POR EDUARDO DALBOSCO*
O PT tem mais de 30 anos, está no terceiro mandato presidencial, tem a presidência da Câmara de Deputados, uma centena de deputados federais, senadores, governadores, prefeitura, vereadores, milhões de filiados. O PT não é mais um regimento de infantaria bradando idealisticamente contra o capitalismo e dizendo: si hay gobierno soy contra.
Não somos apenas operários da indústria
reclamando direitos econômicos ou intelectuais nos botequins de Lisboa e Paris
dizendo que são portadores da razão do mundo. O PT está entranhado na vida política
do país e é uma referência mundial de organização partidária, de massas e
democrática.
Depois de ser governo, de ocupar um cargo público
e passar quatro anos tentando melhorar dia e noite a vida das pessoas não temos
o direito de assumir uma postura de abstenção da maior disputa política da
cidade. É o futuro de todos que está em disputa.
Não foi o PT que escolheu as opções de segundo
turno. Foi o povo de Joinville numa manifestação absolutamente livre e
consciente. Dois candidatos e dois projetos políticos que temos diferenças
significativas, que assumimos. Mas que respeitamos dentro do conceito de tolerância
com a diferença política e de maturidade no debate de ideias.
A decisão do PT disse apenas isso. A opção
Kennedy é um espaço em disputa, identificado com o sentimento de mudança da
cidade. O PSD é um partido leal a Dilma. O PMDB não votou em Dilma, aliás
não votou nunca no Carlito. O PMDB esteve dois anos no governo
Carlito e, depois, assumiu um comportamento oposicionista. Querem o voto do PT
e só.
A opção foi por não retroceder nas conquistas
promovidas pela alternância política na cidade. Foi de escolher um governo que
garanta o debate sobre a cidade e não de projetos de coronéis, de setores econômicos
ou de organizações conservadoras.
O PT disse que vota Kennedy e, garantida
reciprocidade política no debate programático, assume a disposição para o diálogo
da governabilidade. O PT não quer que se repita com qualquer próximo governo,
de qualquer partido, o boicote e a sabotagem permanente, uma oposição
parlamentar intransigente, um comportamento arrivista de partidos e
setores midiáticos derrotados que estimulam inconsequentemente uma opinião pública
falsa de que nada está sendo feito, de que nada mudou, de que quanto pior
melhor. O PT passou por isso e sabe que é o povo que perde.
O PT não condicionou apoio a cargos no
governo. O PT disse que quer manter políticas vitoriosas como a honestidade e a
transparência, como a participação popular e um governo voltado para o
interesse público e compromisso social.
O
PT de Joinville foi grande. Do tamanho que a sua responsabilidade exige. A
omissão de assumir um posicionamento não é adequada para quem tem orgulho da
sua coerência e para quem faz política de verdade, não apenas pensa.
*Para Zé Baço, apenas porque fui citado e porque considero suas argumentações.