Mostrando postagens com marcador Franz Schubert. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Franz Schubert. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Extinguir a Fundação Cultural?

POR JORDI CASTAN



A cada dia que passa fica mais clara a impressão de que o prefeito está perdido no seu labirinto. A proposta de compactar a cultura em um supersecretaria é típica de quem tem uma visão simplória das coisas. Ou pior, é a típica solução que apresentaria quem ainda não entendeu o problema.

Gostaria de lembrar de um texto que postei aqui sobre a reforma política e sugerir a sua leitura novamente. O texto de julho de 2014 fazia uma ligação entre a visão que determinado prefeito e um dos seus secretários tinham sobre a música. Usei uma composição de Schubert como exemplo do risco que representa uma visão parcial da situação. O risco era concreto e a ligação com a nossa realidade local era evidente.

A minha sugestão de leitura acrescentaria alguns pontos, para facilitar a compreensão e contextualizar a situação e o momento atual. A primeira é que o dito prefeito fosse, por exemplo, o de Joinville, a segunda que solicitasse a dos seus secretários mais próximos que apresentasse uma proposta de como reduzir gastos na área de cultura.

Não posso assegurar, mas conhecendo-o, não duvidaria que não tenha recebido sugestões de alguma conhecida empresa de consultoria e que desta constelação de sumidades tenha surgido uma proposta tão estapafúrdia como essa de extinguir a Fundação Cultural e compactar tudo o que cheire ou esteja ligado a cultura  numa secretaria que nem consegue cumprir direito suas obrigações e tem dificuldades até em manter as escolas funcionando e em fornecer a tempo os equipamentos e as instalações necessárias.

Se o governo municipal trata esta reforma administrativa com a mesma celeridade e eficiência com que tem tocado as obras em Joinville, ninguém deve ficar muito preocupado, porque não deve sair tão cedo. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Franz Schubert e a reforma administrativa

POR JORDI CASTAN

Finalmente se conhecem os detalhes de como surgiu a ideia da reforma administrativa. E os joinvilenses têm o direito de saber. A reforma administrativa teve basicamente dois lances, o antes e o depois. O antes: o surgimento da ideia preliminar é um capítulo interessante da nossa historia recente e é justamente o que gostaria de compartilhar aqui. O segundo capítulo: envolve o amplo debate que não houve na nossa Câmara de Vereadores e deverá ter ainda desdobramentos quando puder ser avaliado, com a perspectiva do tempo, o impacto que a reforma possa vir a ter para o cidadão e como nos afetará no futuro.

Pouca gente sabe que a ideia original da reforma não partiu do próprio prefeito e foi o resultado de um acidente de percurso, o que poderia ser considerado uma casualidade. Mas o que muita gente sabe é da paixão do prefeito pela música erudita. E justamente por ser tão conhecida, o prefeito foi convidado pelo prefeito de uma cidade vizinha para assistir um concerto de música erudita, no programa a Sinfonia Incompleta D 759, de Franz Schubert.

À ultima hora - e para atender um convite urgente em Brasília - o prefeito teve que declinar o convite e transferiu a responsabilidade de representá-lo a um dos seus secretários mais próximos. Não há unanimidade sobre se o secretário que o representou foi este ou aquele, mas o que sim se sabe é que o secretário em questão entendia pouco de música e menos ainda de música erudita. No dia seguinte, o secretário elaborou um detalhado relatório, com o objetivo de informar o prefeito do que tinha visto e fazer as suas recomendações. Foi justamente depois de ler este informe que o prefeito indicou o secretario para elaborar o projeto da reforma administrativa que aprovou o nosso legislativo.

O informe ao que o Chuva Ácida tem tido acesso em exclussividade.

1.- Os músicos que tocam os instrumentos de madeira demoram muito tempo em começar a tocar, ficam uma boa parte do tempo sem fazer nada. A minha sugestão é que se reduza a sua quantidade e parte do seu trabalho seja redistribuído entre outros músicos para reduzir a ociosidade.

2.- Por esse mesmo motivo, os músicos que tocam o triângulo, o címbalo, o bombo e outros instrumentos de percussão devem ser reduzidos: um único musico pode tocar todos os instrumentos e ainda para aumentar a produtividade o músico escolhido poderá além de usar os dois braços utilizar as duas pernas.

3.-  Os doze violinos tocam todos as mesmas notas. É evidente que há um desperdício de esforços e, com esta repetição, é recomendável reduzir drasticamente o número de músicos neste grupo. Se o objetivo de contar com esta quantidade de violinos é o de produzir um som mais alto, isso poderia ser obtido facilmente com um amplificador eletrônico de alta potência e com dois ou, no máximo, três músicos.

4.- A orquestra dedica um enorme esforço a tocar fusas e, aparentemente, isso representa um sofisticação inútil. Seria recomendável reduzir todas as fusas para as duplas colcheias ou para colcheias mais próximas. Simplificando o processo será possível poder utilizar estagiários e músicos menos qualificados e será possível baixar os custos.

5.- A repetição constante por outros instrumentos das passagens já interpretados pelos instrumentos de corda é cansativa e acrescenta pouco. Se todas estas repetições fossem retiradas da partitura, a peça, que dura quase duas horas, poderia ser interpretada em pouco mais de vinte minutos.

6.- Se tomadas em conta e aplicadas as recomendações aqui mencionadas, haverá uma redução do número de músicos de 90%. Assim, dos 82 músicos que atualmente compõem a orquestra seria possível trabalhar com um efetivo de 8,2 músicos.

7.- Também seria possível reduzir os custos de utilização da sala de concertos, com a nova composição da orquestra seria possível utilizar uma sala de reuniões de tamanho médio e retransmitir o concerto utilizando equipamentos audiovisuais e de videoconferência.

8.- Inclusive o teatro utilizado para a apresentação perderia a utilidade e não seria mais necessário. Poderia ser fechado e depois vendido e o seu espaço aproveitado para a implantação de um moderno projeto imobiliário, uma torre com 30 andares por exemplo.

9.- Finalmente, senhor prefeito, se o dito Schubert tivesse prestado um pouco mais de atenção a estes aspectos, seguramente teria acabado a sua sinfonia no prazo estabelecido e não a teria deixado inacabada.


Isso posto, está explicada a linha mestra da reforma administrativa e o porquê foi abraçada com tanto entusiasmo pela administração municipal com o prefeito à cabeça. Não há como se surpreender que os vereadores - os mesmo que aprovaram que o passeio seja agora para os veículos e não mais para os pedestres - pudessem aprovar tão facilmente uma proposta arrojada, inovadora e moderna como a que o executivo elaborou e o prefeito chancelou.