quinta-feira, 16 de agosto de 2018
Donald Trump e a guerra suja contra a imprensa
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Nesta quinta-feira, mais de 300 jornais dos EUA estão a publicar editoriais em defesa da liberdade de imprensa. A iniciativa é uma resposta direta ao presidente Donald Trump, que tem insistido na ideia de tratar a comunicação social norte-americana como inimiga do povo. Sempre que surge uma notícia negativa - e não têm sido poucas - o atual inquilino da Casa Branca acusa a imprensa de produzir “fake news” (mesmo com todas as evidências em contrário).
A insistência nesse discurso já seria suficientemente ruim, mas o presidente tem conseguido convencer muitos dos seus eleitores. E há consequências. Um dos exemplos mais recentes envolveu o correspondente da CNN em Washington, Jim Acosta, que foi hostilizado por uma multidão de partidários de Donald Trump, antes de um discurso do presidente, em Tampa, na Carolina do Sul. “A CNN é uma merda” ou “Foda-se a imprensa” foram algumas das expressões.
A iniciativa dos editoriais partiu do “The Boston Globe” e conta, entre outros, com a adesão do “The New York Times”, “The Denver Post”, “The Philadelphia Inquirer” ou “The Chicago Sun-Times”. A intenção é alertar para os riscos dessa guerra suja aberta por Donald Trump, porque rotular a imprensa inimiga do povo é uma tática considerada perigosa. E anti-americana. Pesquisas indicam que o número de norte-americanos favoráveis ao direito presidencial de encerrar órgãos de imprensa está a crescer, em especial entre os eleitores republicanos.
“A grandeza dos Estados Unidos depende do papel de uma imprensa livre para falar a verdade para os poderosos”, escreveu o “Globe”. A campanha também saiu às redes sociais, com a hashtag #EnemyOfNone (inimigos de ninguém). A adesão foi expressiva, mas nem todos os órgãos de comunicação embarcaram na ideia. O “The Wall Street Journal”, por exemplo, ficou fora da campanha, usando o argumento de que Trump tem direito à sua liberdade de expressão.
É a dança da chuva.
Nesta quinta-feira, mais de 300 jornais dos EUA estão a publicar editoriais em defesa da liberdade de imprensa. A iniciativa é uma resposta direta ao presidente Donald Trump, que tem insistido na ideia de tratar a comunicação social norte-americana como inimiga do povo. Sempre que surge uma notícia negativa - e não têm sido poucas - o atual inquilino da Casa Branca acusa a imprensa de produzir “fake news” (mesmo com todas as evidências em contrário).
A insistência nesse discurso já seria suficientemente ruim, mas o presidente tem conseguido convencer muitos dos seus eleitores. E há consequências. Um dos exemplos mais recentes envolveu o correspondente da CNN em Washington, Jim Acosta, que foi hostilizado por uma multidão de partidários de Donald Trump, antes de um discurso do presidente, em Tampa, na Carolina do Sul. “A CNN é uma merda” ou “Foda-se a imprensa” foram algumas das expressões.
A iniciativa dos editoriais partiu do “The Boston Globe” e conta, entre outros, com a adesão do “The New York Times”, “The Denver Post”, “The Philadelphia Inquirer” ou “The Chicago Sun-Times”. A intenção é alertar para os riscos dessa guerra suja aberta por Donald Trump, porque rotular a imprensa inimiga do povo é uma tática considerada perigosa. E anti-americana. Pesquisas indicam que o número de norte-americanos favoráveis ao direito presidencial de encerrar órgãos de imprensa está a crescer, em especial entre os eleitores republicanos.
“A grandeza dos Estados Unidos depende do papel de uma imprensa livre para falar a verdade para os poderosos”, escreveu o “Globe”. A campanha também saiu às redes sociais, com a hashtag #EnemyOfNone (inimigos de ninguém). A adesão foi expressiva, mas nem todos os órgãos de comunicação embarcaram na ideia. O “The Wall Street Journal”, por exemplo, ficou fora da campanha, usando o argumento de que Trump tem direito à sua liberdade de expressão.
É a dança da chuva.
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Meninos não choram
POR CLÓVIS GRUNER
Um edital de concurso público que selecionará 16 cadetes para a Polícia Militar do Paraná virou notícia nacional na segunda (13). É que entre os critérios da avaliação psicológica, responsável por analisar se os candidatos têm o perfil adequado para a função, aparecia “Masculinidade”, entendida como a “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades, não emocionar-se facilmente, tampouco demonstrar interesse em histórias românticas e de amor”.Ainda segundo o edital, a “masculinidade” do candidato ou da candidata – já que, ironicamente, a seleção é aberta também a mulheres – deveria ser apresentada em grau maior ou igual a regular. Com a repercussão, a PM paranaense decidiu retificar o edital, substituindo o critério por “Enfrentamento”, descrito mais sucintamente como a “capacidade de o indivíduo em não se impressionar com cenas violentas, suportar vulgaridades e de não emocionar-se facilmente”.
Em “História das lágrimas”, a historiadora francesa Anne Vincent-Buffaut mostra como um certo padrão de masculinidade é forjado e naturalizado principalmente ao longo do século XIX. Em substituição ao aristocrata dos séculos anteriores, de quem se esperava, além de alguma vaidade, a capacidade de externar sentimentos, o homem burguês do oitocentos é duro, frio e refratário às emoções.
Não se interessar por “histórias românticas e de amor”, leituras por demais femininas, era parte desse novo padrão de masculinidade, talhado para um espaço público representado como um lugar de disputa e de constante concorrência. Mas essa associação obtusa entre masculinidade e agressividade, ainda que grave, me parece o menor dos problemas. Mais delicada é a concepção de polícia que ela revela e, por consequência, aquilo que o governo espera dos novos policiais.
Precariedade e desumanização – Nesse sentido, tão significativa e preocupante como a “masculinidade”, é a baixa exigência para critérios como “Amabilidade” (“Capacidade de expressar-se com atenção, compreensão e empatia (...) buscando ser agradável, observando as opiniões alheias, agindo com educação e importando-se com suas necessidades”); “Liberalismo” (“Capacidade de abertura para novos valores morais e sociais”) ou “Busca por novidades” (“Capacidade de vivenciar novos eventos e ações”), por exemplo.
A rigor, o edital de agora reverbera a intenção, que não é nova, de que policiais militares sejam focados em seguir comandos sem considerar a natureza da ordem – como, por exemplo, massacrar docentes e discentes em praça pública: em 2012, ao rejeitar a exigência de curso superior para ingresso na PM, o governador Beto Richa associou a formação universitária a um possível aumento na insubordinação. Estamos a falar de um governante que já manifestou inúmeras vezes seu desprezo pela educação, mas sua fala encontrou resistência mesmo entre alguns oficiais.
Não se trata, obviamente, de uma concepção restrita ao governo paranaense. O modelo militarizado, herança da ditadura e consagrado pela constituição de 1988, é um dos responsáveis pela criação de uma das mais violentas polícias do mundo. Uma truculência, inclusive, que não se traduz em resultados: apesar dos gastos exorbitantes em segurança pública – em 2016 foram 81 bilhões de reais investidos –, seguimos assistindo a escalada enorme das muitas formas de violência.
A policial é uma delas. E não há sinais de recuo, entre outras coisas porque os governos e muitos eleitores, além de um certo candidato, esperam da polícia que ela defenda, principalmente, a segurança do Estado e promova uma guerra constante contra direitos e liberdades que deveria, justamente, garantir. A desumanização dos policiais, que começa com os baixos salários e as condições precárias de trabalho, e se desdobra na exigência de que se comportem como sociopatas, não é acaso ou deslize. É um projeto.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
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