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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Prazer, pastor Filipe
















POR FILIPE FERRARI



Estive dando uma olhada nos candidatos a vereador para Joinville, e algo (que não é nenhuma novidade) me chamou a atenção: os “pastores”. Na listagem dos 300 e tantos candidatos, cinco deles carregam em seus nomes “artísticos” alguma alcunha que remeta à religiosidade, tal qual “pastor(a)”, “evangelista” ou “capelã”. E, qual o problema disso?

Eu sou professor. Em algumas oportunidades, coloco esse título em frente ao meu nome, especialmente por questões profissionais. Entretanto, esse título me é concedido por um diploma, no qual consta o reconhecimento de uma universidade, reconhecida e chancelada pela instância máxima da educação nacional, o MEC. Se eu sair do país, mediante as burocracias necessárias, esse meu diploma é válido em diversos outros países do mundo. Agora, quem regulamenta a profissão de “pastor”?

A função de pastor/ministro/sacerdote é extremamente importante, e exige muito estudo. Em diversos âmbitos e círculos sociais, é essa pessoa quem presta auxílio para pessoas em depressão, questões conjugais, enlutados, aconselhamentos, entre outros. Até o século XX, e até hoje em determinados rincões desse país, as igrejas são um dos únicos espaços fomentadores de dignidade e socialização, especialmente em situações de marginalização social. Aí que está o problema da picaretagem. Assim como em todo ramo de trabalho, os picaretas pululam no cargo de ministros religiosos, e são os que trazem má fama à classe.

Aqui em Joinville, passamos pelo mesmo problema. Tem tecnólogo tatuadão (que, graças a Deus não concorre ao legislativo) que fez teologia em lugares meio obscuros (que comemora quando UM aluno consegue validar o diploma), tem pedagoga vereadora pastora que quer enfiar goela abaixo o Escola Sem Partido, e por aí vai. Na verdade, dos religiosos que concorrem à Câmara, apenas um deles declarou como profissão ser Sacerdote ou Membro de Ordem ou Seita Religiosa, apesar do Ensino Médio Incompleto. Sendo assim, até eu posso me chamar de pastor (não, obrigado, o título é uma ironia)!

Obviamente a regulamentação de um cargo como esse merece muita discussão, e não se pode exigir que o Estado interfira nas religiosidades. Entretanto, também não se poderia achar normal que pessoas se invistam de títulos e cargos para agir no meio público. Se determinada denominação acredita no seu “ungido”, que essa unção seja agente transformador (ou deformador) do meio que a aceitou. A autoridade religiosa para o meio público somente deveria ser levada em consideração se tivesse o aval da regulamentação oficial. Existem por aí excelentes escolas e faculdades de Teologia, que inclusive tem conceito máximo junto ao MEC e à Capes.


Afinal, sempre cabe a pergunta, você iria a um médico que exerce sua profissão sem um diploma, apenas pelo reconhecimento?