terça-feira, 14 de abril de 2015

Por que matamos Jesus?

POR FELIPE CARDOSO

Desde já peço desculpas aos não crentes e as pessoas de outras religiões. Mas creio que esse questionamento seja o mais preciso para o momento, para a nossa reflexão.

Depois de muito tempo pensando sobre e após uma conversa com um amigo, decidi refletir um pouco sobre algo que sempre me incomodou.

Criado desde a infância na Igreja Católica, não havia período mais tenebroso e angustiante para mim do que a Semana Santa. Não por causa do desfecho trágico da história, mas sim por não entender o motivo de tanto ódio contra uma só pessoa.

Durante toda a minha permanência na igreja sempre quis entender uma coisa: por que mataram Jesus?

Várias teses surgiam e desapareciam. Depois de algumas leituras e um pouco mais de vivência no mundo pude perceber o motivo para matarem uma pessoa que hoje é cultuada e vista como boa, mas que na época causou a ira de muitas pessoas.

Por que causou a ira?

Porque era um revolucionário, mudava a estrutura da sociedade da época, mexia no status quo. Confrontava a tudo e a todos que tinham interesses individuais e não coletivo. Tinha coragem, defendia os mais pobres, lutava por justiça e igualdade.

E isso lhe custou a vida, pois desde aquela época as pessoas não se conformavam em perder privilégios para que outras pessoas tivessem oportunidades e direito de sobreviver. Desde aquela época o que importava era o ter e não o ser.

Após toda essa análise, cheguei a conclusão de que o que matou Jesus Cristo foi a hipocrisia do povo.

A mesma hipocrisia que vemos e vivenciamos hoje e, na maioria das vezes, em “defesa” do Seu santo nome.

Lennon, morto. Zumbi, morto. Luther King, morto. Malcolm X, morto. Amarildo, morto...

Perceba, matamos milhares de Jesus a todo o momento. Todos os que tentaram, de alguma maneira, lutar por paz, igualdade e respeito, tiveram suas vidas ceifadas. Mesma luta que Jesus teve séculos atrás.

Jesus nada mais é do que um socialista. Basta ler a Bíblia para perceber. Mas após a sua morte, conseguiram colocar no imaginário popular que o tal socialismo é utopia, é coisa ruim.

Porém, todos os dias têm missa ou culto para você aprender a desapegar dos bens materiais, amar o próximo e lutar por paz, amor, justiça, igualdade e tudo de melhor para o universo.

Perceba como a hipocrisia nos cerca, a mesma que matou Jesus.

Fico imaginando como Jesus Cristo reagiria a tudo isso se estivesse vivo.

Se Jesus fosse vivo hoje, certamente, entraria no Templo de Salomão e tantas outras igrejas para expulsar os cambistas, como fez no Templo de Jerusalém.

Visitaria cada igreja e aconselharia os pastores pararem de berrar e lhes ensinaria a não fazer como os hipócritas que oram de pé e em voz alta para serem vistos pelos homens. E pediria para não tirarem mais dinheiro dos fiéis, aproveitando para lembrar a todos para dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Se fosse vivo, mandaria os membros do exército de Jesus abaixar “suas espadas”, igual fez com Pedro, advertindo e lembrando-os de que seu reino não é esse.

Se estivesse vivo, Jesus Cristo andaria com os homossexuais, com os negros, com as mulheres e ensinaria a todos a perdoarem os corruptos e a lutarem por justiça.

Mas Jesus não está vivo. E não venha com o seu fanatismo tentar me dizer que ele está, porque NÃO, ele não está. Ele está morto e fazemos questão de matá-lo diariamente.

Ajudamos a matá-lo quando negamos a existência de um problema, quando negamos ajuda, quando vamos contra a mudança para o melhor. Ajudamos a matar com o nosso silêncio diante as atrocidades, com a nossa justiça seletiva, com os nossos falsos profetas, com a vingança, com o ódio, a ganância, a ignorância, a violência e tantas outras maldades que estão presentes em nossa sociedade.

Ajudamos a matá-lo fazendo tudo aquilo que Ele nos orientou a nunca fazer.

Hoje em dia, igreja virou sinônimo de clube de futebol e seus seguidores, fiéis e discípulos, viraram apenas torcedores. E nesse mercado gospel e sacro disputam para ver quem é a melhor e a maior, propagando a intolerância e o ódio de gênero, classe, etnia. Enquanto os interesses de Jesus são descartados.

Acho que alguns socialistas e comunistas continuam lutando pelos mesmos ideias Dele, mesmo alguns não acreditando na Sua existência, mas são condenados e crucificados diariamente. Até mesmo o Papa Francisco assumiu isso.

Se hoje estivesse vivo, Jesus morreria levantando as bandeiras do MST. Ou o espancariam até a morte por andar com homossexuais e prostitutas, ou simplesmente por ser negro. E, certamente, não teria chance de ressuscitar, pois sumiriam com o seu corpo, assim como fizeram com Amarildo.

Jesus está tentando voltar, não fisicamente, mas um pouco em cada pessoa que luta pela igualdade e pelo amor ao próximo. Mas na verdade, aqueles que se dizem seus discípulos estão crucificando milhares Dele diariamente.

Não amamos Jesus, fingimos amar. Amar vai além de palavras. O amor se demonstra com atitudes e nós sabemos que não estamos agindo... Não da maneira correta.

Enfim, apenas uma reflexão para quem está cansado de tanta hipocrisia e de tantos falsos profetas.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Plan MOB e os almoços grátis

POR JORDI CASTAN


Estranho o silêncio do IPPUJ sobre o Termo de Cooperação firmado entre uma reconhecida empresa internacional no segmento de mobilidade urbana, a EMBARQ e a Prefeitura de Joinville. Em março de 2014, a parceria entre a EMBARQ e a PMJ foi comemorada com festa, discursos e foguetório. Mas o que está difícil de entender é por que não se divulga o teor deste Termo de Cooperação tão generoso. Será que em Joinville existe almoço grátis? 

Uma entidade responsável por elaborar o Plano de Mobilidade Urbana em Nova York trouxe seu time de técnicos e especialistas para a terra dos sambaquis e trabalhou de graça durante um ano, colhendo dados, realizando análises e prognósticos, orientando a equipe técnica do IPPUJ. Participei da audiência pública sobre o Plano de Mobilidade e na mesa principal estava o representante da EMBARQ junto as autoridades. Quem leia o documento pode ficar com a impressão que o Plano de Mobilidade foi elaborado pela Embarq, com a assessoria do IPPUJ e não o contrário.

Nem a Lei de Acesso à Informação - aquela lei que obriga o agente público a ser integralmente transparente, sob pena de incidir em improbidade administrativa - tem servido para que munícipes obtivessem cópia do misterioso Termo de Cooperação da Embarq. A pesar do vereador Maycon Cesar ter feito dois pedidos de informações sobre o dito termo de cooperação, a informação ainda não chegou ao Legislativo. Claro que em se tratando do IPPUJ o cumprimento de prazos não é o forte.


Voltando à audiência pública. Foi informado - e deve estar registrado - que a Embarq não está cobrando pelo serviço. Depois, de forma rápida e pouca clara, foi acrescentado que seria remunerada com o resultado do seu trabalho. Não sei porque acho esta histária tão estranha. Trabalhar sem cobrar? No mundo da ficção os super heróis acho que não cobram nada por salvar a humanidade dos supervilões. No mundo real a única que de fato tem se dedicado a fazê-lo tem sido a Madre Teresa de Calcutá.

Nenhuma das duas imagens se quadra muito com a da Embarq, uma ONG brasileira com sede em Washington e que pode estar de olho em parte dos R$ 500 milhões que estarão disponíveis para mobilidade, verba carimbada do Ministério das Cidades, o do Ministro Kassab, que esteve por aqui nestes dias. E se fosse verdade esta hipótese, não seria essa una forma de ludibriar a lei das licitações? Porque será que este termo de cooperação técnica não aparece?

Porque o prefeito aprovou por Decreto o Plano de Mobilidade Urbana e não o enviou para o Legislativo, através de um projeto de lei, como fizeram inúmeros municípios brasileiros (Belo Horizonte, em MG, é um bom exemplo). O prefeito de “mãos limpas” tem o dever de abrir esta Caixa-Preta e mostrar o que diz o Termo de Cooperação firmado com a Embarq. Seria interessante ver se em Joinville tem “almoço grátis” e se não tiver, qual é o problema em mostrar? Ao fim das contas documento público tem que ser público.

sábado, 11 de abril de 2015

Os milicos e a bomba gay

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Foi há algum tempo. Li, reli e treli, mas foi difícil acreditar na notícia publicada num jornal aqui do velho continente. Documentos secretos divulgados recentemente revelavam que o Pentágono teria considerado a hipótese de fabricar uma bomba sexual. Mas não tirem conclusões apressadas. Enganam-se as senhoras mais espevitadas que já estão a pensar numa espécie de “sex bomb”, um homem que seja uma autêntica máquina sexual.


O objetivo era mesmo criar uma arma de guerra. A tal bomba seria uma arma química não-letal, mas de forte efeito moral. Ou imoral. A proposta consistia em desenvolver uma espécie de bomba-afrodisíaco que faria os soldados homens atingidos nas linhas inimigas ficarem sexualmente atraídos uns pelos outros. Acredite se quiser.

Não dá para imaginar a fórmula dessa poção do amor, mas ia ser uma loucura com a viadagem* instalada nas trincheiras. Imaginem, por exemplo, uma cidade invadida por terroristas barbados, todos apaixonados uns pelos outros. É de tirar o turbante para essa ideia genial. O eixo do mal iria se tornar o eixo das malucas**.


Aliás, a tal arma teria efeitos culturais e merece uma reflexão: o que ia acontecer com aqueles fundamentalistas doidões que acreditam encontrar 75 virgens no paraíso? Sairiam de cena os homens-bomba, para dar lugar a “gays-bomba” dispostos a morrer e encontrar 75 marmanjos de barba rija no outro mundo.


BICHOS E HÁLITO - Guerra é guerra. Quando se lê a reportagem percebe-se que a engenhosidade dos militares norte-americanos não tem limites. Não contentes em espalhar a paneleirice*** nas hostes inimigas, os sujeitos estavam sempre dispostos a abrir a caixa das maldades. Outra das formas para estropiar os inimigos era a criação de armas – também químicas – que atraíssem vespas, ratos e outros bicharocos para as posições inimigas. A ideia era tornar impossível a permanência nesses lugares e conquistar terreno no campo de batalha sem nenhum esforço. Sinal dos tempos: guerras feitas com bichos e bichas****.


Os caras do Pentágono são muito imaginativos. Segundo a reportagem, um dos projetos apresentados pretendia criar um produto capaz de causar um tremendo - e duradouro - mau hálito no inimigo. A ideia era detectar os soldados que tentassem passar disfarçados entre os civis. Já fico a imaginar um ponto de checkagem. Em vez de passaporte e carteira de identidade, o teste do bafômetro: os tipos teriam que bafejar na cara dos fiscais, que receberiam treino especial para reconhecer o bafo-de-onça.


O problema é que poderia haver algumas contra-indicações. Porque se essa bomba fosse usada ao mesmo tempo que a primeira – a que transformava todos em paneleiros – o caldo ia entornar. É que ia criar muitos problemas de relacionamento. Os caras iam ficar muito chateados, porque não há nada mais broxante do que a tal da halitose. Já imaginou um terrorista barbudo a perguntar para o outro:


-      Queridinha. O que foi que você comeu? As meias do Benjamin Netanyahu?


Parece piada, mas segundo o jornal essas propostas foram feitas em 1994 por um laboratório da Força Aérea do Ohio. É por coisas como estas que os Estados Unidos são a maior potência bélica do planeta. Os milicos são pura imaginação.

É como diz o velho deitado: “Em época de guerra qualquer buraco é trincheira”.






* Hoje em dia não pode falar “viadagem”, mas o texto é meu e eu escrevo o que quiser.
** Não pode falar malucas, mas não resisti ao trocadilho "mal-malucas".
*** Paneleirice é viadagem em português de Portugal. Mas como ninguém sabe, tudo bem.
*** Também não pode falar "bicha", mas o texto é meu e eu escrevo o que quiser.

Tuitaço no Chuva #5