segunda-feira, 14 de abril de 2014
Audiências democráticas e participativas na LOT. Onde?
POR JORDI CASTAN
O IPPUJ pretende
realizar as audiências públicas da LOT a um ritmo trepidante: uma por dia, com duração
de duas horas por sessão. As chances de que programa previsto não dê certo são
muito maiores que as chances que tudo funcione como o Instituto prevê. O mais
curioso neste caso é a resistência feroz dos organizadores em aprender com os
erros do passado.
O primeiro ponto é o
fato que o IPPUJ ainda não entendeu o que é e como deve ser organizada uma
audiência pública que permita uma ampla participação e que abra espaço para que
todos os cidadãos possam se manifestar. Mais do que isso, para que propostas,
sugestões e críticas sejam acatadas e incluídas na proposta apresentada. Quando
o tema da audiência pública é a LOT, a constante tem esta: os técnicos tem
estado mais perdidos e confusos que Adão no Dia das Mães. Pelo rico histórico
de trapalhadas e atrasos, seria melhor e mais conveniente que o IPPUJ fosse
menos ambicioso e mais realista.
Não deve ser fácil para
alguém com o perfil do presidente do IPPUJ enfrentar armado só com bom senso a
enorme pressão em prol de audiências expeditas, que sem nenhum tipo de sutileza
exercem os setores interessados na aprovação da LOT. Aliás, setores estes que
têm no próprio prefeito o seu principal expoente e representante.
Não têm sido ainda
apresentados os estudos necessários para que cada joinvilense possa avaliar o
impacto da LOT no seu bairro, na sua rua ou na sua quadra. É preciso que estes
dados sejam apresentados com antecedência suficiente para análise dos interessados,
para que possam apresentar, em tempo hábil, alternativas ao projeto atual. Sem
apresentar todas as informações necessárias e adequadas, qualquer aprovação que
possa se dar será um cheque em branco e um salto para o desconhecido.
A programação
divulgada pelo IPPUJ no seu site prevê uma única audiência em cada uma das
regiões propostas e uma duração máxima de duas horas, tempo que já se anuncia
insuficiente para uma audiência pública de tanta importância. Serve como exemplo
a reunião realizada no Bairro Santo Antonio para debater, com a comunidade, o
sentido de um pretenso binário, o que gerou um acalorado e prolongado debate.
Quem prevê
audiências tão breves para um tema tão complexo e de tanto impacto só pode ter
em mente o velho modelo das audiências homologatórias, tão comuns em Joinville.
Aquelas em que tudo já está decidido e os cidadãos são chamados para aplaudir,
concordar ou até espernear, mas sem que não seja mudada nenhuma virgula do
projeto apresentado.
Já tive oportunidade
de participar de várias audiências públicas e este tem sido o modelo. O calendário,
os horários, a falta de informação sobre o modelo e formato das audiências, a
ausência de informações adequadas transparentes e acessíveis ao cidadão que participar
das audiências não deixam muito espaço para imaginar que algo tenha mudado em
Joinville.
Assim, as chances de que a democracia passe longe das audiências públicas
da LOT é grande. Vamos esperar para ver.
domingo, 13 de abril de 2014
Tirar dinheiro de desempregados?
ET BARTHES
Até onde vai a cara de pau dessa gente... Vergonhoso Malafaia.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Ser liberal
Como acabar com
a pobreza? Essa é
uma pergunta de difícil
resposta e que
move muitas pessoas na
tentativa de respondê-la.
Muitos dizem que o problema está na desigualdade
social e colocam na
má distribuição de
renda a culpa da
pobreza que ainda
existe mundo afora. Outros
argumentam que a dificuldade são
as barreiras impostas pelos
governos, o que
faz com que elas
não possam ser livres
o suficiente para conseguirem
sair da situação de
miséria em que se
encontram.
São duas respostas
para a mesma pergunta
(obviamente que extremamente
condensadas aqui), a mostrar que
os dois lados estão
buscando uma solução
para um problema que
ambos admitem existir. Mas
o que se observa quando
estes dois grupos discutem
é que não há
diálogo, apenas desconhecimento
e clichês repetidos
de um lado para
outro, além de um domínio de uma discussão partidária que não tem fundo
ideológico nenhum e que está mais preocupado em responder outra questão: “como
conseguir mais poder?”
É preciso haver diálogos e não monólogos e xingamentos, que
em grande parte ocorrem porque não há conhecimento suficiente sobre o que o
outro está defendendo. Há aparentemente uma preguiça em diferenciar as diversas
vertentes que cada ideologia tem e um vício em querer colocar todos num rótulo
só. Eu sou liberal porque acredito que a maneira mais fácil e eficaz de se
acabar com a pobreza, e assim garantir uma melhor qualidade de vida para as
pessoas, é através do livre mercado, dando liberdade para as pessoas, o bem
mais precioso na vida de um ser humano, pois só ela pode fazer com que todos
possam alcançar a felicidade, algo subjetivo e individual. O liberalismo
mostrou isso no decorrer da história, em inúmeras situações em que a liberdade
de uma população se converteu em uma qualidade de vida melhor. É no mínimo
curioso ver que essa ideia de liberdade pode ser considerada por muitos aqui no
Brasil como a de alguém que “não se importa com os pobres”. Aliás, defender a
liberdade no Brasil, é correr o risco de ser chamado de comunista, fascista e
conservador na mesma discussão; e isso mostra como há um total desconhecimento
do liberalismo.
UM MOVIMENTO DIVERSO - Hoje o movimento liberal é extremamente heterogêneo.
Libertários de direita, libertários de esquerda, anarcocapitalistas,
minarquistas, bleeding hearts, liberais conservadores entre outros grupos,
discutem os problemas da nossa sociedade sob diversos pontos de vista, e a
produção é constante e de grande qualidade. Blogs como o do Instituto Mises
Brasil (IMB), o Portal Libertarianismo, o Mercado Popular, o Capitalismo para
os Pobres, e institutos como o próprio IMB, o Instituto Liberal do Nordeste
(ILIN), o Estudantes Pela Liberdade (EPL), o Ordem Livre, o Instituto Liberal,
além de iniciativas como a do Partido Libertários, propagam ideias de liberdade
das mais diversas vertentes. Eu mesmo participei da fundação de um instituto em
Curitiba, o Instituto Bastiat, que hoje se encontra desativado, mas no pouco
tempo em que existiu me mostrou que o liberalismo é muito pouco conhecido, mas
tem uma boa aceitação.
O que se pode perceber nessa produção atual é que há sim uma
preocupação e – principalmente – respostas para os problemas sociais atuais que
são baseados na filosofia liberal. No entanto, no cenário de guerra criado por
muitos articulistas (sejam eles sakamotianos contra os “coxinhas” ou
constatinianos contra os “caviares”), é difícil ver esse discurso chegar a ser
discutido por não liberais. Parte da culpa é dos próprios liberais, que acabam
perpetuando posições que não respondem aos problemas e apenas se apoiam em
muletas teóricas.
Três casos mostram isso mais claramente: o posicionamento
quanto a ditadura militar, que mostra como muitas pessoas que se dizem liberais
não são: afinal de contas, como alguém que defende a liberdade pode apoiar uma
ditadura? É a mesma incoerência de ser contra a violência e ter Che Guevara
como ídolo. A questão das cotas raciais mostra também como muitos liberais se
preocupam mais em se posicionar do que em oferecer respostas às questões, pois
apenas dizers que é contra não resolve os problemas que as cotas se propõem a
responder – e o liberalismo tem respostas para isso, como, por exemplo, a
educação livre. E talvez a questão mais emblemática, a meritocracia, que mostra
uma incoerência por parte de quem a invoca em uma discussão e se diz liberal,
pois, se apenas o mérito importa, o que fazer então com aquela lista embaraçosa
de “ranking de liberdade econômica” que mostra como países mais livres tem
qualidade de vida melhor? Além de que é bem visível que não é apenas o mérito
que conta na hora de alguém conseguir alcançar seus desejos; vários fatores
externos também contribuem, e a liberdade é um deles.
O que eu pretendi dizer com esse texto é que o pensamento
liberal ainda é pouco estudado e lido no Brasil e para que haja um verdadeiro
debate para melhorarmos as condições de vida da população em geral, é
necessário que esse discurso seja melhor debatido, e que não seja confundido
com outros pensamentos ou sofra com preconceitos. Além disso, também é visível
que os próprios liberais tem que entender melhor a ideologia que defendem, para
não receberem alguma alcunha que não mereçam. Todos ganharemos se começarmos a
nos preocupar mais em melhorar a vida dos outros e menos com qual partido está
no poder.
Rikardo Santana da Silva é jornalista e historiador.
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