POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Eu juro que não queria voltar ao tema. Mas às
vezes surgem coisas tão imbecis que não dá para passar batido. Quem viu a
imagem aí ao lado percebeu do que estou a falar. Tem gente querendo suspender o
direito de voto dos beneficiários do Bolsa Família. Putz. Estarei a ser duro
demais ou essa é uma das coisas mais estúpidas que apareceram nos últimos
tempos?
Fico aqui a pensar. Quem foi o gênio a parir
esse disparate? Quem teria a cara de pau de levar essa proposta a público? E,
por fim, quem daria apoio a uma babaquice desse calibre? O pior, leitor e
leitora, é que a coisa já tem mais de 4 mil partilhas na rede do Mark
Zuckerberg. Pode parecer apenas uma piada de mau gosto, mas a coisa é seria.
Porque os caras estão com saudade de uma ditadura à moda antiga.
Tem gente acreditando que a supressão do voto
dos mais pobres torna as eleições mais justas. Faz sentido. Sem essa sujidade que
são os votos dos desvalidos, a sociedade pode eleger governos como todos os
governos deveriam ser: a pensar nos mais abastados e feito por políticos que
estão cagando e andando para os pobres. Afinal, o país sempre foi melhor quando
as coisas estavam no lugar certo: os pobres eram pobres para toda a vida e essa
era a ordem natural das coisas. Fala sério.
Aliás, não resisto e dou uma ideias para
melhorar o processo. Por que não impedir o voto dos negros? Por que não impedir
o voto dos homossexuais? Porque não impedir o voto das mulheres? Por que não
impedir o voto dos torcedores do Corinthians? De impedimento em impedimento,
vai sobrar pouca gente para votar. Ou seja, só votam o idiota que teve a ideia
e a multidão de idiotas que acreditaram nela e espalharam.
Sério, gente? No Brasil há pessoas que acham a
suspensão da democracia uma boa ideia? Ah... e com o requinte de suspender a
democracia apenas durante as eleições. É uma ideia tão estapafúrdia que não
sinto a menor vontade de discutir com argumentos do mais elementar bom senso. A
racionalidade é impossível e não vou desperdiçar o meu latim.
Esta parece ser uma daquelas situações em que
só um montão de xingamentos serve de argumentos ajuda a extravasar a indignação:
seu anormais, imbecis, idiotas, panacas, cretinos, energúmenos, patetas, parvos,
estúpidos, pacóvios, lorpas, atrasados, apoucados...