terça-feira, 1 de maio de 2018

Feliz dia dos colaboradores...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Trago más notícias: o trabalhador morreu. De quê? De assassinato semântico. Quem tenha estado atento às mudanças na linguagem das últimas décadas vai se lembrar da causa do óbito. Foi quando os empresários decidiram extirpar a palavra trabalhador do dicionário das empresas, substituindo-a pela expressão colaborador, uma denominação contaminada pela ideologia burguesa.

As palavras têm história. E não é preciso um grande exercício para entender a lógica. Trabalhador é uma expressão que vem do discurso de classes. É um sujeito incômodo, que luta pelos seus direitos, que se organiza, exige salário, faz greve. É claro que o patronato prefere lidar com o colaborador. Afinal, ele colabora.

Numa economia de mercado, nada mais natural que haver também uma economia do mercado linguístico. E há quem torture as palavras. Quem detém o poder económico, comunicacional e político pode impor o seu logos. É um fenômeno conhecido pelos estudiosos como “logocracia”. O poder da palavra. O poder pela palavra.

É célebre o diálogo entre Alice e Humpty Dumpty, em que o escritor Lewis Carrol sintetiza a questão da relação entre linguagem e poder.
- Quando eu emprego uma palavra, ela quer dizer exatamente o que me apetecer... nem mais nem menos – retorquiu Humpty Dumpty
- A questão é se você pode fazer com que as palavras queiram dizer tantas coisas diferentes.
- A questão é quem é que tem o poder... é tudo – replicou Humpty Dumpty.

A conclusão é óbvia. Os donos do poder têm a capacidade de fundar o vocabulário do mundo. Se linguagem e pensamento são indissociáveis, então a manipulação da linguagem será a manipulação do pensamento. O colaborador é filhote dessa falsificação. Tanto que a expressão foi assimilada por muitos trabalhadores, que se autodefinem como colaboradores.

A vida dos donos do poder fica mais fácil. Baixar o cacete para submeter os trabalhadores não é o único caminho. Há a linguagem. A estratégia passa por torná-los colaboradores, fazer com que se sintam integrantes de algo maior, domesticar o seu comportamento e conseguir a adesão. Um truque linguístico é coisa simples, mas de longo alcance.

E que tal extrapolar a questão para o plano político? Um partido de trabalhadores que preserve a consciência de classe será sempre uma pedra no sapato dos donos dos meios de produção. Não por acaso que a burguesia brasileira encetou o seu plano: destruir o Partido dos Trabalhadores e impedir que o país volte a ter um governo popular.

Pierre Bourdieu denuncia uma “vulgata planetária - da qual se encontram notavelmente ausentes capitalismo, classe, exploração, dominação, desigualdade e tantos vocábulos decisivamente revogados sob o pretexto de obsolescência ou de uma presumível falta de pertinência - produto de um imperialismo apropriadamente simbólico: os seus efeitos são tão poderosos e perniciosos porque ele é veiculado não apenas pelos partidários da revolução neoliberal”.

Ou como diz o próprio Karl Marx, os integrantes das classes hegemônicas “dominam também como pensadores, como produtores de ideias, regulam a produção e a distribuição de ideias do seu tempo; que, portanto, as suas ideias são as ideias dominantes da época”. Enfim, Bourdieu e Marx apontam para o mesmo destino: é mais fácil de controlar um colaborador, porque alienado ele perde a noção da sua condição de trabalhador.

É a dança da chuva.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Os honestões e o segredo de construir uma imagem na TV

POR JORDI CASTAN
Eles apareceram. Chegou o tempo dos honestões. Não confundir com os honestos, porque esses deveriam se fazer presentes o ano todo, a cada minuto. Mas são tão escassos que há quem ache que foram extintos pela cobiça, a corrupção e o próprio sistema, que não tolera que convivam, no mesmo espaço e tempo, duas espécies tão opostas.

Os honestões são esses animais políticos que pipocam a cada dois anos em eventos, festas, encontros e principalmente nas televisões dos eleitores, amparados pelo modelo eleitoral que estabelece o horário eleitoral gratuito. Ainda que poucos saibam nada ter de gratuito.

Do dia para a noite. aparecem com soluções miraculosas para todos os problemas da sociedade. Se transformam em experts em saúde, segurança ou mobilidade. Dão aula de educação, de planejamento e, por aqui, até temos os que se apresentam como gestores de sucesso.

Na realidade, são encantadores de burros, vendedores de ar quente, promotores do engano e da trapaça. Têm nos iludidos seu público cativo, no eleitor desinformado e facilmente manipulável seus mais ferventes seguidores. Para facilitar sua identificação o blog coloca à disposição dos seus leitores este vídeo que mostra como identificar a alguns destes honestões.



sexta-feira, 27 de abril de 2018

Para que servem as redes sociais? Para xingar, mentir, ofender...

POR LEO VORTIS
A internet revolucionou a esfera pública. Pessoas que antes não tinham um meio de expressão, hoje podem ir para as redes sociais ofender, caluniar, xingar, difamar, odiar. Ok... não era essa a ideia original, mas é o que temos. Aliás, as redes sociais também servem para inventar ou reproduzir notícias falsas. É uma casa de loucos, um autêntico vale-tudo.

“Eu estou certo”...
Nas redes sociais, todos acreditam estar certos e ser portadores da verdade derradeira. Autênticos gênios. Até mesmo aqueles que se “informam” de forma preguiçosa e sem critério. Pergunto: você consegue passar um único dia nas redes sociais sem experimentar algum sentimento de vergonha alheia? Não, certo?

“Não tenho dúvida”.
As redes sociais são um lugar onde a dúvida não existe. As pessoas vivem com inabaláveis certezas, mesmo que sejam as coisas mais estapafúrdias. E ai de quem tentar questionar. Enfim, como anunciava Bertrand Russel, “aquilo que as pessoas de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza”. Exato, sir.

“Você é burro”.
Já notaram como as pessoas mais tapadas são as primeiras a chamar as outras de “burros” ou ignorantes”. É só dar uma olhada nas caixas de comentários da imprensa ou blogs. O “argumentum ad hominem” (atacar a pessoa e não as ideias) é a lógica mais comum. Discutir com esse tipo de gente é jogar palavras ao vento. Afinal, dois monólogos não fazem um diálogo.

“É mentira, mas eu acredito”.
As “fake news”, as mentiras nas quais a pessoa quer acreditar, devem ser o que  há de pior nas redes sociais. Já notaram o tantão de mentiras que todos os dias circulam por aí? O problema é que as pessoas querem acreditar, porque aquilo justifica algum dos seus preconceitos. Mas tem uma boa notícia. True news. Jimmy Wales, um dos criadores da Wikipedia, está trabalhando numa plataforma que vai publicar notícias neutras e baseadas em fatos reais. “Fake news” não entram.

Aliás, deixo aqui alguns conselhos práticos para evitar as fake news. Não interessa para muitos, mas lá vai:
1 – Ver se o URL (o endereço da página) é de uma fonte credível.
2 – Verificar a data, porque há muitas notícias velhas que são requentadas.
3 – Pesquisar se alguma fonte jornalística credível (jornal, televisão, rádio) também está falando no tema.
4 – Pesquisar no Google – usando as palavras-chave certas – para ver se o tema é debatido em outros meios. Usar o mesmo procedimento para saber também os nomes das pessoas.
5 – Estar atento à qualidade gráfica dos posts. Na maioria das vezes, as imagens são mal feitas e o visual é ruim (tudo depende da educação visual do leitor).
6 – Tentar perceber se as imagens não são manipuladas ou falsificadas.
7 – Ver se há mais alguém a falar no mesmo assunto.

E agora, você, que achou isto tudo uma grande inutilidade, já pode ir até a caixa de comentários dizer o quanto eu sou fraquinho.

Por onde anda a nossa querrida prefeito?

POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo.
Eu esdou muita preocupado. Foceis virón a nossa querida prefeito? Xente, parrece que tomou uma chá de sumiço. Ninguém viu, ninguém ouve falar, ninguém sabe de nada. Se alquém sabe onde por onde anda, mande notícias. Serrá que o nossa citade vai ficar à derriva, sem a sua comandante? Entschuldigen! Desculpas. Quando falo em comandante, esdou falando da nossa querrida prefeita, a homem do leme. Nón vamos confundir com a vice-prefeita.

Aliás, por falar na inútil da vice, foceis virón a Scheiße um dia desses?  Que merda! A Hase publicou um notícia falsa nos redes sociais, na Tuíta e na Feicebuque, parra difamar a tal de Quilherme Bolos, que é candidata a pressidente de uma dessas partidos de xente pobre e com mais melanina. Dummheit tut weh! Burrice dói? Xente, acho que a nossa querrida prefeito tem a dedo podre, porque só escolhe vices emprestáfeis.

Fico aqui a pensar com as minhas botões. Talvez a nossa querrida prefeito esteja trabalhando em cassa. Combina. A teletrabalho é coisa de primeirra mundo. E tem o vantagem de não precissar pôr a carro nos ruas e estragar as pneus nas burracas. Xente, que burraqueira! Ou talvez seja uma descanso por tudo de bom que tem feito pelo citade. Nach getaner Arbeit ist gut ruhn. Trabalho feita, descansso merecida.

Gemein Gerücht ist selten erlogen. O que a povo diz à boca miúda sempre tem algo de verdade. Talvez a nossa querrida prefeito tenha desistido de ser a nossa querrida prefeito. Eu entendo. Deve ser uma saco acordar todo dia de madrugada para nón fasser nada. Es hat alles ein Ende, nur die Wurst hat zwei. Quer disser: tudo tem um fim, só o salsicha é que tem dois.

E antes de terminar, vou deixar uma recado para a Ivan Rocha, que publicou um texto aqui a disser que a nossa querrida prefeito é a “prefeito mais inútil do histórria”: Schlafende Hunde soll man nicht wecken. Nón é bom acordar a cão que está dormindo. Achtung.





quarta-feira, 25 de abril de 2018

Coxinhas em Portugal: não estraguem a nossa cultura democrática

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje é feriado em Portugal. É o Dia da Liberdade, como se ensina às crianças nas escolas, ou da Revolução dos Cravos, como ficou mais conhecida em todo o mundo. Mas por que falar de um evento num lugar tão distante do Brasil? Há muitas razões de interesse. Portugal tem sido notícia porque muitos brasileiros de classe média – e são mesmo muitos – decidiram rumar para o outro lado do Atlântico à procura do que pensam ser um novo eldorado.

É um momento sociológico interessante. Ainda não notei pessoalmente, mas tenho lido que começam a surgir anticorpos na sociedade portuguesa em relação a muita dessa gente. Pelo que pude entender, acusam a coxinhada de ter um comportamento pouco condizente com uma sociedade mais igualitária. Eis o problema: no Brasil, essa classe média se considerava superior e agora procede da mesma maneira no novo país. É o jeito errado.

O que isso tem a ver com a Revolução dos Cravos? Não pretendo falar de história, mas de ironias. É importante informar aos coxinhas – que hoje, um belo dia de sol, certamente estão a desfrutar do feriado – que essa foi uma revolução das esquerdas (à qual a direita se juntou, à sua maneira) e na qual os socialistas e os comunistas tiveram papel determinante. Ah... não se estressem. Ser comunista ou socialista em Portugal não assusta.

E temos a grande ironia, em especial para aqueles que no Brasil vivem a pedir a volta dos militares. É que o movimento revolucionário português tinha, entre as suas lideranças,  militares com ideais de esquerda. O quê? Militares de esquerda? Não, não é ficção. Mas é claro que não estamos a falar de “generais de dez estrelas que ficam atrás da mesa com o cu na mão”, como no Brasil. Essa gente sempre disposta a defender privilégios, como as tais pensões para filhas de militares, por exemplo.

É bom viver num país onde ninguém pede a volta da ditadura. Se pedir é reconhecido como maluco. Nem ter que aturar os  “mourões” que por vezes saltam do pijama e vêm para a praça pública ameaçar com intervenções. Aliás, acabo de ouvir na televisão um líder do movimento de abril a pedir mais atenção para a pobreza que ainda persiste. “Onde não há pão não há democracia”, disse. Eis a diferença. Os militares do abril português são uma espécie de reserva moral da nação, enquanto no Brasil eles apenas zurzem ameaças.

É bom viver numa democracia. E deixo um conselho para a coxinhada. Em Roma sejam como os romanos. Tentem aprender a se comportar como quem vive numa numa sociedade com menos desigualdade. Mais do que isso, que se libertem do ideário de apartheid social que insistem em protagonizar no Brasil. E vão perceber que ter saúde, educação, transportes e segurança é bom, mas que é melhor quando é para todos.

Enfim, são todos bem-vindos, coxinhas ou não. Comunistas, socialistas, sociais democratas, verdes, democratas cristãos e outros estão prontos a recebê-los de braços abertos. Mas mudem o mindset. Não venham estragar uma cultura democrática que a Revolução dos Cravos permitiu construir ao longo dos últimos 44 anos.

É a dança da chuva.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Intenções


POR SANDRO SCHMIDT


O buraco da sorte e o prefeito mais inútil da história

POR IVAN ROCHA
Hoje fui premiado no "buraco da sorte" promovido pela Prefeitura de Joinville. Udo Dohler é o prefeito mais inútil que essa cidade já teve.

O cara que não foi capaz de fazer licitação do transporte coletivo, vencido há mais de quatro anos, não fez a licitação do estacionamento rotativo e teve o ex-vereador do mesmo partido preso por causa dessa licitação (aquele apresentador de TV), avacalhou com a iniciativa pública de apoio à cultura de várias formas, além de perseguir movimentos culturais alternativos.


Também é um grande mentiroso ao dizer que colocou as contas da Prefeitura em dia quando está aumentando a dívida com o IPREVILLE como nenhum outro prefeito havia feito. Isso só para citar as coisas mais graves.
 As grandes obras de reforma que diz ter feito foram em maioria de forma emergencial e por isso sem necessidade de licitação.

E o buraco? É só a ponta do iceberg. Para a maioria é a única coisa que aparece da Prefeitura, para quem está ligado na incompetência, é uma lembrança constante desse desastre de "gestón".

Dress for the Moment 3

ET BARTHES

Será que hoje passava pelo crivo do politicamente correto?

Dress for the moment 2

POR ET BARTHES

Dress for the moment 1

POR ET BARTHES