POR ET BARTHES
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terça-feira, 17 de abril de 2018
MTST ocupa triplex. E o triplex não é nada disso...
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O marketing de guerrilha é uma eficiente arma de comunicação. Quando não há dinheiro para “comprar” espaços na mídia, a solução é produzir ações que, com baixo ou nenhum custo, consigam passar a mensagem que se pretende. Um exemplo de marketing de guerrilha muito oportuno aconteceu nesta segunda-feira, quando integrantes do MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex “atribuído” ao ex-presidente Lula (“atribuído” agora é o jargão usado pela imprensa brasileira).
O lugar é simbólico. Foi por causa do apartamento no Guarujá que o ex-presidente acabou condenado a uma pena de prisão. A invasão de ontem durou apenas três horas, um tempo mais que suficiente para produzir efeitos midiáticos pretendidos, no Brasil mas especialmente no mundo. Pela relevância jornalística, a imprensa brasileira não tinha como fazer vistas grossas. E como a velha mídia tupiniquim já demonstrou ter lado, tem sido muito importante para os apoiadores de Lula conquistar a atenção do exterior.
E funcionou. Não é preciso fazer uma pesquisa extensiva para encontrar a notícia na imprensa europeia e norte-americana, por exemplo. The Guardian, NY Times, Jornal de Notícias, RFI e mesmo algumas agências internacionais, a garantia de que a notícia chega a todo o mundo. Na semana passada, escrevi aqui que a prisão de Lula abriria uma nova etapa no processo: a guerra simbólica. Ou seja, a estratégia de construir uma narrativa. É preciso conquistar a opinião pública, não apenas nacional mas também no exterior.
A estratégia do PT passa por focar a imprensa internacional. E os resultados têm sido favoráveis em termos de imposição da narrativa. O mundo sabe o que se passa no Brasil. Ou seja, sabe do golpe. Mas depois do “com o supremo com tudo” a justiça brasileira perdeu credibilidade. Nas democracias, é natural haver um respeito pelos sistemas judiciais e isso aconteceu em relação ao Brasil até bem pouco tempo. Mas hoje, depois de todas as evidências do julgamento político de Lula, não há defesa possível.
A CEREJA NO TOPO DO BOLO - Mas a revelação mais irônica do episódio foi o filme feito pelo pessoal do MTST para mostrar o apartamento. E as imagens vieram abalizar as explicações do ex-presidente, quando revelou os motivos para não efetivar o negócio. O apartamento nada tem de luxuoso, ideia que a velha imprensa se esforçou por divulgar. E só os muito ingênuos (para não usar termos mais duros) podem acreditar que a OAS gastou U$ 1,2 milhão na reforma do lugar, como afirma a acusação de Sérgio Moro.
Logo abaixo, o triplex como a imprensa mostrou e como é na realidade. Enfim, só alguém com a visão toldada pelo ódio de classe pode achar que Lula iria trocar a sua história política por isso.
É a dança da chuva.
O marketing de guerrilha é uma eficiente arma de comunicação. Quando não há dinheiro para “comprar” espaços na mídia, a solução é produzir ações que, com baixo ou nenhum custo, consigam passar a mensagem que se pretende. Um exemplo de marketing de guerrilha muito oportuno aconteceu nesta segunda-feira, quando integrantes do MTST e a Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex “atribuído” ao ex-presidente Lula (“atribuído” agora é o jargão usado pela imprensa brasileira).
O lugar é simbólico. Foi por causa do apartamento no Guarujá que o ex-presidente acabou condenado a uma pena de prisão. A invasão de ontem durou apenas três horas, um tempo mais que suficiente para produzir efeitos midiáticos pretendidos, no Brasil mas especialmente no mundo. Pela relevância jornalística, a imprensa brasileira não tinha como fazer vistas grossas. E como a velha mídia tupiniquim já demonstrou ter lado, tem sido muito importante para os apoiadores de Lula conquistar a atenção do exterior.
E funcionou. Não é preciso fazer uma pesquisa extensiva para encontrar a notícia na imprensa europeia e norte-americana, por exemplo. The Guardian, NY Times, Jornal de Notícias, RFI e mesmo algumas agências internacionais, a garantia de que a notícia chega a todo o mundo. Na semana passada, escrevi aqui que a prisão de Lula abriria uma nova etapa no processo: a guerra simbólica. Ou seja, a estratégia de construir uma narrativa. É preciso conquistar a opinião pública, não apenas nacional mas também no exterior.
A estratégia do PT passa por focar a imprensa internacional. E os resultados têm sido favoráveis em termos de imposição da narrativa. O mundo sabe o que se passa no Brasil. Ou seja, sabe do golpe. Mas depois do “com o supremo com tudo” a justiça brasileira perdeu credibilidade. Nas democracias, é natural haver um respeito pelos sistemas judiciais e isso aconteceu em relação ao Brasil até bem pouco tempo. Mas hoje, depois de todas as evidências do julgamento político de Lula, não há defesa possível.
A CEREJA NO TOPO DO BOLO - Mas a revelação mais irônica do episódio foi o filme feito pelo pessoal do MTST para mostrar o apartamento. E as imagens vieram abalizar as explicações do ex-presidente, quando revelou os motivos para não efetivar o negócio. O apartamento nada tem de luxuoso, ideia que a velha imprensa se esforçou por divulgar. E só os muito ingênuos (para não usar termos mais duros) podem acreditar que a OAS gastou U$ 1,2 milhão na reforma do lugar, como afirma a acusação de Sérgio Moro.
Logo abaixo, o triplex como a imprensa mostrou e como é na realidade. Enfim, só alguém com a visão toldada pelo ódio de classe pode achar que Lula iria trocar a sua história política por isso.
É a dança da chuva.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
A Joinville de gente que não reclama, só resmunga
POR JORDI CASTAN
Joinville é uma cidade singular. Poucos lugares conseguiriam sobreviver a décadas de maus governos, sem planejamento e dirigidas por legiões de ineptos. Qualquer cidade que não fosse Joinville já teria sucumbido faz tempo. Mas Joinville não. Joinville insiste teimosamente em sobreviver, em crescer e em prosperar, mesmo neste ambiente hostil em que a mediocridade viceja. Aqui o compadrio toma conta de tudo e o poder público está contaminado pela inoperância, a preguiça e ausência de uma visão estratégica para a cidade.
É importante estabelecer uma linha clara entre a cidade e seus habitantes, que são as pessoas, empresas e organizações que aqui lutam para prosperar e fazer prosperar, e a cidade e sua administração, os seus administradores e toda esta corja de gente e organizações penduradas nos seus úberes, outrora fartos e inesgotáveis. São os mesmos que veem e tratam Joinville como sua propriedade privada e a utilizam exclusivamente para seu beneficio próprio e o dos seus apaniguados.
Só uma cidade como Joinville para sobreviver. É a resiliência o que faz desta cidade um modelo a ser estudado, vivissecado e analisado. Esta capacidade de, por um lado, aceitar a inépcia e, pelo outro, superá-la. Este jeito tão joinvilense de calar e acatar. Este povo ordeiro trabalhador que suporta por anos a fio gestões incompetentes. Obras que nunca terminam. Obras que nunca começam. Obras que custam muito mais que o orçado e seguem com péssima qualidade. Prédios públicos abandonados durante lustros e décadas no mesmo centro da cidade. Avanços sobre a Cota 40. Redução das áreas verdes. Instalação de estações elevatórias de esgoto em praças públicas sem que ninguém se manifeste.
É ainda mais interessante ver como o joinvilense não gosta e até resmunga quando alguém se atreve a pôr em duvida a capacidade do gestor de plantão ou a acuidade mental de quem planeja e executa as obras públicas. Esse resmungar, tão característico dos sambaquianos, não conhece paralelo em outras sociedades que optam por se manifestar abertamente e publicamente. Aqui, desde a época da colônia, assumo que essa época colonial pertence a um passado distante e não segue sendo atual, criticar é muito mal visto. A ordem é baixar a cabeça e trabalhar, não questionar, não pensar diferente do pensamento oficial. Se não estivéssemos no século XXI, poderíamos imaginar que estamos vivendo na Alemanha nazi da década de trinta, em que qualquer um que dissentisse do fuhrer corria o risco de ser apaleado.
Vamos a seguir baixando a cabeça e trabalhar duro, porque temos que pagar os impostos, taxas e contribuições para manter azeitada essa máquina pública que nos explora e nos oprime. Viva essa resiliência que nos permite ser fortes e resistir a esta pressão infernal e superá-la. Viva Joinville, viva seu povo ordeiro e sofredor que aguenta tudo em silêncio ou, no máximo, emitindo pequenos resmungos baixinhos para não correr o risco de interromper o plácido sono do gestor. Vai que ele acorda e fica brabo.
É importante estabelecer uma linha clara entre a cidade e seus habitantes, que são as pessoas, empresas e organizações que aqui lutam para prosperar e fazer prosperar, e a cidade e sua administração, os seus administradores e toda esta corja de gente e organizações penduradas nos seus úberes, outrora fartos e inesgotáveis. São os mesmos que veem e tratam Joinville como sua propriedade privada e a utilizam exclusivamente para seu beneficio próprio e o dos seus apaniguados.
Só uma cidade como Joinville para sobreviver. É a resiliência o que faz desta cidade um modelo a ser estudado, vivissecado e analisado. Esta capacidade de, por um lado, aceitar a inépcia e, pelo outro, superá-la. Este jeito tão joinvilense de calar e acatar. Este povo ordeiro trabalhador que suporta por anos a fio gestões incompetentes. Obras que nunca terminam. Obras que nunca começam. Obras que custam muito mais que o orçado e seguem com péssima qualidade. Prédios públicos abandonados durante lustros e décadas no mesmo centro da cidade. Avanços sobre a Cota 40. Redução das áreas verdes. Instalação de estações elevatórias de esgoto em praças públicas sem que ninguém se manifeste.
É ainda mais interessante ver como o joinvilense não gosta e até resmunga quando alguém se atreve a pôr em duvida a capacidade do gestor de plantão ou a acuidade mental de quem planeja e executa as obras públicas. Esse resmungar, tão característico dos sambaquianos, não conhece paralelo em outras sociedades que optam por se manifestar abertamente e publicamente. Aqui, desde a época da colônia, assumo que essa época colonial pertence a um passado distante e não segue sendo atual, criticar é muito mal visto. A ordem é baixar a cabeça e trabalhar, não questionar, não pensar diferente do pensamento oficial. Se não estivéssemos no século XXI, poderíamos imaginar que estamos vivendo na Alemanha nazi da década de trinta, em que qualquer um que dissentisse do fuhrer corria o risco de ser apaleado.
Vamos a seguir baixando a cabeça e trabalhar duro, porque temos que pagar os impostos, taxas e contribuições para manter azeitada essa máquina pública que nos explora e nos oprime. Viva essa resiliência que nos permite ser fortes e resistir a esta pressão infernal e superá-la. Viva Joinville, viva seu povo ordeiro e sofredor que aguenta tudo em silêncio ou, no máximo, emitindo pequenos resmungos baixinhos para não correr o risco de interromper o plácido sono do gestor. Vai que ele acorda e fica brabo.
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