construir uma narrativa. É preciso conquistar a opinião pública, não apenas nacional mas também no exterior.

A estratégia do PT passa por focar a imprensa internacional. E os resultados têm sido favoráveis em termos de imposição da narrativa. O mundo sabe o que se passa no Brasil. Ou seja, sabe do golpe. Mas depois do “com o supremo com tudo” a justiça brasileira perdeu credibilidade. Nas democracias, é natural haver um respeito pelos sistemas judiciais e isso aconteceu em relação ao Brasil até bem pouco tempo. Mas hoje, depois de todas as evidências do julgamento político de Lula, não há defesa possível.

A CEREJA NO TOPO DO BOLO -  Mas a revelação mais irônica do episódio foi o filme feito pelo pessoal do MTST para mostrar o apartamento. E as imagens vieram abalizar as explicações do ex-presidente, quando revelou os motivos para não efetivar o negócio. O apartamento nada tem de luxuoso, ideia que a velha imprensa se esforçou por divulgar. E só os muito ingênuos (para não usar termos mais duros) podem acreditar que a OAS gastou U$ 1,2 milhão na reforma do lugar, como afirma a acusação de Sérgio Moro.

Logo abaixo, o triplex como a imprensa mostrou e como é na realidade. Enfim, só alguém com a visão toldada pelo ódio de classe pode achar que Lula iria trocar a sua história política por isso.

É a dança da chuva.






segunda-feira, 16 de abril de 2018

A Joinville de gente que não reclama, só resmunga

POR JORDI CASTAN
Joinville é uma cidade singular. Poucos lugares conseguiriam sobreviver a décadas de maus governos, sem planejamento e dirigidas por legiões de ineptos. Qualquer cidade que não fosse Joinville já teria sucumbido faz tempo. Mas Joinville não. Joinville insiste teimosamente em sobreviver, em crescer e em prosperar, mesmo neste ambiente hostil em que a mediocridade viceja. Aqui o compadrio toma conta de tudo e o poder público está contaminado pela inoperância, a preguiça e ausência de uma visão estratégica para a cidade.

É importante estabelecer uma linha clara entre a cidade e seus habitantes, que são as pessoas, empresas e organizações que aqui lutam para prosperar e fazer prosperar, e a cidade e sua administração, os seus administradores e toda esta corja de gente e organizações penduradas nos seus úberes, outrora fartos e inesgotáveis. São os mesmos que veem e tratam Joinville como sua propriedade privada e a utilizam exclusivamente para seu beneficio próprio e o dos seus apaniguados.

Só uma cidade como Joinville para sobreviver. É a resiliência o que faz desta cidade um modelo a ser estudado, vivissecado e analisado. Esta capacidade de, por um lado, aceitar a inépcia e, pelo outro, superá-la. Este jeito tão joinvilense de calar e acatar. Este povo ordeiro trabalhador que suporta por anos a fio gestões incompetentes. Obras que nunca terminam. Obras que nunca começam. Obras que custam muito mais que o orçado e seguem com péssima qualidade. Prédios públicos abandonados durante lustros e décadas no mesmo centro da cidade. Avanços sobre a Cota 40. Redução das áreas verdes. Instalação de estações elevatórias de esgoto em praças públicas sem que ninguém se manifeste.

É ainda mais interessante ver como o joinvilense não gosta e até resmunga quando alguém se atreve a pôr em duvida a capacidade do gestor de plantão ou a acuidade mental de quem planeja e executa as obras públicas. Esse resmungar, tão característico dos sambaquianos, não conhece paralelo em outras sociedades que optam por se manifestar abertamente e publicamente. Aqui, desde a época da colônia, assumo que essa época colonial pertence a um passado distante e não segue sendo atual, criticar é muito mal visto. A ordem é baixar a cabeça e trabalhar, não questionar, não pensar diferente do pensamento oficial. Se não estivéssemos no século XXI, poderíamos imaginar que estamos vivendo na Alemanha nazi da década de trinta, em que qualquer um que dissentisse do fuhrer corria o risco de ser apaleado.

Vamos a seguir baixando a cabeça e trabalhar duro, porque temos que pagar os impostos, taxas e contribuições para manter azeitada essa máquina pública que nos explora e nos oprime. Viva essa resiliência que nos permite ser fortes e resistir a esta pressão infernal e superá-la. Viva Joinville, viva seu povo ordeiro e sofredor que aguenta tudo em silêncio ou, no máximo, emitindo pequenos resmungos baixinhos para não correr o risco de interromper o plácido sono do gestor. Vai que ele acorda e fica brabo.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

As charges do Sandro Schmidt...

POR SANDRO SCHMIDT


MBL, MIT, USP. É mentira, mas eu quero acreditar...

POR LEO VORTIS
Há algum tempo circula, nas redes sociais, um post afirmando que o MBL – Movimento Brasil Livre é o maior produtor de fake news do Brasil. A afirmação teria como base o estudo de uma Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP), realizado a partir de critérios de um grupo de estudo da USP - Universidade de São Paulo (USP). Como o movimento não tem muita intimidade com a verdade, ficou fácil acreditar.

A fama de mentir assenta bem no MBL. Eis um exemplo recente. Há poucos dias, Arthur do Val, militante do movimento e conhecido como “Mamãe, Falei”, acusou o pré-candidato à presidência Ciro Gomes de agressão. Mas quem se deu ao trabalho de olhar para as imagens percebeu a falcatrua. Tudo fake. O rapaz, que parece ter os neurônios operando com capacidade ociosa, tentou criar um fato onde não havia fato.

Não há limites para a tal “pós-verdade” (mentira). Um dia destes o MBL publicou uma nota a acusar a velha imprensa de perseguição. E aponta o dedo a “uma perseguição implacável por parte de veículos viciados da grande imprensa como o ‘Globo’, ‘Veja’ e ‘Exame’. O objetivo desses grupos é o mesmo: silenciar o movimento que traz a contraversão da narrativa mentirosa que suas redações de esquerda tentam enfiar goela abaixo no país”.

Todos sabemos que integrantes do movimento não lidam bem com a verdade. Mas daí a acusarem essas três publicações de serem de esquerda é esticar demais a corda. Porque até a mentira tem limite. Não... pensando melhor, não tem. Porque há quem acredite. É como aquelas pessoas que defendem, de forma convicta, que o PSDB é de esquerda. Enfim, é mentira, mas elas querem acreditar e isso é o que importa nestes tempos confusos.

Faz algumas semanas, a imprensa divulgou os resultados de um estudo do respeitado MIT - Massachusetts Institute of Technology, que revelou uma realidade sombria: a verdade não tem como competir com as notícias falsas e os boatos. As falsidades tendem a se espalhar mais rápido, mais fundo e de forma mais intensa nas redes sociais do que a verdade. Foi o maior estudo já realizado nessa área, com a análise de cerca de 126 mil histórias, que envolveram três milhões de pessoas, durante 10 anos (a base foi o Twitter).

A pesquisa evidenciou o fato de que um certo prazer pela mentira tem muito a ver com a natureza humana. E deita por terra a teoria de que são os “robôs” os responsáveis por as versões falsificadas. “Parece ser bastante claro que informações falsas superam as informações verdadeiras. E isso não é só por causa dos bots. Pode ter algo a ver com a natureza humana”, analisou Soroush Vosoughi, o cientista do MIT que liderou o estudo desde 2013.

É mais ou menos a lei da oferta e da procura em ação. As fake news são um produto destes tempos, mas só existem porque há quem as consuma. É que para muita gente, em especial os conservadores, vale o slogan: “as fakes news são a minha verdade”. Ou seja, é mentira mas eu quero acreditar. A overload information (sobrecarga de informação) é a doença dos nossos tempos. As pessoas recebem muita informação, mas não sabem o que fazer com ela.

Ah... e sobre o MBL. Parece que o tal estudo da USP não existe. Mas quem se importa. Afinal, como diz o ditado, o MBL fez a fama e deitou na cama.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Lula preso: epílogo ou um novo capítulo?


POR CLÓVIS GRUNER
O assunto é incontornável: a prisão de Lula, decretada pelo juiz Sérgio Moro na quinta (05) e efetivada no sábado (07), quando o ex-presidente se entregou à Polícia Federal, mobilizou o país. Apesar das muitas paixões despertadas, de um lado e de outro, não se trata ainda de um desfecho, mas de mais um capítulo de uma narrativa cujo fim, me parece, não está próximo nem, tampouco, é previsível.

Das inúmeras imagens produzidas a partir do evento, duas são emblemáticas. Uma delas, a de Lula sendo conduzido por uma multidão na sua saída da sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Outra, a do empresário e cafetão Oscar Maroni, simulando o estupro em uma “performance” com uma prostituta, em frente ao Bahamas Hotel Club, um bordel de luxo na capital paulista, sob o olhar grave de dois juízes, Carmem Lúcia e o próprio Moro, cujos retratos adornavam a comemoração.

Como quase tudo que envolve o nome de Lula, elas são carregadas de um forte caráter simbólico, seja ele o reconhecimento pelos feitos dos governos Lula (em seu ex-blog, “Desafinado”, o historiador Murilo Cleto publicou, em 2014, um dos mais completos balanços das duas primeiras gestões petistas), ou os desejos perversos de subjugação violenta alimentados pela elite brasileira e parte da classe média – além, óbvio, dos milicianos do MBL –, que pensa e age como se fosse parte dela.

Mas é também interessante que, por caminhos opostos, ambas reforçam o caráter algo mítico de Lula em relação ao seu partido, em grande medida reafirmado a partir dos acontecimentos que culminaram com sua prisão. Principalmente depois que a Lava Jato e o juiz Moro decidiram sacrificar, abertamente, mesmo a mais pálida imagem de isenção, surfando na onda do antipetismo e ampliando seu apoio e base social, uma das linhas de defesa do PT e de Lula tem sido reforçar o caráter parcial e seletivo da operação.

O argumento é que a operação mira, mais que o próprio partido, sua principal liderança, o “sonho de consumo” de Moro. Há alguma razão nisso. Desde março de 2016, quando vazou a conversa telefônica entre Lula e Dilma, interferindo diretamente nos rumos da vida política do país, o juiz curitibano deixou de agir apenas como magistrado, confundindo o papel de julgador que se pretende imparcial com o de inquisidor – e sua sentença é uma clara demonstração disso.

Além disso, desde o impeachment, em agosto do mesmo ano, todos os indícios evidenciam que está a se cumprir a profecia de Jucá, a do aparelhamento da Lava Jato em um “grande acordo com o STF com tudo” para “estancar a sangria” e salvar quem realmente importa da cadeia. Nada estranhamente, práticas que foram condenadas e provocaram escândalo em governos petistas, mereceram o silêncio e a indiferença, inclusive da PF e da justiça, quando praticadas por Temer, ele próprio blindado de duas denúncias em troca de alguns bilhões distribuídos aos deputados da base aliada.

Sem crítica, nem projeto – Mas se o quadro geral justifica o discurso de Lula e do PT, ele serviu também como pretexto para que ambos não fizessem, nem uma autocrítica, nem tampouco um igualmente necessário mea culpa, seja pelo desastre que foram a gestão e meia de Dilma Rousseff – incluindo o estelionato eleitoral de 2014 –, ou pelos deslizes cometidos durante os 12 anos de governos petistas, aí incluídas as denúncias de corrupção.

Na narrativa do golpe, que ganhou força e impulso à medida que o verdadeiro desastre ético e político do governo Temer ficou mais claro, os muitos erros das gestões petistas foram obliterados na figura cada vez mais mítica, e na devoção quase religiosa, criada em torno à imagem e ao nome de Lula. A sua prisão reiterou esse caráter personalista, e em ambos os espectros que orbitam passionalmente ao seu redor, com prejuízos políticos a ambos, ao menos no médio prazo, e ainda que com resultados distintos.

À direita, a prisão de Lula pode diminuir a força do discurso antipetista, que tem sido a tônica desde as manifestações de 2015. Com Dilma deposta e Lula preso, os partidos de direita conseguiram atingir sua meta mais imediata, a retomada das instituições e a redistribuição de poder no interior delas, blindando a quadrilha que tomou de assalto o governo depois do impeachment.

Mas o empenho em estancar a sangria, mobilizando recursos na criação e demonização de um inimigo único e fonte de todo o mal, dificultou o surgimento de um nome e projeto alternativos. Dito de outra forma, se o problema começava e terminava em Lula, e com ele fora do páreo, o que sobra para a direita? O carisma de Geraldo Alckmin? Ou os delírios autoritários de Bolsonaro, disposto a transformar o Brasil em uma versão reacionária da Venezuela ou em um Irã tropical?

A situação não é mais confortável para a esquerda. É verdade que a prisão de Lula unificou parte dela, levando para o mesmo palanque Guilherme Boulos e Manuela D'Ávila. Mas seria melhor se essa unidade fosse construída também em torno a um projeto ou um programa mínimo – a auto proclamada “Frente Antifascista” não existe de fato –, o que a esquerda tampouco tem, porque nos últimos dois anos salvar Lula se tornou o único projeto que realmente importa.

A imagem da multidão a conduzi-lo em São Bernardo e a reação apaixonada de militantes dentro e fora das redes virtuais, parecem deixar claro que, se as forças e grupos de esquerda viviam um impasse e um vazio programáticos, seu encarceramento não os resolveu mas, antes, os aprofundam e estendem sua solução talvez indefinidamente. E em um ano eleitoral isso pode ser um problema a mais a ser contornado. Mas isso é tema para outro artigo.