POR JORDI CASTAN
O post do Guilherme, na sexta-feira, despertou
uma enxurrada de comentários de um e outro lado. Curiosamente o seu texto
despertou um novo exército de zumbis - na verdade, um segundo exército de zumbis,
porque o primeiro está acordado e pentelhando desde umas semanas - postando como enlouquecidos, uma repetição ensandecida de mensagens que
insistem em que #joinvilletem.
Mas voltando ao post do
Guilherme, é evidente que quando vários comentários do mesmo teor, utilizando
as mesmas expressões e postados com diferença de poucos minutos chegam ao Chuva
Ácida, é fácil identificar uma articulação de um ou outro interessado em replicar
ou retuitar mensagens a favor de um ou em contra de outro.
O interessante dos comentários é que vários
deles abordaram o tema do que é público e do que é privado e defendem a ideia
que há que saber separar as duas coisas. Este é um tema interessante e que
merece um debate mais profundo. O que é o público e o que é privado? Em que
momento e como separar ou diferenciar um do outro? É ainda mais interessante
este debate, dependendo do papel ou da importância do envolvido ou dos
envolvidos.
Primeiro ponto que
deveria ficar claro é que tudo o que envolve um candidato a prefeito de
Joinville deve ser público. Foi o candidato quem de forma
voluntária decidiu participar da campanha e aspira a ser eleito e governar a
cidade e os seus cidadãos durante os próximos quatro anos. A partir desta
premissa não há duvida, nada pode ser ocultado e tudo precisa ser transparente,
diáfano e deve ser informado aos cidadãos.
Se analisarmos cada um
dos candidatos a partir das informações que já foram divulgadas, os que são de
domínio público e as que surgem dia a dia durante a campanha, os eleitores
terão a oportunidade de votar melhor. Reduzir o risco de
cometer erros e escolher o melhor candidato para governar Joinville.
Um dos candidatos
declara abertamente a sua simpatia com a comunidade GLBT e o faz desde uma posição militante e firme. Ao fazê-lo, sinaliza que, caso
seja eleito, seu governo fará uma gestão mais inclusiva, respeitará as
diferenças. Um caso claro em que o privado influencia o público.
Outro mostra de forma
escancarada o seu patrimônio, evidencia sem remorso que a vida pública lhe fez
bem ao seu patrimônio privado, de novo há uma permeabilidade interessante entre
um e outro. O eleitor atento saberá fazer a leitura
correta do que é melhor para a cidade.
Tem ainda o candidato
que exibe o seu bom fazer como gestor. Os resultados estão aí e os balanços das
empresas são publicados periodicamente. A forma e o modelo
de gestão são também públicos. Numa cidade como Joinville o modelo de gestão de
cada uma das maiores empresas da cidade é um segredo a vozes.
O grupo de zumbis que
invadiu as redes sociais com dezenas de mensagens com a etiqueta #ficacarlito,
#joinvilletem ou #carlito+4 insiste em querer convencer os eleitores, através da exaustão, que agora a coisa engrenou, que ter um candidato honesto é
um enorme diferencial nesta campanha e que a gestão do atual prefeito merece um
voto de confiança. Alguém insistir de forma estulta que a
honestidade do seu candidato é o seu grande diferencial nesta campanha é uma
ofensa ao bom senso. Honestidade não é um diferencial para nenhum candidato. O
diferencial é a desonestidade e neste caso um diferencial negativo. Por outro
lado, a capacidade para arrumar a casa parece mais algo que faria mais sentido
no currículo de uma boa faxineira que no de um candidato a prefeito de uma
cidade com 500.000 habitantes. Levar quase quatro anos para conseguir fazê-lo
mostra ainda pouca produtividade e empenho.
Cantar, gravar vídeos
e fazer da pregação um projeto de vida não tem nada de errado, cada um é livre
de praticar o culto que desejar. A crítica que se pode
fazer, e é pertinente, e se o vídeo este bem produzido, se a música é ruim ou
se será um sucesso. Nada disso me parece importante. Me preocupa sim quando
alguém perde completamente a noção do ridículo, quando não há mais referencia e
parece que tudo vale para alcançar o objetivo. Passo a imaginar alguém com este
perfil chegando à prefeitura.