Aaron Swartz |
Depois de muito tempo enrolando, vi ontem o filme The Internet's Own Boy, que conta a história do ativista americano Aaron Swartz, encontrado morto em seu apartamento em 2013, depois de enfrentar um gigantesco e bizarro processo na Injustiça Americana.
Embora tenha morrido por causa disso, Aaron tentou responder afirmativamente à pergunta-título deste texto. Hacker, autodidata, ativista político, o garoto era aquilo que costumamos chamar de gênio. Porém, ao invés de usar seu talento para ganhar dinheiro, ele estava muito mais interessado em mudar o mundo. Ou melhor, consertá-lo.
Como programador, Aaron parecia acreditar que alguns ajustes na lógica poderiam corrigir os rumos, colocar as coisas no lugar. Em uma das tentativas, foi encurralado pelo Estado, que ameaçava condená-lo a 35 anos de prisão. Aaron não resistiu a pressão e tirou a própria vida pouco antes do julgamento.
A história de Aaron mostra o quão dolorosa pode ser a tentativa de fazer algo pelas pessoas. Mostra como pode ser cruel o Estado com essas pessoas, assim como as coorporações e a sociedade. Afinal, a perseguição ocorre diariamente e de diferentes formas.
Em Joinville, por exemplo, militantes pelo passe livre foram processados por aliados das empresas que sugam o dinheiro do povo por meio do transporte público. Um sociólogo mais crítico dos empresários locais - por causa das desigualdades que eles promovem - foi demitido da universidade que trabalha e não consegue mais trabalho em outras. O desemprego, de modo geral, assola quem se envolve com alguma militância ou com a política que vale a pena disputar. Essas e outras situações causam desânimo, depressão, desistência das lutas e até mesmo a morte. No caso de Aaron, ele tirou a própria vida, mas é muito mais comum que aqueles e aquelas que "incomodam" sejam assassinados por jagunços a mando de endinheirados fazendeiros, políticos e empresários.
Porém, apesar do final trágico, trajetórias como a de Aaron Swartz são inspiradoras. Ele e outros tantos e tantas mudaram o mundo, consertaram algumas peças, fizeram suas partes. Mas ainda há inúmeras esperando bons mecânicos. O mundo, o país e a cidade estão feios, mas não basta uma pinturinha, tapar os buracos. É preciso se aprofundar nas engrenagens mais complexas e consertá-las.
Assista o documentário e inspire-se também.