O mundo digital facilita o cotidiano. Mas também complica a vida para as marcas, que precisam estar cada vez mais atentas ao que publicam. Com a internet, tudo tem maior visibilidade. A semana foi marcada pelos protestos e acusações de racismo contra a Dove por causa de um filme exibido no Facebook, nos Estados Unidos.
Numa pela feita para as redes sociais, uma mulher negra tira uma camiseta marrom e, no seu lugar, aparece outra mulher, de pele e camisa claras. O filme não a acaba aqui, mas a confusão é apenas sobre esta parte. Porque há um outro take em que a mulher branca tira a camisa e, no seu lugar, aparece outra mulher, mas de traços asiáticos.
Algumas pessoas não veem racismo. Dizem que os publicitários apenas marcaram touca na montagem do filme. E contra-argumentam. Uma mulher de pele escura sendo substituída por outra de pele clara é racismo, mas uma mulher de pele clara substituída por outra de pele asiática (mais escura) não gera controvérsia.
O fato é que as reações negativas dominaram as redes sociais. Os mais exaltados dizem que é claramente um anúncio racista, uma vez que a mulher negra estaria sendo “branqueada”. As críticas ganharam tamanho eco que a marca foi obrigada a emitir uma nota pedindo desculpas por ofensas causadas. E retirou o post da sua timeline.
O problema é que o fabricante tem um historial nesse campo. Há poucos anos, a marca passou por situação semelhante, quando publicou um anúncio com três mulheres, mas posicionou a mulher de pele escura sob a palavra “antes” e a de pele clara sob a palavra “depois”. Deu rolo. E a marca também teve que pedir desculpas.
E se fosse num país pobre, será que isso aconteceria? Há anos o mesmo fabricante tem um produto chamado Fair & Lovely, comercializado na Índia, que branqueia a pele. Na comunicação, a marca associa o sucesso à cor da pele. Quanto mais clara, melhor. O Fair & Lovely existe há anos e até hoje os países ocidentais nunca se queixaram. O segundo filme (abaixo) é bem claro.