quarta-feira, 30 de novembro de 2011

É aniversário da Novembrada

POR ET BARTHES

Hoje é aniversário da Novembrada. Se você não sabe a respeito, foi uma manifestação contra a ditadura militar acontecida em Florianópolis, no dia 30 de Novembro de 1979. O então presidente João Figueiredo fez uma visita à capital, mas o pessoal – em especial os estudantes – não estava exatamente feliz com a presença do homem. E o tempo esquentou. Mas passado tanto tempo, tem gente que sente saudades do homens da ditadura e até lembra desses tempos com carinho. É o que mostra o comentarista neste vídeo.

Os deputados e a piada pronta


JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Você está contente com o seu salário? Ou, como a maioria de nós, acha que merece ganhar mais? Acho que é justo a gente querer mais, porque às vezes até os deputados se queixam, imaginem só. Não sei se o leitor e a leitora lembram, mas na semana passada, ao comentar a questão das diárias de R$ 670, o deputado Darci de Matos disse que até achava pouco.
Fiquei preocupado com a penúria dos deputados e fui ver como estavam a ganhar os representantes do povo na Assembleia Legislativa. Não os salários, porque esses são de conhecimento geral, mas tudo aquilo que eles custam. Dei uma olhadinha no Portal Transparência e devo dizer que vi alguns casos no mínimo interessantes.
1. O que dizer do deputado Clarikenney Nunes que, entre abril e outubro, gastou cerca de R$ 18 mil só em correspondência. Houve um mês em que os gastos chegaram a R$ 6,2 mil. Haja cartas. O leitor pode estar a pensar que é uma gastança e essas coisas. Eu não penso assim. De fato fico preocupado com a saúde do deputado. Todos sabemos que dá o maior barato quando uma pessoa inala cola. Imaginem então que o tal deputado tenha lambido todos os selos das correspondências. O homem corre o risco de apanhar uma grande pedrada e sai por aí falando besteira.
2. E por falar em falar (perdoem a cacofonia), nesse mesmo período o deputado Nilson Gonçalves gastou a ninharia de R$ 32 mil em telefonemas. Só no mês de outubro foram nada menos do que R$ 12,4 mil. Gente, nada de incomum. Afinal, R$ 12,4 mil é um valor normal, coisa que qualquer um de nós gasta lá em casa. A minha grande preocupação é com a saúde e a aparência do deputado. Afinal, de tanto falar ele ainda acaba com problemas nas pregas de epitélio. E uma pessoa que gasta tanto tempo ao telefone corre o risco de ficar sem orelha, porque gasta com a fricção. Depois vem alguém e começa a chamá-lo de Van Gogh e está entornado o caldo.
3. Ah... e tem o deputado Darci de Matos, pré-candidato a prefeito (se resistir ao fogo amigo e às previsíveis facadas nas costas) que mantém um escritório de apoio. E que hoje custa uma média de mais ou menos R$ 1 mil por mês aos cofres públicos, em telefone e energia (a despesa total foi maior, em outros tempos). É muito pouco, leitor e leitora. Assim não é possível manter uma estrutura a funcionar e o tal deputado ainda acaba tendo que pedir peças de mobiliário emprestadas aos amigos.
4. Mas não fiquem preocupados. Porque, ao que parece, a Assembleia Legislativa está a pensar na qualidade de vida de todos os deputados, de norte a sul do estado. É o que indicia um contrato também no Portal Transparência. Uma empresa de consultoria vai receber a bagatela de R$ 1,8 milhão (repito: R$ 1,8 milhão) para tratar de coisas como “levantamentos de dados, registro, coleta e análise de fatores, coordenação de eventos, marketing institucional e gestão de crise, veiculação e divulgação, relacionamento com a sociedade, programa de qualidade de vida e aferição motivacional”.
Perceberam? Programa de qualidade de vida e aferição motivacional. Não sei do que se trata, mas tenho certeza de que vale cada tostãozinho dos impostos. Os nossos deputados estão salvos. E, imagino, a tal empresa deve partilhar esse ambiente de felicidade. Com uma grana dessas, eu estava para lá de motivado e com uma qualidade de vida de fazer inveja.
Ah... a esta altura deve ter gente a perguntar onde está a piada pronta do título. Alguma dúvida? Eles fazem tudo isso na maior descontração. A piada pronta é você, eleitor.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O último ato dos Vereadores em 2011: a reforma do regimento interno

POR CHARLES HENRIQUE

Esta semana estive muito focado na repercussão das diárias dos deputados, e também fiquei pesquisando muito sobre os outros temas que estudo. Confesso que não via nada de novo na política local para comentar. Entretanto, uma luz no fim do túnel apareceu!

A Câmara de Vereadores de Joinville reavivou a discussão sobre o regimento interno, documento que dita as principais regras do legislativo. Ela é antiga, e está tendo um tratamento extremamente moroso nas Comissões e discussões "em off" dos Vereadores. Entretanto, algumas propostas de alterações no dia-a-dia de nossos representantes são tão polêmicas e irracionais que proporcionam um debate que precisa ser levado à sociedade como um todo.

No início, alguns eram favoráveis à realização de sessões ordinárias as dez horas da manhã, com a desculpa que, se a sessão fosse noturna, o vereador teria o seu trabalho prejudicado, pois não poderia atender a população. Os valores estavam invertidos. O trabalho do vereador consiste muito mais em legislar e fiscalizar do que ser um cabo eleitoral no bairro. E se preciso for, visite a comunidade durante todo o tempo que resta.

As sessões devem começar às 19h para o incentivo do acompanhamento dos trabalhos por parte da população. Sorte nossa que essa ideia, ao que parece, "morreu na casca". (Ok, você leitor pode pensar: mas as principais discussões ocorrem nas comissões... sim, ocorrem. Só que a aprovação de fato acontece no plenário...)

Agora a bola da vez é a volta do recesso de julho. Pois é, além de 60 dias sem sessões entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, querem mais generosos dias em julho. Um retrocesso, pois tempos atrás retiraram esse absurdo das regras da casa. Agora ele voltará. Enquanto isso, o trabalhador que está sob a égide da CLT sofre para pegar 20 dias de férias, e ainda vende os 10 que restam para ter uma graninha a mais na folha de pagamento! É por essas e outras que considero a reformulação no regimento interno o último (e horroroso) ato do legislativo joinvilense em 2011...

Qual a resposta dos deputados sobre as diárias?

POR CHARLES HENRIQUE

Na semana passada mostrei na rádio MAIS FM e também aqui no Chuva Ácida o mau uso do dinheiro público que os três deputados estaduais de Joinville (Nilson, Clarikennedy e Darci) praticavam, principalmente em relação às diárias. Cada um destes deputados citados ganhou uma ou mais diárias para “visitar” Joinville. A denúncia repercutiu e virou o assunto da semana na cidade de Joinville, batendo inclusive todos os recordes do Chuva Ácida.

Gostaria muito de agradecer a todos que compartilharam e replicaram a informação, e também aos que cobraram uma resposta dos deputados envolvidos. O Chuva Ácida não é um meio jornalístico (é um lugar de opiniões sobre os fatos), mas sempre abrirá o espaço para as defesas de quaisquer citados nos posts. Só o deputado Darci me procurou (deu a mesma versão que esta na matéria). O restante, só indiretas via twitter ou recados via assessoria.

Pois bem, a rádio MAIS FM fez uma reportagem com os deputados, ouvindo a versão deles. O link está no final deste post. Agora cabe a cada um pesquisar, refletir e tirar suas próprias conclusões sobre este dinheiro que é nosso. E você leitor, pode ter certeza: estamos de olho (e o Ministério Público também)!

Ouça a reportagem do departamento de jornalismo da MAIS FM: http://is.gd/3ZVDLc

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cornetas

POR FELIPE SILVEIRA

Não sei se algum de vocês já reparou, mas eu falo muito de políticos. Ou melhor, não falo muito mal de políticos. Isso não significa que eu goste deles ou que concorde com a maioria das atitudes. Muito menos que eu ache que eles não devam ser criticados. Muito pelo contrário. A coisa que eu mais gosto de fazer é discutir sobre isso. No entanto, prefiro fazer em outras rodas.

O motivo para isso é muito claro. Acho que o problema está muito mais no eleitor, no cidadão, do que no político. Desse você já não espera muita coisa. A fama de safado, incompetente e mentiroso, quase sempre, procede. Já o eleitor, pra mim, deixa muito mais a desejar.

Duas coisas me fizeram refletir bastante aqui no Chuva Ácida, sobre isso. A primeira, o texto do Upiara, que falava sobre as picuinhas às quais somos tão ligados. A segunda está no texto mais recente da Maria Elisa: “Talvez, Joinville não esteja tão interessante. Os mesmos nomes, os mesmos grupos, as mesmas velhas disputas. [...] Ando mais interessada nas coisas que transcendem a nossa "bolha". De Belo Monte a Occupy Wall Street, o mundo ferve de questões importantes e que deveriam nos mobilizar mais.”

O primeiro caso, das picuinhas, me parece o mais grave. Tem sido horrível hoje em dia discutir o governo municipal com seriedade, por exemplo. Eu vivo defendendo o governo Carlito, mesmo sendo de um partido que se opõe ao PT, por causa do tanto de bobagens que a cornetada reverbera por aí. É muito cansativo. A falta de vontade de pensar somada com a raiva resulta em coisas pavorosas. Já sobre o segundo caso, tenho só um comentário. O mundo mudando o seu jeito de ver e fazer política e a gente está aqui olhando pra trás.

Agora, pra exemplificar o que estou falando, vou citar um caso:

Semanas atrás, uma parte da pista de skate do Parque da Cidade, aquela que parece uma piscina, ficou cheia de água, após uma chuva. Alguém fez uma foto e a coisa começou a rolar nas redes sociais, principalmente no facebook. Tinha gente que ria, gente que chamava o prefeito de burro, gente indignada... Enfim, o prefeito era o grande culpado porque “fizeram a pista e não pararam pra pensar no escoamento”. A partir disso, a primeira coisa que eu perguntei: "como é que a pista já está pronta há meses e nunca encheu?" Opa... aí tem gente que já começou a pensar. Mas, claro, havia os que continuavam dizendo que o Carlito havia feito M.

Quando a empresa que fez a pista foi verificar o que aconteceu, encontraram até garrafa pet na tubulação da pista, além de sacolas plásticas e outros objetos. Isso provou que a proteção de ferro foi arrancada e o garrafa foi colocada propositalmente lá dentro. E agora, a culpa é do prefeito?

E esse é só um caso. Eu não quero defender o Carlito, tenho críticas ao governo. Mas, nesse mar de bobagens, de raiva, de inveja, às vezes me vejo obrigado a fazer isso. Às vezes, me parece, inclusive aqui no blog, que as pessoas só querem munição pra bater mais ainda na administração.

Acho que olhar para o umbigo pode ser um exercício interessante. Não para exaltar a si próprio, mas pra ver se enxergamos um pouco mais de nós mesmos.

Na imagem, cedida por Christian Amorim, fotógrafo do Portal Joinville, o ralo da pista, em destaque (círculo vermelho), no dia da inauguração do Parque da Cidade.