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sábado, 27 de abril de 2013

Racista, homofóbico e agora chantagista?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Deixei passar um tempo para ver o que rolava. Como nada aconteceu, agora retorno ao assunto. Esse pessoal da “esquerda” por vezes decepciona. E escrevo esquerda com aspas porque é um guarda-chuva onde muitos querem se abrigar de forma imerecida. Os caras andavam numa sanha onde só se falava em Marco Feliciano. Era Marco Feliciano para cá para cá, Marco Feliciano para lá, Marco Feliciano para acolá. Mas agora é só silêncio.

Tudo mudou quando o estafermo do pastor veio com aquela treta de impor uma condição para deixar a Comissão dos Direitos Humanos: os deputados João Paulo Cunha e José Genoíno, ambos do PT e condenados no processo do “mensalão”, tinham que abandonar a Comissão de Constituição e Justiça. Foi tiro e queda. A partir daí não se ouviu um pio sequer sobre o tema.

Era óbvio que deputado pastor estava a fazer uma ironia e não a propor uma negociatazinha, até porque estava garantido no cargo. Mas parece muita gente levou a chantagem a sério. Ou seja, em vez de juntar a palavra “chantagista” a “homofóbico” e “racista”, esse pessoal meteu o rabinho entre as pernas e silenciou. Um erro estratégico, porque parecia óbvio que se a contestação continuasse o cara não se aguentava no cargo.

Meus amigos, vamos separar as águas: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. É mais do que óbvio que o deputado não tem perfil – e sequer qualidades deontológicas – para defender os direitos humanos. Tirá-lo de lá é uma guerra específica. A batalha para tirar José Genoíno e João Paulo da Comissão de Constituição e Justiça é outra e provavelmente terá outros interessados.

Ora, essa desmobilização não faz sentido. Há duas semanas o cara era o demo em forma de pastor e hoje está tudo bem? Ou será que as causas de internet não resistem a uns diazinhos? Ou podemos acreditar que a consistência política das pessoas não resiste a uma chantagenzinha despudorada? O cara continua lá. Vocês vão baixar os braços? Então não reclamem.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Violência policial institucionalizada





POR AMANDA WERNER
Nos últimos dias os meios de comunicação têm estado recheados de notícias sobre a má conduta policial. Mas a que chamou mais a minha atenção foi a da execução de um servente por cinco policiais militares.

Um vizinho filmou a cena, e, no vídeo, o servente aparece vivo, sendo retirado de uma casa pelos cinco PM’s. Os PM’s o conduzem para dentro da viatura. O servente, aparentemente, apresenta apenas resistência verbal. Um dos PM’s dá um tapa no servente e outro o chuta. Apesar de reiterados pedidos do servente para ser solto, alegando não ser a pessoa que os PM’s procuram, eles o conduzem para dentro da viatura, e lá, atiram contra o servente, matando-o.

Este é o fato. Lendo a notícia em sites, com a intenção de obter maiores informações sobre o assunto, me deparei com comentários furiosos e, digamos, interessantes de alguns leitores:

“Tem que matar mesmo. Bandido é bandido e só merece sete palmos. Prender policial? Nas imagens da TV nada está claro. Não foi execução. Houve reação do preso e ele se deu mal. A Polícia está fazendo um excelente serviço. O resto é conversa fiada.”
“A televisão atrapalha o serviço da polícia, fica dando moral a bandido.”
“Os heróis tiraram um bandido das ruas.”
“Bem que fizeram! Bandido bom é bandido morto!”  – Essa é nova!

Ora, e quem disse que com a reprimenda ilegal de delinquentes e suspeitos, consuma-se o cerco que garante a segurança coletiva? A questão é por demais complexa para que seja deixada ao arbítrio de quem quer que seja.

É preciso perceber que quando a ação da autoridade encarregada de fazer respeitar a lei, extravasa os limites legais, o fato é gravíssimo. Estamos diante de um abuso de autoridade. Quando esse abuso é cometido pela polícia, ou seja, por funcionários públicos a quem a sociedade confia armas e dá o direito de prender pessoas, configura-se uma verdadeira ameaça à democracia e ao Estado de direito!

O descontrole mental de um policial desarmado já é alarmante, quando armado, é a verdadeira negação da razão de ser da polícia.

Mas se estes argumentos não são suficientes, cabe aqui comentar acerca de uma outra notícia recente, envolvendo policiais. É sabido que o estado de São Paulo está sofrendo com uma terrível onda de violência, que já ocasionou a morte de mais de 90 policiais militares. A Corregedoria está investigando o caso, pois suspeita de que policiais venderam os dados de quase cem policiais militares ao PCC. Na lista, continha dados de policiais que prenderam ou ocasionaram a morte de alguns membros da facção. O PCC, estaria utilizando esses dados para cometer atentados contra os PM’s e seus familiares.

E agora? Quem merece bala? Os policiais? Estas, são as pessoas a quem alguns, como os autores dos comentários citados, querem dar carta branca para matar, seja lá quem for.

Essa linha de pensamento não combate a violência. Apenas a banaliza.
E, até onde eu sei, heróis não matam, cumprem a lei. Pra quê discutir a pena de morte se na prática ela já existe? Eu francamente não entendo: fala-se muito que as leis devem ser cumpridas, mas avaliza-se o descumprimento delas sem o mínimo de reflexão.

Falta o entendimento, de que no momento em que um policial agride ou mata um suspeito, ele o está julgando, condenando, apenando e passando por cima do Estado. E os bons policiais, que não somente existem, mas são muitos, acabam pagando por esse tipo de mau comportamento.

Do ponto de vista de uma vítima de criminosos, é possível compreender a reação de revolta e o desejo de vingança. Mas a lei existe justamente para impedir que cada crime dê origem a uma cadeia de agressões e vinganças que estabeleceria a Lei das selvas como forma de convivência.

Os cinco policiais envolvidos na morte do servente devem responder judicialmente por homicídio. Qualificado por motivo torpe. No mínimo. Por quê? Porque é assim que dispõe a lei. Eles, ao contrário do servente, terão um julgamento, com direito ao contraditório e à ampla defesa. E olhem, eles mataram. O servente, até onde se sabe não.