quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não pagou bilhete?

POR ET BARTHES

Numa viagem de trem na Escócia, um dos passageiros optou por viajar sem pagar. Ao ser identificado, alega que já pagou e mostra um bilhete correspondente a outro trecho percorrido. A resposta é rápida e dura “off” (fora!). Inicia-se uma discussão e o fiscal se mantém firme na posição: “fora do trem!”.

Um dos passageiros, revoltado com o fato de que alguém viaje sem pagar, quando ele e todos os demais pagaram pela viagem, se levanta e “convence” o passageiro a descer, para que o trem possa seguir a sua viagem.

O que chama a atenção é o que acontece quando o passageiro que tomou a iniciativa de ajudar a resolver a situação volta ao seu lugar.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Mata os pais por causa do dízimo

POR ET BARTHES

O que certas igrejas fazem é dos diabos. A moça aí no filme é Lineusa Rodrigues da Silva, de 24 anos, de Timon, no Maranhão. Como os leitores poderão ver, é uma pessoa tão crente nos poderes da sua igreja que acabou perturbada. Tanto que matou os pais adotivos porque eles não queriam dar o dinheiro para pagar o dízimo. E ainda amputou a mão dos dois com um serrote. Depois de presa, disse: “Eu fiz por Deus”. Tão absurdo que até parece coisa inventada.


Um tamanduá perdido


POR CHARLES HENRIQUE

Ao ler o texto do historiador Clóvis Gruner aqui no Chuva Ácida semana passada, me deparei com os questionamentos da época em que eu era apenas um graduando em Ciências Sociais, pisando em ovos, e tentando descobrir qual a minha “função” neste mundo capitalista-tecnicista. Afinal, ser cientista social não é uma tarefa fácil hoje em dia. Encontrar um aqui em Joinville é tão raro quanto achar um tamanduá na fauna brasileira.

Pode ser um desabafo - ou apenas um texto para lembrar o dia do sociólogo que foi comemorado neste último sábado, dia 10, mas ao ler este mesmo texto do Gruner, relembrei muito de uma das últimas aulas antes de me formar, quando um professor pediu para comparar a função do cientista social com algum animal. Não tive dúvidas: o tamanduá além de ser raro (sofre um vertiginoso processo de extinção), “fuça” os lugares mais inimagináveis em busca de seu alimento (no caso do cientista é o conhecimento) e é um bicho estranho para os demais. Em Joinville, cidade “industrial” e cheia de ideologias impregnadas, é triste ver que não há a valorização deste profissional, bem como centros acadêmicos que repliquem e construam outros curiosos e descobridores dos porquês das relações sociais. Muitos querem que não haja “ninhos de cupins e formigas” aqui nessa cidade, infelizmente.


Em Joinville, sem generalizar, se você está em busca de conhecimento e de ter uma profissão, o que importa é ir para as exatas ou partir para as “sociais aplicadas” (termo bonito esse, né? as sociais “inaplicadas” seriam o quê?) que terá um vasto campo. Profissionais das ciências humanas dependem da sala de aula para conseguir atuar, até o dia em que outra pessoa de uma formação nada a ver com a condizente dê aulas em seu lugar, seja na rede de ensino regular ou em universidades.

O Estado também não colabora. Na Prefeitura há um ou dois tamanduás. A rede pública estadual chega a colocar qualquer um como professor de sociologia. É triste. Quando trazem universidades públicas para cá, são aquelas que atendem a “vocação” da cidade, ou seja, com um perfil perfeito para o grande capital industrial: formar mão-de-obra para o setor secundário de nossa economia. Ok, a cidade de Joinville tem esse tamanho e “poderio” justamente por ser deste perfil, mas não podemos replicar este modelo cegamente. A variedade de conhecimentos construídos e compartilhados enriquece, ao contrário do modelo vigente, que segrega.

Por isso somos poucos aqui. Se não há um “habitat” propício, muitos migram para outras cidades, e outros, largam tudo. A sociedade não está acostumada. Poucos conhecem e são amigos de um cientista social. Mas há uma luz no fim do túnel, pois vejo em cada dia brotar um pensamento crítico em especial na geografia e na história, ciências que possuem cursos de formação em nossa cidade.

Peço desculpas ao leitor pelo “low profile” deste texto, mas, o barulho tem que ser feito. Não é “puxar sardinha” para um lado ou outro, muito menos preconceito com todas as outras profissões, mas cada uma tem sua parcela de contribuição na sociedade. Aqui em Joinville, muitos não querem que o pensamento crítico aflore e que os questionadores surjam. O Chuva Ácida é um exemplo de que olhares de diversas correntes tenham uma essência equiparada pela visão crítica das coisas. Por isso que faço parte deste grupo e me identifico com todos. O nosso convívio como urbanitas necessita de mais tamanduás para “equilibrar o ecossistema” de Joinville.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Estupro sem direito a aborto

POR ET BARTHES


Tema interessante abordado no programa de televisão The Young Turks. Segundo Cenk Uygur e Ana Kasparian, os apresentadores, o senado norte-americano aprovou uma alteração legislativa que cria a seguinte situação: as mulheres militares que tenham sido violadas e engravidem não podem fazer aborto às expensas do governo. Nos Estados Unidos como no Brasil, os conservadores estão a prestar um desserviço à civilização. O filme está legendado em inglês (infelizmente não há legendas em português), mas os comentários merecem atenção.


No melhor pano cai a nódoa?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

É muito positivo que o governo do Estado crie missões para contatos com outros governos ou empresas no exterior. Os tempos são de globalização e, quanto maior for a integração econômica, melhor será o desempenho. Portanto, pontos para o governo Raimundo Colombo ao promover uma visita a Portugal. Aliás, acho que se der certo, essa aproximação pode ser muito frutífera.

- Mas fica a pergunta. O que fazia o radialista Toninho Neves na comitiva? Seria alguma espécie de especialista em assuntos internacionais indispensável às negociações?

Também é recomendável que o governo estadual envie os seus líderes máximos para esses contatos no exterior. Faz todo sentido que a missão catarinense tenha sido comandada pelo vice-governador Eduardo Pinho Moreira. E foi uma boa escolha a visita à JP Sá Couto, uma empresa de tecnologia que, a investir em Santa Catarina, poderá contribuir com um relevante aporte tecnológico para o Estado.

- Mas fica a pergunta. O que fazia o radialista Toninho Neves na comitiva? Seria alguma espécie de especialista em comércio exterior indispensável às negociações?

Também merece elogios a presença do secretário Marco Tebaldi. Para quem não sabe, a JP Sá Couto produz computadores a preços muito reduzidos. O Magalhães, nome do portátil fabricado pela empresa, foi usado em Portugal no programa de inclusão digital realizado nas escolas. Todas as crianças tinham acesso ao seu aparelho, às vezes gratuito ou então em condições especiais. Se aplicado um plano parecido em Santa Catarina, o sistema educacional só tem a ganhar.


- Mas fica a pergunta. O que fazia o radialista Toninho Neves na comitiva? Seria alguma espécie de especialista em inclusão digital indispensável às negociações?

Ora, não acredito que governo, que fez tudo certo e de forma irrepreensível, deixasse cair essa nódoa no pano. Levar os amigalhaços a passear no exterior é coisa de outros tempos. Já não se usa. Aliás, por mais que procure explicações, não encontraria motivos para a missão catarinense incluir o tal radialista. Porque em termos práticos a sua presença parece tão útil como uma banda de rock numa biblioteca.

Claro, se a viagem fosse bancada pelo governo não haveria ilegalidade. Apenas seria um dispêndio desnecessário em termos de racionalidade econômica e de aproveitamento de recursos humanos. Se é para gastar o dinheiro dos impostos, que seja com alguém que ofereça algum mais-valor às operações.

É improvável que o meio onde trabalha o tal radialista tenha arcado com todas as despesas da viagem. Mas pode acontecer. Se foi esse o caso, fica ainda mais estranho. Porque iria um radialista gastar do seu próprio dinheiro para acompanhar os governantes?