quarta-feira, 27 de março de 2013

Os valores se inverteram: o que é errado agora é certo e o que é certo agora é errado!

POR GABRIELA SCHIEWE

Domingo, 24 de março de 2013, acordei bem cedo para assistir a F1. Confesso que hesitei um pouco, pensei em voltar a dormir. Mas aí pensei: "sabe de uma coisa, vou assistir". E valeram muito a pena estas horas a menos de sono.

Quem assistiu o GP da Malásia e que gosta de esporte e, principalmente do automobilismo, se deliciou com as disputas acirradas durante toda a corrida e, principalmente, entre companheiros de equipe.

Eu bradei aos quatro ventos que foi uma corrida sensacional, uma das melhores dos últimos tempos. Verdade que eu não tenho tantos tempos assim, molhados (rsss).

Ficamos com a certeza de que a esportividade estava prevalecendo sobre a vitória a qualquer custo. As jogadas de equipe apostando no que é correto e que o melhor piloto naquele momento tem que vencer, independente de quem seja o primeiro da equipe. Que as ordens para que o Felipe Massa desse passagem para o Alonso, de maneira ultrajante e vergonhosa, não faziam mais parte. Que maravilha!

É, mas nem tudo são flores. Por que hoje não pode vencer aquele que está melhor e vimos o Vettel, que ganhou na pista, sem mutreta, sem ordens de passagem, vencer e se envergonhar disto. Sim, isto mesmo, ele está envergonhado de ter vencido o GP da Malásia e ter realizado uma ultrapassagem no seu colega de equipe e está tendo que se desculpar em todas as línguas e através de todos os meios de comunicação.

- "Gostaria de vir aqui com uma boa desculpa ou uma história legal, mas não posso. Essa é a verdade. Tenho que pedir desculpas a Webber. Ele estava poupando o carro e os pneus, e eu assumi um grande risco em ultrapassá-lo. Cometi um grande erro hoje. Eu ouvi e ignorei. Não deveria ter feito isso. Com certeza não é uma vitória que me deixa muito orgulhoso, porque deveria ter sido de Mark. Não posso mudar isso agora. Mas espero que haja uma situação no futuro que eu possa", disse Sebastian Vettel.

Por favor, isso é ridículo! Quer dizer que não vence mais quem é melhor, por que isso é errado. O certo é vencer aquele a quem o diretor de equipe escolhe, como vimos o Rossberg ter que se contentar em chegar em 4º lugar, pois não podia ultrapassar seu companheiro de equipe Hamilton e ouvi que ele fez o correto.

Como diz o meu colega Felipe Silveira, vamos aplaudir e de pé!

Gente, o que está acontecendo com o mundo, com o Brasil, com Joinville? Tudo que é errado agora é certo. Até pastor que achincalha negros e gays está presidindo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Joinville, a maior cidade do Estado, abre mão de sediar os JASC alegando não ter condições. O cara que vence pela sua capacidade esportiva é tachado como errado e sacana.

Não sei, mas eu acho que alguma coisa não está certa. Ou será que eu estou louca?

terça-feira, 26 de março de 2013

Jogador de golfe dá tacada em cima da árvore

POR ET BARTHES
O filme mostra como o golfista Sergio Garcia tirou a bola de cima da árvore. Só não sabe como a bola foi parar lá em cima.



Secos e Molhados


Pílulas de sabedoria

POR JORDI CASTAN


Neste momento, quando as práticas da Comissão Preparatória da Conferência da Cidade vêm sendo legitimamente questionadas por muitos e destemperadamente defendidas por poucos, abstenho-me de responder às diatribes e invectivas dos que defendem seus métodos pouco ortodoxos, falsamente democráticos e muito pouco transparentes. Como resposta, valho-me apenas da sabedoria acumulada ao longo dos séculos.

Entre outros sábios conselhos, Nelson Rodrigues brindou-nos com este: "Deve-se sempre desconfiar dos veementes, pois eles estão sempre a um passo do erro e da obtusidade”.

Um dos fundadores da psicologia, William James, ensinou-nos: "Muitas pessoas pensam que estão pensando quando estão apenas a rearrumar os seus preconceitos".

O escritor inglês William Hazlitt revelava a alma de muitos dos lacaios modernos: "O homem é um animal que finge - e nunca é tão autêntico como quando interpreta um papel".

O iluminista Voltaire denunciava: “É muito perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estabelecidas estão completamente equivocadas”. Sobre os pusilânimes de sempre, revelava: “Só se servem do pensamento para autorizar as suas injustiças e só empregam as palavras para disfarçar os pensamentos”.
Sobre a inutilidade de debater com fanáticos, Voltaire indagava: "Para quê discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras".

O enciclopedista Diderot, preso por expor suas opiniões, ensinava: "Há homens cujo ódio nos glorifica".

O filósofo anglo-irlandês Edmund Burke considerava: “Aquele que luta contra nós fortalece nossos nervos e aprimora nossas qualidades. Nosso antagonista trabalha por nós”. E sugeria aos independentes das benesses estatais "... ousar ter dúvidas quando tudo é tão cheio de presunções e audácias”.

Outro sábio avant la lettre, Roberto Campos profetizava o que hoje vemos campear por nossas plagas: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor"

Proust ironizava os convictos e fundamentalistas de sempre: "Cada um chama de claras as idéias que estão no mesmo grau de confusão que as suas próprias".

Alexis de Tocqueville, o mais sábio de tantos quantos me socorro, denunciava: “Nações existem na Europa onde o habitante se considera como uma espécie de colono, indiferente ao destino do lugar que habita (...) A fortuna da sua aldeia, a política da sua rua, a sorte da sua igreja e do seu presbitério, em nada o afetam; pensa que nenhuma dessas coisas lhe diz respeito de maneira alguma, e que pertencem a um estrangeiro poderoso a que chama de governo. Goza de tais bens como que em usufruto, sem espírito de propriedade e sem idéias de qualquer melhoria”.

Pois é exatamente por não sermos colonos, indiferentes ao destino do lugar em que habitamos, que insistimos em exercer nosso direito de cidadãos. Ainda que isso possa parecer exótico para alguns ou ousadia indevida e pretensiosa para outros.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Efeito BMW em Araquari


POR GUILHERME GASSENFERTH
Uma comitiva catarinense viajou à cidade americana de Spartanburg, na Carolina do Sul. O objetivo da missão era conhecer o impacto que a fábrica da BMW causou naquela pequena cidade do leste americano.

Uma reportagem publicada em ANotícia em 23 de março dá conta que a comitiva, formada mormente por políticos, está empolgada com o que viu em solo yankee. Crescimento econômico, desenvolvimento, vitalidade e efervescência urbana contagiaram os catarinenses, que querem fazer de Araquari uma Spartanburg com a vinda da BMW.

Esqueçam.

A primeira diferença é que Spartanburg está nos Estados Unidos e Araquari está no Brasil. Nos Estados Unidos, há desenvolvimento avançado por causa da infraestrutura. No Brasil, há algum desenvolvimento apesar da infraestrutura.

Nos Estados Unidos, a sociedade é muito organizada e participativa. Alexis de Tocqueville já preconizava em sua obra-prima “A Democracia na América” (1835) que a organização da sociedade em associações é fundamental para o desenvolvimento. Os Estados Unidos são ricos em associações, em comércio, em lazer, em esporte, em história, em conhecimento.
Spartanburg tem teatro, tem estádio, tem museus, tem bibliotecas, tem livrarias, tem diversas opções de lazer. Já Araquari... tem a Festa do Maracujá como epicentro da sua vida cultural e de lazer.

Mas não é na infraestrutura, nas opções de lazer, na cultura ou na organização que focarei para explicar porque o desenvolvimento visto em Spartanburg nunca será alcançado na Capital Catarinense do Maracujá. Vou prender-me aos aspectos educacionais.
Em Spartanburg, uma cidade com 40 mil habitantes, há uma universidade e sete faculdades, duas delas fundadas no século XIX. Em Araquari, com cerca de 25 mil habitantes, há uma faculdade com cursos ligados a agricultura e poucos alunos – e frequentada por poucos araquarienses. Não há boas escolas de ensino fundamental em Araquari.

Li uma vez um livro interessante, chamado “A História dos Estados Unidos”, escrito por três brasileiros e um canadense que vive e trabalha no Brasil. Num capítulo ele aborda a importância e ênfase que os EUA dão à educação. Para ilustrar, apoia-se em uma Lei do Estado de Massachussets, publicada em 1647 (quando nós não éramos sequer um país, mas uma grande fazenda portuguesa), que obriga que quando um lugarejo chegar a 50 famílias, estas deverão cotizar-se para pagar um professor para ensinar às crianças do local.

A qualidade da educação é o maior paradoxo que vivemos. Não há neste país uma alma que contrarie o senso comum de que sem a educação não há salvação. Os mais renomados intelectuais, os mais gabaritados políticos e os mais leigos compatriotas tem na ponta da língua o mantra de que é preciso investir na educação para que o Brasil alcance um dia patamares satisfatórios de desenvolvimento. Mas o investimento apequenado que chega onde deve produz igualmente pequenos resultados.

A culpa, meus caros, não é da nossa vizinha Araquari. Não pensem que falo mal daquela cidade, mas tão somente contextualizo as diferenças que existem entre uma cidade dos Estados Unidos e uma cidade brasileira. O problema é sistêmico, conjuntural e está muito distante de ser resolvido.

Se eu pudesse escolher uma instituição de Munique a instalar-se por aqui não seria a BMW ou a Audi, mas a Universidade de Munique Ludwig-Maximilians. Deixo claro que não sou contra a instalação da fábrica de motores da Baviera, mas só quero demonstrar que o efeito BMW de Araquari será diferente substancialmente do efeito BMW em Spartanburg.

O negócio é que podem vir BMW, Google, NASA e o próprio Palácio do Planalto a instalar-se em Araquari, Joinville ou onde for. Se não atraírmos e/ou desenvolvermos primeiramente boas opções de educação, acessíveis a todos; se igualmente não pensarmos em desenvolver a cultura e o lazer; se não investirmos com eficiência em infraestrutura e urbanismo; sem planejamento consistente de longo prazo sendo levado a sério; sem combater a burocracia e a ineficiência do gordo Estado brasileiro; jamais poderemos chegar sequer perto do resultado ‘miraculoso’ que a BMW deu à cidade estadunidense.