PORQUE NÃO VOTO NA
CHAPA DOIS NAS ELEIÇÕES DA OAB
Por GUSTAVO PEREIRA DA
SILVA
Neste mês de Novembro
a classe dos advogados volta suas atenções ao evento mais esperado dos últimos
03 anos:as eleições para Presidente, integrantes de Diretoria e Conselheiros das 44
Subseções Municipais e do Conselho Seccional Estadual de Santa Catarina.Um exercito
de advogados será convocado para comparecer às urnas no próximo dia 19 de
Novembro no mais lídimo exercício democrático institucional. Os
advogados eleitores de
Joinville, Garuva e Itapoá– cidades integrantes do maior colégio eleitoral têm
um papel fundamental na distribuição das forças políticas do Estado. Nossa região,
ao lado dos nossos colegas blumenauenses e florianopolitanos irão definir a
radiografia e os rumos da douta corporação nestas eleições.
É chegado o momento de revisitar
realizações, avaliar com lupa os prós e contra das gestões de
cada dirigente,
estudar as propostas, a conduta, o passado, averiguar se o candidato foi condenado no tribunal de ética por decisão definitiva. Confesso que não conheço muito bem o colega
advogado Maurício Voss, mas acredito que a eleição de Maurício ao cargo de Presidente
da maior Subseção da Ordem dos Advogados do Estado deva ser postergada. Será
melhor para Joinville e para a OAB. A estrada do candidato não está pavimentada e não
é o seu momento. Talvez seja uma infeliz coincidência, mas vou ao Fórum cível de
duas a três vezes por semana em horários alternados e nunca vi o colega Maurício
Voss batendo a barriga no balcão dos Cartórios, realizando cargas de processos, falando
com serventuários, assessores, ou com o Oficialato de Justiça.
Tenho o mesmo tempo de
advocacia aproximado que o colega postulante a Presidente (+/-11 anos) e desejo
acreditar que o candidato não aderiu à mentalidade daqueles que julgam a tarefa de
ir ao Fórum com certa freqüência, um comportamento subalterno, típico do
advogado em início de carreira. Como estamos em processo eleitoral, é mais
comum nos depararmos com placas, cartazes e simpáticas recepcionistas
marcando presença na Casa do Judiciário, ao invés da pessoa do candidato.Esta simples
constatação, nos leva à seguinte indagação:Como seremos respeitados pelas
autoridades, magistrados e pelo Ministério Público, se nosso postulante a Presidente
da OAB de Joinville é um ilustre desconhecido?.
Talvez aí resida o maior erro
estratégico de Maurício Voss. Sua candidatura não nasceu naturalmente, pois é
fruto da articulação de seu padrinho político, o atual Presidente da Subseção de
Joinville, Dr.Miguel Teixeira Filho. Maurício integra o time formado por ex-Presidentes e
outras mentes cintilantes do séquito de advogados de alto coturno, responsáveis pelo
projeto político de poder concebido há mais de uma década na Subseção de Joinville.
Enquanto as Subseções irmãs crescem, nós empacamos. Não é segredo que a
candidatura de Maurício está de mãos dadas com a velha política no processo de escolha do
candidato da situação, com preterição e ofuscamento de lideranças naturais da
OAB, que aguardavam pacientemente na fila da vez. O grupo também é formado por
célebres opositores que há poucas semanas revisitaram
posições num piscar de
olhos, diante da generosa oferta de cargos importados do bunker do candidato à
oposição no Estado. Indiferença nos bastidores e afeto em público, com
distribuição de abraços, fotos no Stammtisch, pedidos de votos esbanjando simpatia
pelas redes sociais, nos coquetéis e em lautos jantares.
Esta é a nova política velha da
OAB que desejamos? Será que devemos votar em Maurício Voss porque o candidato
integra a guarda pretoriana do Presidente da Subseção de Joinville, levado a
tiracolo em reuniões, solenidades, inaugurações e coquetéis? Será esta a OAB de Maurício
Voss, apoiado por um candidato da ilha totalmente desconhecido de nós
joinvilenses, que propala ser a força da mudança, mas por outro
lado, dá sinais de
repetição de comportamentos políticos de ex-dirigentes estaduais que tanto criticou em
eleições anteriores, com receio de perder votos nos maiores colégios eleitorais do
Estado. Há integrantes da chapa do candidato estadual à oposição que trocaram
de lado, atendendo a lógica do Poder pelo Poder. Às favas para as posições
programáticas. Sempre imaginei que a nossa douta corporação fosse infensa ao pragmatismo
político. Ledo engano. A coerência da oposição no Estado teve o mérito de unir
históricos desafetos. É charmoso vê-los juntinhos pedindo votos, trocando mensagens e
curtindo postagens pelo facebook, notadamente para criticar a Seccional.
Continuando,
seria injusto dizer que a gestão do padrinho político de Maurício Voss
(2010-2012) à frente da Subseção de Joinville tenha sido ruim. Não foi. Foi muito melhor do
que a gestão do ex-Presidente Celso Zimath(2004-2006), pois temos que admitir que
o Presidente da OAB de Joinville é dotado de excelentes
predicados. É
extremamente focado e um imbatível relações públicas. Em sua gestão, tivemos realizações
positivas e alguns solavancos marcantes, como o enigmático episódio envolvendo a
revogação do termo de cessão de uso da sede campestre do Bairro Costa e
Silva.Outra qualidade inata do atual dirigente da Subseção de Joinville é ser um grande
mobilizador social. Alguém sabe exatamente o número de comissões
criadas pela Subseção
no último triênio?. Tem comissão para tudo, até para fechar a porta da sala dos
advogados e apagar a luz, com o ingrediente pitoresco da redução de 05 para 03 anos de
tempo de advocacia, para ser integrante. É verdade que muitas comissões funcionam
muito bem e são merecedoras do nosso aplauso e reconhecimento
(Comissão OAB vai à escola, assuntos legislativos e tantas outras),
mas a douta maioria
importa na disputa desigual dos eleitores indecisos e do voto dos advogados neófitos.
Outro gol contra da atual gestão foi a aproximação em excesso da Subseção da OAB de
Joinville com gabinetes de políticos municipais e Deputados Estaduais, reuniões e
conclaves com entidades que nada ou pouco têm a ver com a advocacia. Não há
muito sentido em associar nossa entidade com política dos velhos sabujos, inaugurações
de pontes, projetos arquitetônicos, boulevards e por aí afora, sobretudo porque este
relacionamento com os Poderes sequer teve serventia para defender ajustes na
legislação do ISS-Imposto Sobre Serviços, de competência do Município de
Joinville, em favor dos escritórios de advocacia. Se o atual Presidente da Subseção têm um
excelente trânsito com os Poderes Legislativo e Executivo, porque a questão do ISS para os
escritórios nunca foi tratada e discutida com a devida propriedade em favor
da classe?.Nada ou muito pouco mudou para nós advogados em 03 anos, visto que
encontramos as mesmas dificuldades e obstáculos em exercer a militância diária da
advocacia. Nem o estacionamento para os advogados na frente do Fórum funciona a
contento. O setor de fotocópias no interior do Fórum Cível não nos atende adequadamente
nos momentos de pico. E todas as obras de infra-estrutura que dispomos, como a
sala dos advogados, protocolo, OAB-Cred foram obtidas na gestão anterior (Dr.
Édelos, com o apoio da Seccional). Lembram-se de um colega advogado que ficou
preso durante 17 dias em 2011?. Onde esteve a Subseção da OABneste período? Os
colegas defensores fizeram de tudo para liberá-lo e a Subseção emitiu uma nota
oficial na página virtual, informando que iria requisitar cópias do processo para se
inteirar dos fatos. Arriscamo-nos a dizer que o colega advogado preso não recebeu a
merecida atenção da Subseção porque, decididamente, lidar com publicidade negativa
não é o forte da atual gestão.
Apesar das notórias ferramentas de gestão disponíveis no
sítio eletrônico da Subseção, é lamentável constatar que parte da prestação de contas
do ano de 2011 e aquelas referentes ao ano de 2012, foram
disponibilizadas
poucos dias antes do feriado de Finados. Onde está o contrato da SELBETTI, de R$
6000,00(seis mil reais) mês pagos à Subseção de Joinville, pela cessão de uso nas
salas dos advogados firmado em julho?.Como advogado que paga regiamente a anuidade
e cumpre com todas as obrigações estatutárias, tenho o direito de ver este contrato
na página virtual da instituição. Em suma, esta não é a OAB de Joinville que desejo e
por estas singelas razões NÃO voto no candidato Maurício Voss.
O candidato da
situação representa a política institucional velha, o continuísmo no plano municipal e um
presságio ruim no plano estadual. Respeito o colega e não tenho nada contra sua
pessoa.Pelo contrário, por sermos vizinhos (moramos na mesma Rua), penso que
Maurício deveria trabalhar para descolar sua imagem de seu padrinho e imunizar-se daqueles
que o apóiam por conveniência em Joinville e em Florianópolis. A luz própria do
colega Maurício Voss brilhará melhor no futuro, quiçá 2015 ou 2018, mas não agora, pois,
certamente, criador e criatura permanecerão em perfeita simbiose. Ou alguém
duvida que o smartphone pessoal do atual Presidente ganhará status de oráculo e
continuará informando ao seu primeiro imediato as rotas a serem seguidas pela nau
Subseção de Joinville, sobretudo nas intempéries e tempestades?.
Concluo,
afirmando que minha opção como eleitor vai em direção do colega Wilson Pereira
Júnior, pelo histórico, experiência institucional, propostas e grupo de apoiadores.
TIJI- como é informalmente chamado- embora defenda com veemência assustadora
os interesses de seu constituinte na sala de audiências, sua
tenacidade ao término
do ato judicial se transforma num caloroso aperto de mão, um franco bate-papo olho
no olho, repleto da sinceridade de alguém que deseja, verdadeiramente,
trabalhar pela construção de uma OAB de todos os advogados, sem tribos, articulações
de bastidores, marqueteiros e sabujos. Quero uma OAB que tenha um representante que
seja um diplomata quando necessário e um defensor aguerrido
de nossas
prerrogativas ao serem violadas pelas autoridades e pelos representantes dos Poderes.
Necessitamos renovar a OAB em Joinville, refletindo diretamente nossa escolha à nível
estadual, analisando a candidatura mais afinada aos interesses de nossa Subseção. Caberá
a nós, eleitores, dar a resposta nas urnas no próximo dia 19 de Novembro no salão
do Júri sobre a OAB que desejamos: uma OAB para todos e que olha para frente com
espírito de renovação ou uma OAB para poucos, representando o continuísmo de
sempre.Por entender que o ecletismo e o espírito da renovação permeiam a Chapa 01,
voto em Wilson Pereira Júnior, o TIJI, para Presidente da Subseção da OAB de
Joinville.
Gustavo Pereira da
Silva é advogado militante, pós graduado em Direito Empresarial e Presidente da
Associação Viva o Bairro Santo Antônio