quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Bullying de Natal

POR ET BARTHES

Imagine que na época de Natal você vai a um centro comercial e um coro de crianças com caras de anjos começa a cantar músicas próprias da época. Mas quando você começa a prestar atenção às letras vai perceber que é bullying. É um anúncio da De Opvoedingslijn, um conselho belga destinado a pais com crianças fora do controle. A letra em inglês está na linha mais abaixo.

Os conformistas


POR JORDI CASTAN
Nada a ver com o protagonista do filme de Bernardo Bertolucci e roteiro de Alberto Moravia, mas os conformistas estão hoje por todos os lados. Invadem-nos e nos envolvem com sua atitude passiva, com o seu conformismo frente a tudo. Tolamente se alegram e fazem algaravia por qualquer coisa menor, como se fosse um grande acontecimento e merecesse todo este barulho.
Os conformistas são esta gente que se satisfaz com pouco. Algumas vezes ficam contentes com nada, enchem os seus espíritos vazios de ar, de pura empulhação, que os alimenta e nutre. Acreditam em palavras vazias, imaginam que se algum político diz que vai inaugurar isto ou aquilo, em determinada data, aquilo é uma verdade absoluta. Ignorando, no seu conformismo, que nem o próprio político acredita no que afirma.
Os conformistas são como um lastro que não nos deixa avançar, nos mantém presos à nossa mediocridade provinciana e nos impedem de sonhar e de ir além. Querem nos convencer que estamos muito bem, que vivemos na melhor cidade de Santa Catarina, no melhor estado do país e no melhor país do mundo.
Que os dados do censo mostrem que as desigualdades subsistem, que as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres aumentam, que o salário médio é baixo. Os conformistas querem que mantenhamos uma venda sobre os olhos, que não possamos enxergar como as coisas poderiam ser, e que não nos rebelemos contra a situação que aqui está.
Alguns são conformistas porque não conhecem outra realidade e acreditam piamente que vivemos no melhor dos mundos. Outros levam o seu conformismo ao extremo de imaginar que isto é o melhor a que podemos aspirar. E que, mesmo sabendo existirem alternativas melhores que a nossa, elas estão fora do nosso alcance, ou porque não as merecemos ou porque somos incapazes de atingi-las. Como na fábula de Esopo, em que uma raposa morta de fome vê uma parreira carregada de cachos de uva, intentou alcançá-la e depois de árduos intentos desistiu alegando que as uvas estavam verdes.
Fazer do conformismo uma corrente que nos prende à mediocridade é condenar-nos a permanecer servis, a não avançar, a não sonhar, a aceitar soluções medianas como sendo boas, remendos de solução. É um castigo injusto e desproporcional para uma cidade que merece mais e aspira a um futuro melhor. Uma cidade que já foi altiva, orgulhosa e exemplo, e que hoje insiste em conformar-se com pouco ou com muito pouco. A única solução é enfrentar este conformismo capacho, mantendo-nos firmes e indômitos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

De PIGS e putas

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Eis o meu último post do ano. E por estarmos em plena época festiva, seria normal desejar um feliz ano novo a todos os leitores do Chuva Ácida. Mas, como sabem, eu moro em Portugal e, do jeito que as coisas andam, não tenho garantias de que vá haver um 2012. Tudo depende de uma autorização da Sra. Merkel, que é quem manda nesta bodega toda.

O trem está feio, gente. Aqui deste lado andamos todos a comer nas mãos da “Troika da Merkel” (FMI, Banco Mundial e União Europeia). E os caras estão fazendo coisas do arco da velha. Imaginem que, por causa dessa corja, tive um Natal pela metade. Isso mesmo. Os puppets que governam a coisa por aqui (na verdade não governam, são paus-mandados) gudunharam parte do meu décimo-terceiro.

Foi um confisco na maior cara de pau. Só que para não parecer tão arbitrário, deram o simpático nome de “Contribuição Especial para o Ajustamento Orçamental”. Não sei se com a minha contribuição deu para ajustar o orçamento do país. Mas uma coisa posso garantir: eles certamente desajustaram o meu orçamento. Lembram daquela coisa antiga chamada “ouro para o bem do Brasil”? Aqui foi “euro para o bem de Portugal”.

Portanto, não sabemos se vamos ter um 2012. Se tivermos, tudo indica que vai ser uma porcaria. Porcaria? Ah... isso explica muitas coisas. Para quem não sabe, este cantinho à beira mar plantado é um dos integrantes do grupo de países carinhosamente chamado PIGS - Portugal, Italy, Greece e Spain. Os europeus do norte fogem de nós como os porcos deveriam fugir da salsicharia alemã.

A coisa está tão feia que todos estes países agora têm novos governos. Menos mal para Portugal e Espanha, onde Passos Coelho e Mariano Rajoy venceram eleições democráticas. Mas os manda-chuvas da Europa foram ao fundo do poço neoliberal e, em nome dos “mercados” (essa entidade que ninguém nunca viu), não se importam de atropelar a democracia.

Foi o que aconteceu na Itália e na Grécia, onde não houve eleições para escolher os novos governantes. Os ex-primeiros-ministros Silvio Berlusconi e George Papandreou foram defenestrados e substituídos por tecnocratas que não receberam um votinho sequer. Eleições? Ora, para quê? O mercado não gosta dessas sutilezas democráticas. Mas sou capaz de apostar que os italianos preferiam ir à urnas para dar um chute democrático no traseiro de Berlusconi.

E o mais chato. Segundo os donos da Europa, os PIGS são lugares onde as pessoas tiveram “vida fácil” nos últimos anos. Pelo que dizem, parece que andamos a gastar mais do que podíamos e agora é hora de liquidar a fatura. Não entendo. Porque tenho trabalhado feito um mouro e nunca me pareceu ser uma vida fácil. E se gastar o meu dinheiro em comprar casa e pagar educação é vida fácil, imagino o inferno que deve ser a vida difícil.

Peraê. Agora entendi, senhores da troika. Vida fácil é como muitos identificam a vida das prostitutas. É isso. Vocês emprestam dinheiro a juros escorchantes e , por causa disso, nós temos que nos portar como putas? Ok... vocês podem nos foder... mas sem beijo na boca.

Feliz ano novo. Onde houver ano novo...

Violência doméstica sem finais felizes

POR ET BARTHES

O filme mostra imagens violentas. Mas falar da violência mostrando os resultados da própria violência pode ser uma forma de passar a mensagem. E apesar de alguns considerarem as imagens chocantes, o fato é que em Portugal elas estão sendo exibidas sem problemas. E o texto faz sentido: “Nos últimos cinco anos 176 mulheres morreram vítimas de violência doméstica. Morreram porque continuaram a ter esperança de que ia voltar a ser como um dia foi. Mas ele não mudou e elas morreram”.
A violência doméstica não costuma ter finais felizes.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre crenças e apontamentos

POR CHARLES HENRIQUE

Como 2011 está chegando ao fim, os momentos de reflexão são praticamente obrigatórios em nossas vidas. Aquela coisa de “o que eu fiz de bom e de ruim” passa pela cabeça de qualquer um de nós. E nessas avaliações que fiz sobre meu 2011, gostaria de compartilhar algumas conclusões que obtive.

A criação do Chuva Ácida me serviu para aprender a expor minhas crenças e também para lidar com o ato de apontar. Na verdade é isso que fazemos aqui. Carregamos nossas crenças e as utilizamos para dizer “isso ou aquilo”. Incomoda muito os outros, mas, apontamos sobre tudo em nossas vidas. Não precisamos de um Chuva pra começarmos. Apontamos no relacionamento, na família, no trabalho...

Quando comentamos sobre a coisa pública, parece algo fácil, tranqüilo, pois não estou falando de algo particular, estou falando de todos. Aí é que mora o perigo. Cada um tem seu prisma de enxergar a sociedade. Eu, por exemplo, um ex-militante do PDT, candidato a vereador em 2008, ex-ACT da gestão Tebaldi, ex-comissionado da gestão Carlito, Cientista Social, mestrando em Urbanismo, consultor em planejamento urbano, radialista, blogueiro, filho, aceitei este desafio de apontar porque sei até onde vão as minhas crenças. Se os outros têm uma crença diferente da minha, paciência: eu aponto do mesmo jeito.

Apontar não é zombar do diferente, do errado. Apontar é chamar a atenção, para o bom ou para o ruim. Gostaria que nesse 2011 eu não precisasse apontar o furo dos deputados em relação as diárias, ou a morosidade dos vereadores durante o ano todo, culminando em sessões extraordinárias perto do Natal. Muito menos o falso-parque no Guanabara. Ou ainda a novela dos R$40mi do BNDES. Mas precisei fazer isto. Se ninguém apontasse, ninguém discutiria e a barrigada seria a regra de nossos representantes. A sociedade ganha.

Espero que em 2012 eu não precise apontar nada. Que todos tenham consciência de seus atos, e que a prudência faça parte de cada passo dado. Sei que é uma utopia, mas apontar é um trabalho que cansa, pois parece ser muito repetitivo. Corrupção daqui, morosidade dali, imoralidade acolá. Obra bem feita daqui, boa ação ali. Mas, peraí: apontar também não seria uma crença?