POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A imagem circulou um dia destes dias nas redes
sociais. A foto (abaixo) mostra o momento em que o prefeito Udo Dohler tuteia a
presidente Dilma Rousseff, durante um evento em Brasília. Mas alguém se lembrou de
acrescentar uma legenda irônica, na qual o prefeito estaria a pedir desculpas à
presidente: “perdoa o meu vice, ele não sabe o que faz”. É uma piada, claro.
Mas nem por isso deixa de ter fundamento. Até porque muita gente (incluindo este escriba) concordou com a chalaça.
Todos sabemos que o vice-prefeito é um crítico
do Governo Federal e demonstra especial entusiasmo ao vestir camisas
amarelas e ir às ruas para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ora, ninguém pode questionar esse seu direito enquanto cidadão. Mas eis o problema: neste momento ele não é um
cidadão qualquer. É o vice-prefeito da maior cidade do Estado e enquanto permanecer no cargo representa a instituição Prefeitura e a população de Joinville. Não é um liga-desliga: agora sou vice, agora não sou.
O problema é que o vice-prefeito de Joinville
parece ter dificuldades em entender o conceito de “sentido de Estado”. Então, vamos tentar trazer uma luz sobre a questão: quem exerce cargos com responsabilidades públicas deve fazer escolhas
em função do interesse público e não de interesses
pessoais ou políticos. É o que fazem os estadistas. Até porque uma boa relação com o poder central pode ser útil para um município que, bem sabemos, anda carente de recursos. Se não fizer bem, mal também não faz.
Um político eleito não governa apenas para os
seus eleitores. Manda o sentido de Estado que governe para todos os cidadãos,
sejam eles seus eleitores ou não. O prefeito ou o vice podem não gostar dos
seus críticos ou desafetos, mas têm que governar também para eles. É para isso
que são eleitos e pagos (mesmo que abram mão do salário). O nome do jogo é democracia. Não há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. E há cidadãos joinvilenses que não se reveem nas camisas amarelas do vice-prefeito.
Não se sabe de manifestações públicas de Udo
Dohler sobre o comportamento pouco republicano do seu vice, mas é fácil imaginar algum incômodo.
É natural que o prefeito de uma cidade como Joinville precise de uma boa
relação com o Governo Federal, porque isso cria facilidades. Ou seja, Udo Dohler precisa do goodwill das autoridades de Brasília. Mas o vice aparece como macaco em loja de porcelana. Alguém duvida que os acontecimentos da maior cidade de Santa Catarina chegam a Brasília? É óbvio que sim. Mau seria se as notícias não chegassem.
É difícil entender a lógica do vice-prefeito
ao negligenciar o sentido de Estado a que o cargo obriga. Pior ainda é ver um político - que, por definição, depende do voto - alinhar ao lado de movimentos claramente antidemocráticos que pregam o desrespeito pelo resultado de eleições livres e legítimas, como as que elegeram Dilma Rousseff. É preciso decoro e uma postura republicana. Mas o vice parece importar-se muito pouco com o republicanismo, o respeito pelo voto e a própria democracia.
Uma coisa é clara: aponte para onde apontar, a estratégia é errada. Se for por voluntarismo, recomenda-se que contrate uma assessoria para tratar da sua imagem. Se for uma ideia de assessores, o conselho é que trate que procurar gente mais gabaritada, porque não é assim que se constrói uma imagem. Ou melhor... até é. Só que a imagem errada.
Uma coisa é clara: aponte para onde apontar, a estratégia é errada. Se for por voluntarismo, recomenda-se que contrate uma assessoria para tratar da sua imagem. Se for uma ideia de assessores, o conselho é que trate que procurar gente mais gabaritada, porque não é assim que se constrói uma imagem. Ou melhor... até é. Só que a imagem errada.
É a dança da chuva.